domingo, 28 de novembro de 2010

A opinião e os blogues

Cada um terá as suas razões para desenvolver as acções que se propõe levar a efeito. Assim acontece com esta coisa a que chamamos blogues, porque ainda não encontrámos forma apropriada para designar esta coisa na nossa própria língua. Também na língua, como em muitos outros aspectos, estamos a ficar cada vez mais pobres e menos criativos. 
Na verdade, um blogue pode ter muitos e diversificados aspectos e ser feito com as mais diversas intenções: o exibicionismo, a manifestação desenfreada dos nossos fantasmas, a presunção de que somos senhores da verdade, a tolice de nos pensarmos engraçadinhos, ou a simples tentativa de exibirmos para os outros aquilo que, sendo os nossos interesses, julgamos que podem e devem ser os interesses de toda a gente.
Mas, pode também acontecer que seja algo de tão simples quanto isto: usar o blogue como uma maneira de evitar cometer erros que censuramos nos outros com quem convivemos. Vivemos um tempo em que muito se fala. E, muitas vezes, fala-se pensando pouco naquilo que se vai dizer. Daí que, alguns podem ver nesta forma de expressão uma maneira de reflectirem sobre acontecimentos, casos e pessoas, organizando assim a sua opinião e o seu pensamento.
Outros, podem apenas ver nesta forma de expressão, uma maneira de partilharem com outros os seus interesses, os produtos da sua imaginação ou da sua arte.
Há ainda os que, por exibicionismo ou vaidade, procuram apenas uma forma de notoriedade que, provavelmente, não conseguem alcançar no âmbito das suas relações pessoais ou das suas vidas profissionais. 
Enfim, como quase tudo o que é humano, predomina a variedade das formas e das intenções. Claro que estas determinam a maneira de estar e de agir neste universo que se designa, à falta de melhor, como a blogosfera. E isto reflecte-se também na atitude para com os comentadores e comentários que vão aparecendo à procura de interacção com os gestores desta forma de comunicação.
Tenho para mim que o blogue é uma forma particular e privada de comunicação. Por isso, assumo frontalmente a decisão de não deixar que outros se sirvam daquilo que me pertence para exibirem ideias, opiniões ou atitudes que eu, por princípio, repudio. E não me venham com o fantasma da censura. Trata-se apenas de defesa da minha maneira de entender os princípios que devem orientar as relações entre as pessoas. Para já, confesso que, mais rapidamente elimino um comentário insultuoso do que um que contradiga as minhas ideias.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O anonimato

Há um tempo atrás, não entendendo bem o significado do que li, publiquei um comentário que provocou uma resposta muito violenta de outro leitor que até se identificava. Percebi então que tinha deixado passar uma coisa que vai contra os meus princípios, ou seja, o texto continha insultos e ataques feitos de forma gratuita, mal educada e não fundamentada. Só que a resposta, ainda que identificada, era ainda mais insultuosa. Tomei a atitude que me pareceu mais acertada: retirei de imediato o anónimo e não publiquei o identificado que, de forma grosseira, insultava.
Isto, para mim, coloca mais uma vez a questão do anonimato em que penso com alguma frequência.
Em princípio, de forma pouco pensada, resolve-se o problema dizendo: o anonimato é coisa de cobardes. Mas será de facto? Será assim tão simples de arrumar uma questão que envolve alguma complexidade? E, quando o anonimato é utilizado respeitando princípios morais, obedecendo a regras de respeito e de consideração pelos que nos lêem e pelos que respondem ao que escrevemos?
E, quando o anonimato é uma demonstração de humildade, pois apresentamos as nossas ideias e renunciamos a receber os elogios daqueles que apreciam e aprovam o que escrevemos?
E, quando queremos apenas ter a liberdade de expressar o que pensamos sem ter de atender aos compromissos e limitações que todos sentimos da parte daqueles com quem nos relacionamos?
Pensando nisso, chego muitas vezes à conclusão de que não teria escrito certas coisas se soubesse que, no dia seguinte, teria de enfrentar os comentários dos meus amigos, dos meus familiares e dos meus companheiros de trabalho. Tenho também a certeza de que alguns iriam tentar influenciar-me para que escrevesse o que mais lhes convinha, enquanto que outros pensariam com desconfiança se era mesmo eu que escrevia, talvez por não me acharem com competência.
Aos que associam o anonimato a cobardia, respondo que considero muito pouco inteligente arrumar a questão com tanta ligeireza. O anonimato, em si mesmo, não é nem deixa de ser cobarde. Cobarde pode ser a maneira e a intenção com que se usa o anonimato. Como cobarde é o que, de cara descoberta, intriga, calunia, difama, mentindo intencionalmente com o objectivo de prejudicar e desacreditar os outros.

domingo, 21 de novembro de 2010

Haja coerêencia!

A Fenprof acusa o Ministério da Educação de ilegalidades e ameaça recorrer aos tribunais. E a que se deve esta atitude desassombrada e corajosa duma tão prestigiada instituição?
Diz a Fenprof que, devido às ilegalidades que estarão a ser cometidas no âmbito da avaliação do desempenho docente, pois que o ministério não sabe como aplicar o actual modelo de avaliação, há razão para, em defesa dos direitos da classe, exigir a suspensão imediata da avaliação. 
Estamos mais uma vez perante uma situação que de tão habitual começa a suscitar falta de pachorra para aguentar estas questiúnculas e reclamações. 
Torna-se cada vez mais frequente a insuportável situação de tudo se exigir em termos de direitos e em nada se ceder no que respeita à aceitação dos deveres. Para mim que, desde há muito e constantemente, sou avaliado pela entidade patronal que me contratou, cada vez mais me parece absurda esta recusa sistemática dum grupo profissional aceitar que a avaliação é um direito de quem nos contrata e um dever de a ela nos submetermos, nós que somos os contratados. E, digo desde já que, por tudo o que tenho lido e ouvido, é cada vez mais para mim uma convicção que os professores não aceitarão qualquer tipo de autêntica avaliação por não quererem abdicar do seu privilégio de poderem agir profissionalmente sem se sujeitarem a uma apreciação da qualidade e do valor do trabalho que produzem. Sendo este trabalho uma questão de grande importância em termos sociais e com grande peso na preparação das futuras gerações, torna-se-me difícil entender a persistência em recusar um dever essencial para o desenvolvimento desta sociedade e deste país.
Por que não tomam a atitude que me parece mais coerente de cumprirem primeiro e, depois, apresentarem as reclamações e as sugestões de alteração que lhes parecerem justas?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ou há moralidade, ou...

Neste diferendo entre as autarquias e o governo, por causa das dívidas, há coisas que, bem analisadas, não fazem o menor sentido. Ou será que fazem sentido demais?
Senão, vejamos: 
O senhor Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), protesta exaltadamente porque o governo deve às autarquias 176 milhões de euros, sendo que nesta verba se incluem os 76 milhões que dizem respeito às questões relacionadas com a educação.
Com base nisto, o senhor presidente da ANMP, ameaça com "a intenção de várias câmaras devolverem ao ministério a gestão das escolas" e sugerindo que "negociar com o Estado, só com o dinheiro na mão".
Ponhamos de parte a averiguação de quem terá ou não razão, sem ignorar que os responsáveis pelo Ministério da Educação protestam, apresentando argumentos comprovativos de que as dívidas têm sido regularmente liquidadas.
Perante esta questão, ocorre-me um velho provérbio que diz: "Quem não for justo, não deve clamar por justiça". E isto porque, segundo dados revelados no Parlamento, em sessão da Comissão do Orçamento e Finanças, "a 30 de Julho, as autarquias tinham dívidas a fornecedores no valor de 2.600 milhões de euros. Ora, diz o povo que "quem deve, não tem razão para exigir que lhe paguem" e que "não se deve estender a perna para além do lençol". Por outro lado, porque não aplicar aos municípios a "lei" que eles ameaçam aplicar ao governo? Ou seja, deveriam os fornecedores impor o crédito zero e passarem de imediato a só fornecer às autarquias aquilo que pagassem com dinheiro à vista.
É que nisto, fica-se com a impressão de que, no que respeita a dívidas, o senhor presidente da ANMP propõe dois pesos e duas medidas que se traduzem noutros ditados populares:
- Para os seus devedores, "no que tiveres de pagar, não te faças demorar";
- Para os seus credores, "pagar e morrer, o mais tarde que puder ser".

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tenham juízo!

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), continua a sua campanha de guerrilha contra o governo, esgrimindo razões em favor da sua tese de que este não paga às câmaras municipais, enquanto do governo sempre respondem que estão a ser cumpridos todos os compromissos.
Para além de saber quem tem razão, não podemos deixar de ter em atenção o seguinte: parece que toda a gente anda mais preocupada em acusar os outros pelo que não fazem do que em cuidar de cumprir as suas obrigações. Não caberá aos presidentes das câmaras terem a capacidade e o discernimento para continuarem a resolver os problemas das populações que os elegeram, em vez de andarem em politiquices em favor dos partidos em que estão inscritos?
Ainda há dias, num debate entre jornalistas na rádio, um deles dizia que era tempo de, em vez de se andar a gritar porque existem problemas, se deviam mostrar os casos daqueles que estão a encontrar soluções para os resolver. Sim, porque, de facto, como se pode aceitar que os presidentes de câmaras reclamem aos gritos mais dinheiro para alimentar e transportar as crianças das escolas e para apoiar os sectores mais carentes da população, sendo escandalosamente notório que gastam descontroladamente rios de dinheiro em festanças e outras alarvidades?
Apetece dizer a tais figurões: tenham juízo! Cumpram aquilo para que foram eleitos! Porque, se cada um de nós fizer um esforço para resolver os problemas que são de todos, a crise poderá ser vencida. De outro modo, resta-nos assistir passivamente ao desvario destes senhores que, na sua ganância e estupidez, nos estão a arrastar para o abismo.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E nós por cá?

Lê-se em Três Paixões que:
"O Presidente Rondão Almeida revelou que em 2011 haverá cortes no orçamento municipal no que respeita a festas e eventos. Carnaval, festas, animação das noites de Verão e Expo São Mateus irão ver menos dinheiro disponível para a sua realização, com uma redução de 50%." (Aconselho que leiam todo o texto)

Na verdade, se há vários estilos e modos de fazer política, sendo certo que o populismo é um deles, não é menos verdade que, em todas atitudes, opções e comportamentos políticos, podemos distinguir os que tomam opções acertadas, adequadas e inteligentes e os que, sem cuidar de razões, nem atender às circunstâncias, são incapazes de mudar o seu rumo, caminhando tonta e alegremente para o abismo. Os tempos não estão para tolas ilusões. A crise está aí instalada e afecta todos os sectores da sociedade. As câmaras municipais vão ser fortemente penalizadas, não apenas pela redução orçamental que já sofreram mas, sobretudo, pelos hábitos de despesismo, pela impunidade de que têm gozado, a fazerem apenas aquilo que lhes dá na gana e que lhes parece servir os seus mesquinhos interesses. Para estes, o perigo é evidente: vão acordar tarde demais, quando já não for possível qualquer remédio.
Tomando as coisas por esta perspectiva, faz sentido lançar uma pergunta que é um alerta:
- E nós por cá?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Talvez porque é Outono

Hoje, o dia amanheceu com um céu de chumbo, um cinzento carregado que nos tira a vontade de fazer seja o que for. Precisamos de encontrar ânimo para ultrapassar um dia assim. Ainda por cima, uma chuva miudinha carregou mais a nossa tendência para nos sentirmos deprimidos.
Passei os olhos pelos diversos blogues. Parece que, também eles, estão com falta de entusiasmo, algo abatidos por este Outono que começa a anunciar o frio de Inverno que se aproxima. Um dos blogues fala do Orçamento Participativo. Também eu, que passei por todas as sessões, pude constatar a falta de adesão e de entusiasmo participativo. No dos empresários ainda houve um arreganho de oposição manifesta, muito bem contestada pelos responsáveis pela animação da sessão. De facto, quem tem telhados de vidros... deve esconder a mão e a pedra para não se expor a apanhar pedradas. 
Nessas sessões, pode-se constatar que, em Campo Maior, há um défice de capacidade democrática para a intervenção. Foram muitos anos de quero, posso e mando e de muita acção mais para adormecer do que para estimular a participação das pessoas de forma a colaborarem na resolução dos problemas colectivos. Vai ser precisa muita paciência e muita insistência para que renasça a vontade de intervir. 
Para isso, ponham-se de parte essas tontas manifestações de suposta animação e promovam-se coisas que vão ao encontro da inteligência e das capacidades das pessoas. É esse o caminho que me parece certo para, de forma consolidada, se construir um futuro para esta comunidade. Sem isso, estaremos condenados à "apagada e vil tristeza" em que nos estamos a consumir.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Associação das Festas do Povo

Está prevista para hoje a eleição dos novos corpos sociais da Associação das Festas do Povo de Campo Maior. Eis que, o que parecia já finado de todo, regressa à vida. Vamos ver com que genica e ganas para dar continuidade a uma tradição, talvez a mais importante da cultura campomaiorense.
Para já, pelo que é possível avaliar neste momento, não se adivinham grandes novidades. O pessoal da Delta é dominante na lista apresentada. Em princípio, não há mal nisso. Entre esse pessoal estão alguns dos mais capazes para levar a bom porto a finalidade prioritária da Associação: promover a realização das Festas.
As grandes dúvidas consistem na oportunidade e nas condições em que estas poderão ser realizadas, a confirmar-se a data de 2011. Isto porque, atendendo à conjuntura de crise que atravessamos, será o peso comportável pela autarquia e pela população de Campo Maior?
Por outro lado, haverá vontade suficiente das pessoas para empreenderem essa grande tarefa que é fazer as flores e os outros elementos decorativos para as ruas?
Num tempo em que estamos empenhados em compreender e discutir o proclamado Orçamento Participativo, não seria de ensaiar uma forma ainda mais autêntica de participação democrática realizando um referendo a sério sobre a oportunidade de realização das Festas? Ou preferem tomar a sério o que não passou de um mero acto de propaganda a que chamaram sondagem, feito na Feira?
Talvez convenha ter uma atitude mais ponderada e responsável perante uma decisão que acaba por envolver, directa ou indirectamente todos os habitantes de Campo Maior.
Não basta proclamar que as Festas se fazem quando o Povo quer e depois tudo ser decidido por uma minoria, ignorando a verdadeira vontade do Povo.
E atenção: um referendo, autenticamente democrático não se faz em assembleias por votação de braço no ar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Que raio de vida esta!

Às vezes, há actos que nos afectam tão profundamente que nos levam a proceder de modo a nos sentirmos depois pouco satisfeitos com aquilo que fizemos.
Sei bem que, como todos nós, tenho que sujeitar-me a coisas que vão contra a minha maneira de ser e de entender as coisas. Fico então tão zangado comigo mesmo que nem consigo consolar-me dizendo que não podia ter feito de modo diferente...
Enfim... o que passou, passou e há que seguir em frente porque o que não tem remédio remediado está. Por mais que me custe, tive que aturar aquela maldita festança, aquela demonstração de irresponsabilidade, de insensibilidade e de descaramento. Toda aquela gente se empanzinava com uma indiferença chocante perante esta situação em que vivemos, tão aflitiva e tão ameaçadora para tanta, tanta gente. 
Por causa da falta de coragem para recusar a participação naquela situação tão lamentável, passei o que restava do longo fim de semana a remoer a revolta e a repugnância que tudo aquilo me provocou. Estava tão zangado comigo mesmo que não conseguia pensar direito.
Por isso, resolvi ficar quieto até que tudo isto me passasse.
Há gente que consegue divertir-se quando sabem que os outros sofrem?
Há gente capaz de tanta indiferença?
Hoje, regressando ao trabalho normal, pareceu-me ver nas atitudes de outros, sinais de que estavam a sentir algo parecido com o que eu sinto. Por isso, pensei que seria melhor deitar cá para fora, neste escrito, toda esta revolta.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ganhar juízo

Um bom amigo que muito estimo, tanto insistiu que me fez sair de casa à noite, para um copo. Há muito que o não fazia e confesso que logo me arrependi de o ter feito. Talvez tenha sido azar. Mas tivemos de aturar cada "melga" que não aguentei e, passado pouco tempo, já só pensava em livrar-me de tudo aquilo, quanto antes.
Não há dúvida... perdi a capacidade de aguentar certas situações. Há gente que enfia copos apenas para ainda ter maior capacidade de bolsar disparates e exibir a sua infinita estupidez.
Assim, eis-me de volta a casa com esta incómoda sensação de ter desperdiçado tempo que teria aproveitado para ouvir música, ler e escrever, ou seja, para fazer coisas que seriam do meu agrado.
Bom... estou mesmo tão danado que prefiro ir dormir e esquecer este episódio.
Amigo Zé: acho que não me voltas a apanhar noutra. Para a próxima será à minha maneira: vamos jantar num lugar sossegado e pôr a conversa em dia.
Já me disseste quanto te espanta esta atitude, vinda de mim que, noutros tempos tanto apreciava a "noite". Pois é... o problema é mesmo esse. Sinto que perdi tanto tempo inutilmente, que isso deixou de ter para mim qualquer interesse. Olha: se calhar tens razão! Estou mas é a ficar velho! Eu prefiro pensar que comecei a ganhar juízo.