quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Preto no branco


Não fui eu que escrevi, mas não me importaria de subscrever, palavra por palavra, ideia por ideia, o que a seguir transcrevo:

“A incomodidade de Crato face à excelência das instalações das novas escolas era evidente. Tão evidente quanto a de Passos Coelho na inauguração do ano escolar no distrito de Viseu. Muito mais do que o dinheiro necessário para assegurar a manutenção daquele tipo de escolas, percebe-se que o desconforto de um e de outro é acima de tudo ideológico: quem nada paga não deve ter direito a instalações tão boas. A excelência das instalações deve ficar reservada a quem tiver dinheiro para as frequentar, logo à iniciativa privada.
A tal liberdade de escolha de que o Ministro tanto falou só pode ser, como é óbvio, a liberdade de quem tem dinheiro. Quem tem dinheiro, escolherá o que é bom e pagará por isso. Quem não o tem, terá de contentar-se com o que lhe derem! Não será, por isso, exagerado vaticinar que a algumas das escolas públicas, nomeadamente as que estão dotadas de excelentes instalações, possa acontecer o que está acontecendo com outras actividades do Estado: serem entregues à iniciativa privada mediante um qualquer processo de privatização. Tudo dependerá das potencialidades do negócio…”
(In,  Post do blog Politeia de 21 de Setembro de 2011)

Já agora deixem-me só acrescentar que certos professores do ensino público, mereciam ser também eles privatizados para conhecerem as maravilhosas condições profissionais  que lhes estariam reservadas no ensino particular.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vamos lá pensar...

Torna-se cada vez mais evidente que algo não vai bem no pequeno reino da Escola Secundária de Campo Maior. Parece que, nos tempos que correm, estamos condenados a uma situação generalizada de crise que, quer a nível do país, quer a nível das pequenas instituições, vai tomando conta de tudo.
O mais grave é que a crise parece ser mais de mentalidade do que de recursos, de estruturas ou de conjuntura. Assim, as pessoas em vez de analisarem a situação de uma forma racional, apontando o dedo para os erros que se estão a cometer, para as hesitações em decidir de forma apropriada e para falta de ideias para encontrar solução para os problemas, preferem a solução mais fácil que é procurar responsabilizar para o que está a acontecer, não os que estão agora com a incumbência de governar, mas apontando o dedo apenas para os que estiveram antes.
O que se passa a nível nacional, passa-se também a nível dos pequenos casos, como é este da Escola Secundária de Campo Maior. Os que clamaram contra o que estava anteriormente em termos de gestão da escola, ganharam impondo a solução que mais seria do seu agrado. A anterior gestão ficou assim democraticamente julgada e sancionada. Aqui devia terminar um ciclo para que outro começasse, trazendo as soluções necessárias. Mas isso não está a acontecer. Clama-se que tudo vai de mal a pior. Em vez de se procurar entender porque é que as coisas não correm bem, adoptam a seguinte atitude: "a culpa é da utopia pedagógica da anterior directora". Mas, sejamos honestos e francos: o  que será pior do que uma utopia quando se trata de educação? Não será a falta total de projectos, perspectivas e ideais? Pior que a utopia será ou não a atopia? Não há educação sem rumo. Não há pedagogia sem ideal de formação. Será essa a questão verdadeiramente importante a debater no que respeita ao caso da Escola Secundária de Campo Maior?
É desesperante verificar a forma como o tão proclamado "eduquês" vai dando lugar a um "cratês" que não só não traz soluções, como se caracteriza por uma ausência total de ideias.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Antes que seja tarde...

Jobs for the boys tornou-se uma maledicência que reflecte a descrença que está a atingir os partidos políticos. Naturalmente que os mais atingidos são os que pertencem à área da governação.
Mas, esta expressão, a que foi dado um sentido tão pejorativo, aponta para uma questão a que não tem sido prestada a devida atenção. Os maiores partidos têm as suas organizações de juventude, coisa que, em princípio, terá de ser vista como natural e positiva. As juventudes partidárias devem ter a função incubadora de formar as sucessivas gerações de políticos que devem servir a governação do país. Ora, o que está a acontecer é que, em todas elas, a função formadora, que devia ser essencial, tem desaparecido para dar lugar a uma função meramente arregimentadora. Em vez de promoverem a formação dos seus jovens militantes, utilizam-nos como meros propagandistas, treinam-nos nos truques e manigâncias que se destinam a integrá-los nas manobras de assalto ao poder.Ou seja, treinam agitadores mas não formam políticos.
Na ânsia de alcançarem esse objectivo o mais depressa  possível, não lhes dão tempo para amadurecerem competências e para estruturarem o carácter, condições essenciais para os que se destinam a assumir responsabilidades políticas. 
Por isso, temos políticos cada vez mais jovens em cargos de grande importância. Será também por essa razão que os políticos têm cada vez menor qualidade? Não por serem jovens. Mas por serem jovens com pouca ou nenhuma formação. 
Quem sabe? Se os partidos cuidassem mais da formação das suas juventudes, os boys que iriam ocupar os jobs estariam tão bem preparados que a frase jobs for the boys, deixaria de ter uma conotação pejorativa  e passaria a ser entendida como um elogio...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Encarar a verdade

Há verdades que têm de ser ditas antes que seja tarde demais. Os partidos deviam integrar os que poderiam trazer para a política o seu saber, a sua competência e, sobretudo, a inteireza do seu carácter.
Mas, na realidade, passa-se exactamente o contrário: os partidos privilegiam os que se dedicam à política apenas com o fito de receberem o máximo de vantagens com o mínimo de esforço e sacrifício das suas pessoas. 
Nos partidos, os que teimam em pensar pelas suas cabeças, com isenção e com independência, são olhados com suspeição. Mas, os que se vergam a tudo apenas com o objectivo de mais rapidamente progredirem, são consentidos e promovidos em recompensa da sua submissão. Isto, porque o que na verdade acontece é que os medíocres que lá estão, tudo fazem para impedir que lá entrem aqueles que eles sabem que são dotados de maior capacidade e competência.
Não se sobe num partido assumindo frontalmente crenças, convicções e criticas. A simulação e o servilismo são os instrumentos que melhor garantem o sucesso na vida partidária. 
Se os partidos se fecham enquanto grupos organizados em volta dos seus caciques e dos interesses pessoais dos que os servem, não podem depois queixar-se de que as pessoas lhes voltem as costas e se desinteressem das suas "intrigalhas conspirativas".
Mas, se tudo isto já é grave ao nível do país, torna-se incrível se considerarmos o que se passa ao nível local. Aí, porque há sempre um cacique rival à espreita, aproveitando queixas e descontentamentos, a política resume-se em angariar clientelas e subserviências que garantam alcançar o poleiro embora não haja nem intenções, nem projectos para fazer mais e melhor do que estava a ser feito.

sábado, 10 de setembro de 2011

Haja coerência!

Os jornais, melhor dizendo, certos jornais, voltam a insistir lançando novas suspeitas sobre a licitude dos comportamentos de familiares de Sócrates.
Mas, esta gente julga-nos estúpidos ou quê? Ou será que estão tão desesperados que lançam mão de tudo sem qualquer critério? Trata-se de lançar uma cortina de fumo para esconder que têm a sua própria casa a pegar fogo?
Vamos lá ver se nos entendemos: que raio tem o cidadão José Sócrates a ver com o que fazem os seus primos, tios ou outros parentes? Pode ele impedi-los de fazer o que lhes dá na gana?
Já agora mais uma questão: de todas as “bocas” que contra ele foram lançadas, quantas foram efectivamente comprovadas?
Na verdade, o que está a acontecer é que muitos dos que entraram pelo caminho da calúnia, uns por inocente tolice, outros por mal estudado oportunismo, estão a chegar à conclusão de que se, antes, mal estavam de relha, pior estão agora de arado.
Alguns ficaram tão entalados que perderam de repente a bizarria com que atacavam tudo e todos a propósito fosse do que fosse. Repare-se no caso do sindicalista Nogueira, o paladino dos professores mártires privilegiados da ferocidade do anterior governo, agora de “orelha tão murcha”.
E que estarão os professores que gastaram tanto tempo e tanta saliva nos seus protestos e contestações e que agora estão, uns no desemprego e outros a deitar contas à vida por não terem mais segura a sua situação?
Isto para não falar em certos partidos que acusavam o anterior governo de ter uma política neoliberal e que, contas feitas, tanto se desgastaram para obter como único retorno o terem facilitado a chegada ao poder do governo mais à direita e mais anti-social que tivemos desde o 25 de Abril.
Por onde andam agora os protestantes? Onde estão as suas bandeiras de luta? Porque estão calados os entusiasmados slogans de contestação?
Lembram-se dos gritos contra Sócrates o mentiroso? Ao que parece a palavra, de tanto uso ficou gasta, pois agora já não chamam mentiroso a quem tornou banal o hábito de desdizer hoje o que afirmou ontem e que faz hoje no governo o contrário do que jurara que iria fazer, quando se comprometia nos seus discursos e entrevistas, durante as eleições.
Tenham santa paciência… Haja coerência, porque tanta trapaça e tanto descaramento nos estão a arrastar para um caminho que não nos conduz para nada de bom.

domingo, 4 de setembro de 2011

E esta?

por FERNANDA CÂNCIO, in, DN, 2 de Setembro de 2011

"Estas medidas põem o país a pão-e-água. Não se põe um país a pão-e-água por precaução."
"Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."
"Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias."
"O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa."
"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos."
"Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos."
"Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos."
"Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado."
"Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal."
"Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa."
"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."
"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
"A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento."
"A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos."
"Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate."
"Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"
Conta de Twitter de Passos Coelho (@pedropassoscoelho), iniciada a 6 de Março de 2010. O último twite transcrito é de 5 de Junho de 2011