quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Da ciclicidade da vida

"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma decadência de espírito", escreveu Eça de Queiroz nas "Farpas", em 1872.

Lida assim, descontextualizada, a frase de Eça faz-nos pensar se a História não será um eterno retorno, de tal modo determinadas situações e assemelham. 
Bem vistas as coisas há uma certa verdade nessa aparente repetição. De facto, as sociedades humanas não se desenvolvem linearmente  e muito menos em círculos fechados, voltando constantemente ao ponto de partida. O mais apropriado será pensarmos que a evolução, sendo contínua, se desenvolve espiralmente. Ou seja, tudo começa por uma fase de crescimento até atingir um ponto máximo, a partir do qual começa a declinar até ao seu desaparecimento. Mas o que parece o fim, é também o recomeço de um novo ciclo. 
O problema é que os fins de ciclos são tremendamente trágicos e dolorosos para alguns dos que têm de os viver.
Em tudo o que faz, o homem deixa a marca fundamental das sua existência: nascer; crescer; declinar; morrer.
A esperança consiste em perceber que se cada um de nós está condenado a desaparecer, os que se nos seguem poderão ter um viver cada vez melhor. Ora, o grande problema é conseguir acreditar nisso quando se está a viver um fim de ciclo como aquele em que nos encontramos nos tempos que correm. 

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