terça-feira, 17 de maio de 2011

A falta de memória deste tempo que é o nosso

Na sua coluna O tempo e a memória, no DN de 17 de Maio, Mário Soares num texto intitulado Portugal vai mal mas a União Europeia, pior, escreve que uma das causas do pessimismo dos portugueses perante a situação actual, se deve ao "autismo de alguns políticos e economistas".
Acho que tem inteiramente razão e leva-me a acrescentar que esse autismo é tão grande que os leva a ignorarem e apagarem da sua memória factos bem recentes que se tornam indispensáveis para compreender a situação com que nos confrontamos. Basta ver o chocante realismo com que, no documentário Inside Job (A Verdade da Crise), são explicadas e desmascaradas as manobras da incrível ganância e total  falta de escrúpulos com que os tubarões  dominaram o jogo financeiro a nível mundial, para percebermos como as encenações politiqueiras que se estão a desenvolver no cenário eleitoral em que esta inúteis e inexplicáveis eleições, lançaram o nosso país. 
Tudo vale para se atacarem, para ganhar vantagem, para assegurar esta insana vontade de poder que os leva a uma corrida louca que parece querer arrastar-nos a todos par o abismo.
De repente uma amnésia total varreu tudo do espírito desta gente. Até parece que não houve no, tão próximo ainda, ano de 2008, uma crise global em resultado do desabar do sistema financeiro com um custo de mais de 20 triliões de dólares de que resultou o desemprego e que implicou a perda das suas casas e de outro bens essenciais, de muitos milhões de pessoas.
Parece que nada disto foi real. O que interessa é apontar a dedo a responsabilidade e a culpa dos adversários para com isso conseguir a sua desmoralização e ganhar assim a votação que lhes assegure a pose do almejado poder.
Como se todos eles não tivessem sido "cegos, surdos e mudos" para os avisos de alguns, muito poucos, aliás, que alertavam para o perigo de embarcar na barca de sonho da vida fácil, na obtenção do máximo de vantagens com o mínimo de esforço...
E a verdade é esta: sem consciência dos erros e sem assunção de culpa, não há que esperar regeneração.
Pouco há a esperar de quem entende a política apenas como ambição e sem qualquer preocupação para analisar as causas a fim de poder engendrar as melhores maneiras de enfrentar os problemas.

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