Aproxima-se o momento de celebrar o Carnaval. É festa que não vai muito a jeito do meu feitio, mais a atirar para as coisas calmas, sem grande agitação e sem barulho. Mas, enfim, cada um gosta do que gosta e, tal como não consinto que interfiram nos meus gostos, também não me acho no direito de censurar os gostos alheios.
Contudo, há uma coisa que me preocupa e na qual acho que tenho o direito de interferir: a maneira como a autarquia, nos últimos anos, tem participado na realização destes festejos, parece-me absolutamente despropositada por excessiva, sobretudo no que respeita aos dinheiros gastos.
Se é verdade que cada um tem o direito de se divertir, desde que com isso não prejudique os direitos dos outros, é também verdade que cada um deve suportar as despesas que as suas diversões implicam. Por outro lado, convém esclarecer o seguinte: há terras onde se compreende que as autarquias invistam dinheiro na realização do Carnaval, porque se trata de um investimento para fomentar o turismo que garante retorno financeiro que vai dinamizar a economia local.
Ora, sejamos honestos, isso não acontece no caso de Campo Maior. Aqui, o retorno que se procura é outro: é obter vantagens políticas de apoio popular aos que promovem as realizações. E aí é que bate o ponto. Isto não é legítimo e é moralmente censurável. Porque não têm uns o direito de se beneficiarem gastando o dinheiro que é pago por todos nós através dos nossos impostos.
Há a tudo isto que acrescentar a evidência da situação presente: vivemos em tempo de grande crise e o nosso município é dos que debate com problemas financeiros. Não faz sentido andar a pedir sacrifícios e contenção de despesas para certas actividades e depois gastar largamente com outras actividades de interesse social e valor cultural muito discutível.
Sinceramente, espero que o bom senso predomine. Os bons exemplos devem vir de cima.