sexta-feira, 28 de maio de 2010

OS VADIOSOS


A língua portuguesa precisa que, de vez em quando, se lhe faça algum acrescento inventando palavras para dizer coisas que de outra maneira não ficariam tão bem ditas. Assim acontece com a palavra que consta no título e que pretende designar certo tipo de jovens que existem na nossa terra e que, de tanto se pavonearem, acabam por dar nas vistas.
Os vadiosos começam muito cedo a sua carreira. Começam-na quando ainda frequentam a escola e, alguns deles, têm tal vocação para a desempenhar este papel que procuram desempenhá-lo até ao mais tarde possível. Definem-se como seres que resultam duma mistura transgénica do vadio com o vaidoso. Daí resulta a sua tendência para nada fazer e a sua grande preocupação com a sua aparência.
O vadioso não gosta de ter obrigações e é alérgico a compromissos. Detesta “dobrar a mola” como se costuma dizer. Foge do trabalho “como o diabo foge da cruz”. Ainda muito novo, é vê-lo ir para a escola gingando, de mãos a abanar, sem livros, sem cadernos, lápis ou canetas. Ele nem sequer tem mochila. Isso é para totós! Ele, não vai para a escola aprender. Vai para conviver, para se divertir, para andar com as meninas. Muito cioso da sua aparência, ele não se veste segundo o gosto, mas pela moda. Ele não veste roupas, mas marcas.
Quando, por ter mais idade, abandona a escola, passa a frequentar os bares, cafés e esplanadas. Alguns ainda persistem na escola, mas em regime nocturno. Aliás, o bom vadioso prefere a noite ao dia. O bom vadioso é noctívago, preguiçoso e parasita. O bom vadioso não nasceu para produzir, nem para servir. Nasceu para servir-se e usufruir daquilo que os outros produzem.

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