Meu caro:
Desculpa lá, mas conhecemo-nos há
bastante tempo e bastante bem e não me dá jeito nenhum tratar-te por Senhor
Presidente, embora tenha muito orgulho em que tenhas conseguido lá chegar. Acho
mesmo que o mereces e considero que tens feito um óptimo lugar.
A razão por que escrevo estas
linhas é a seguinte:
Aquele placard electrónico que
mandaram colocar no topo da Avenida está a levantar algumas dificuldades ao meu
entendimento.
Em primeiro lugar, não consigo
entender em que medida o investimento feito se justifica tomando em
consideração o benefício que, de tal decisão, se pode retirar.
Depois, até aceitei inicialmente a
decisão, porque o écran foi voltado para o interior do jardim e, pensei que
assim permitia que as pessoas que iam por ele circulando ou que se sentavam nos
bancos, podiam ir sendo informados sobre o que ia acontecendo ou estava para acontecer
na vida da vila.
Quando mudaram a sua posição e
voltaram o écran para o exterior, pensei que era uma decisão temporária para o
período em que durasse o “Jardim de Papel”, pois as decorações lhe tiravam
visibilidade. Mas, a medida que eu julgava temporária revelou-se definitiva e é
aqui que o meu entendimento não alcança a razão para semelhante decisão ter
sido tomada.
Se não vejamos:
O referido placard contém
informações que interessam sobretudo aos residentes na vila.
Aquela entrada da vila que, sem
dúvida, é a principal, constitui o ponto de acesso para quem chega e se desloca
de automóvel, sendo poucos os que aí circulam como peões.
Se os automobilistas quisessem
informar-se vendo as informações do placard, teriam de paralisar as suas
viaturas em plena via de circulação, isto para não levantar o problema dos
perigos que podiam resultar de tentarem, em movimento, fixar a sua atenção nas informações
do écran.
Os próprios peões teriam também
de se imobilizarem. de pé e durante bastante tempo, para poderem fazer a
leitura de todos os conteúdos daquele equipamento.
Se considerarmos que parte
considerável dos que entram na vila, nem sequer são residentes, que lhes interessa
que tenha sido inaugurada a casa de Santa Beatriz e a casa Mortuária ou que se
esteja a reconstruir a Casa do Governador, em Ouguela? E, penso eu, muito menos
lhes interessará saber que espectáculos ou eventos se vão realizar nos próximos
dias em Campo Maior.
Na verdade, grande parte dos
conteúdos daquela fonte de divulgação de informações e notícias seria muito
mais útil e aproveitável para quem passeasse no jardim ou se sentasse nos seus
bancos. Mas, para isso, deveria o écran estar virado para o passeio central do
mesmo jardim.
Bom, desculpa vir chatear-te com
questão tão comezinha. Mas, como te ouvi recentemente dizer que gostarias que
as pessoas deveriam sugerir e apontar formas para melhorar o funcionamento das
coisas públicas, em vez de estarem sempre a criticar, resolvi dar este meu
modesto contributo.