segunda-feira, 18 de março de 2013

DESILUSÃO?




Há verdades que, nem são simpáticas, nem fáceis de entender. Mas, porque são importantes, necessitam de ser ditas e reditas até que haja cada vez mais gente capaz de as entenderem e de as tomarem em consideração. Uma dessas verdades ajudará a compreender porque é que tantos se dizem, actualmente, desiludidos da democracia.
Ora bem: vejamos de que gente se trata começando por analisar o entendimento que esses desiludidos têm do que seja democracia. Será que alguma vez a entenderam como o sistema social e político que se baseia em princípios como a Liberdade de opção e de expressão, a Igualdade perante a lei e de acesso a todos os estatutos e oportunidades de promoção e a Solidariedade que deve unir todos, quando se trata de garantir os direitos de cada um?
Ou será que muitos desses que hoje proclamam a sua desilusão com a democracia a entenderam apenas como a oportunidade que lhes foi dada de acederem a situações de vantagem, de fortuna e de bem-estar com o mínimo de esforço e com o máximo de proveito?
Se a nossa memória não for falseadora ou curta, qualquer um de nós pode facilmente lembrar tantos que, agitando bandeiras e proclamando fingidas convicções, tentaram obter o máximo de vantagens, proclamando direitos e desprezando deveres.
De facto, a democracia como sistema político, é de todos o mais perfeito a nível dos princípios e o mais frágil e falível no que respeita às acções de defesa que desenvolve e às acções de ataque que permite. 
O mal da democracia é ser por demais permissiva e pecar por tão pouco vigiar, julgar e castigar os que dela se servem, gerando com os seus abusos as razões e condições que colocam em risco a própria democracia. 
 Claro que, na actual conjuntura, muitos encontrarão razões para grande frustração. Afinal apostaram muito nesta gente que, atingido o poder, deitou fora declarações e promessas e que, com a sua enorme incompetência e cega obstinação, estabeleceu a desgraça generalizada a que estamos a assistir. 
Porém, bem vistas as coisas, não se tratará de estarem desiludidos com a democracia. Na verdade, estarão mas é carentes de oportunidades desejadas e não concretizadas. Estarão mesmo numa situação de quase ressaca por se verem destituídos das benesses e mordomias a que estão habituados.
Descontentes estão, com plena razão, os que se encontram desempregados, os que se vêem privados de parte dos seus rendimentos, os condenados a salários, pensões e reformas de miséria. Mas estes não estão desiludidos da democracia. Estão irados e revoltados por não serem respeitados os princípios e deveres que devem orientar os que foram democraticamente eleitos pelo povo para que governassem em defesa dos seus direitos e com salvaguarda dos seus interesses e necessidades fundamentais.

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