quarta-feira, 7 de novembro de 2012

DA VIDA E DA MORTE

O profundo luto em que encontrei um amigo que me é muito ligado pelo afecto, pôs-me a pensar nesta inevitável circunstância que é o inevitável fim da nossa existência.Quando a morte atinge prematuramente, acompanhada de sofrimento, alguém que nos é muito querido, provoca em nós dor, revolta e um profundo sentimento de irremediável perda. 
É minha convicção que o homem, tal como o concebemos,  nunca vencerá esta inevitável contingência. Mas, estou também convicto que continuará a dar passos cada vez mais largos, para alargar o seu seu tempo de vida.
Tanto quanto hoje podemos entender este problema, a morte é o destino inevitável de tudo o que tem vida.
Claro que nascemos para viver. E, isso, é por vezes bom e, outras vezes, nem tanto...
Mas uma coisa é certa: nascemos com os pés virados para "a cova". Para alguns, nos quais me incluo, é coisa que tem de ser encarada como natural e inelutável. Outros há que encaram a morte como algo que os atormenta.
Contudo, nada se pode fazer: tudo o que nasce tem um fim.
Mas confesso que me é mais fácil aceitar o meu fim do que o dos que me são queridos.
Para mim a questão não me provoca angústia. Prefiro pensar que, em cada dia que passa, devo manter a atitude de cumprir aquilo que me parece que devo fazer, aceitando que errei e voltarei a errar muitas vezes. Mas, procurando que assim aconteça porque não tive capacidade para o evitar e nunca pela intenção de me favorecer.
Esta foi a opção que adoptei e com ela tento viver de bem comigo e com os outros, convencido de que será a melhor maneira de por cá andar enquanto vida tiver.

sábado, 3 de novembro de 2012

POLITICA E CIDADANIA



SE É CERTO que a política é uma ciência que se estuda e ensina, da qual, devo começar por dizer, não tive escola, a política partidária afigura-se-me como uma arte que visa adaptar a dita ciência ao sabor de interesses, nem sempre confessados, pela qual nunca me senti atraído e pela qual me não deixei envolver, logo ensinada às juventudes partidárias e bem aprendida por estas, como está bem à vista, e apenas para citar dois exemplos, na actuação de dois dos seus rapazes mais brilhantes, bem parecidos, bem falantes e convencidos, mas sem a imprescindível preparação e experiência de vida: o que recebeu de nós a missão de governar e o que, por direito e dever, assume o principal papel da chamada oposição.
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A cidadania nasceu, fundamentada na liberdade, na igualdade e na fraternidade.
A liberdade, por enquanto, está bem de saúde e recomenda-se. Conquistámo-la nós, portugueses da minha geração, há quase quatro décadas, não o esqueçamos, graças aos capitães de Abril, com cravos nos canos das espingardas. Essa liberdade temos sabido defendê-la e conservá-la e uma das evidências dessa sabedoria foi dada pelas centenas de milhares de homens e mulheres de todas as idades que, no último Sábado, saíram civilizadamente à rua, por todo o País, numa manifestação de maturidade e cidadania ímpares.
Porém, a igualdade e a fraternidade estão cada vez mais longe de atingir o patamar eticamente exigível e legitimamente esperado pela esmagadora maioria dos povos e, entre eles, os portugueses, que o mundo do dinheiro na sociedade dita do desenvolvimento tem vindo e continua a negligenciar ou, pior ainda, a explorar. 

Uma das formas de combater as flagrantes desigualdades e injustiças que, ao invés das esperanças de Abril, têm vindo a agravar-se, é alargar a cidadania onde for preciso, criá-la onde ela anda esquecida, e encorajar o cidadão a fazer pleno uso dela, como contribuição pessoal no tecido social de que é parte. Neste capítulo estamos no bom caminho. Vamos em frente! E que cada um se regozije e envaideça com a expressão inteligente e ordeira da unidade de um povo que mostrou no passado dia 15 de Setembro.
Com esta grandiosa manifestação, Portugal deu ao Mundo uma grande lição de cidadania.