terça-feira, 31 de agosto de 2010

Surpresas de Verão

Há uns dias uns bons dias atrás, por razões sanitárias, vi-me numa bela manhã, em que até nem estava muito calor, dispensado do serviço. Sem saber muito em que ocupar o tempo, resolvi fazer uma coisa que há muito tinha projectado: visitar o museu do Largo do Barata. Qual não foi o meu espanto e dei com o museu fechado. Se não era segunda-feira, porque razão tal acontecia? 
Uma vizinha que por acaso passava, explicou-me que talvez fosse por os funcionários estarem de férias. Fiquei espantado porque me pareceu que não seria possível que um organismo como a Câmara Municipal gerisse tão mal o pessoal que, segundo consta, não é assim tão pouco, que deixasse que ,ao mesmo tempo  fossem todos para a beira-mar ou para outro sítio qualquer, tornando impossível a abertura do serviço. Ainda por cima, sendo esse um serviço que deve estar aberto numa época em que será mais natural haver visitas devido à presença de emigrantes ou de turistas.
Já que ali estava, em jeito de consolação, resolvi ir até à biblioteca que também nunca tinha visitado. Dei com o nariz na porta, sendo contudo horas da mesma estar aberta. Informaram-me que é costume a biblioteca fechar porque os funcionários vão tomar o seu café ali perto. Era uma questão de esperar e eles apareceriam. Francamente!... Surpreso e zangado, virei as costas, adiando as minhas visitas para outra altura em que os funcionários estivessem mais dispostos e disponíveis para manter os serviços a funcionar como devia ser de sua obrigação.


sábado, 28 de agosto de 2010

O que é a cultura?

Sei bem que, infelizmente, hoje o problema é geral. A todos os níveis, a política foi dando lugar a um oportunismo hipócrita em que a habilidade consiste em ir fazendo mais o que as pessoas querem, do que em propiciar-lhes aquilo de que elas verdadeiramente necessitam.
Se isto é verdade a nível dos países é, no entanto, muito mais evidente ao nível do poder local. Principalmente quando se trata de cultura. Se o povo quer entretenimento, os que ocupam os cargos políticos, esmifram-se delapidando os orçamentos para satisfazerem a gula popular por alarvidades, parvoíces e coisa de gosto tão imbecil quanto inútil. Já alguém que tinha grande interesse em elevar o nível cultural do povo disse, com muita clarividência que não é a arte que tem de descer ao nível do povo, é o povo que tem de subir ao nível da arte. Assim, com esta clareza, temos explicada a diferença entre propiciar cultura que serve para desenvolver e dar diversões pacóvias que servem apenas para estupidificar as pessoas.
Só por má fé ou por burrice se pode considerar que pensar assim é elitismo.
Já agora e a propósito: o homem que queria que o povo fosse elevado até à arte chamava-se Vladimir Ilich Ulianov, mas era muito mais conhecido pelo anexim de Lenine.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Esclarecendo

Com bastante ironia, um comentador apresentou um texto em que insistentemente repete "Faça as Festas, Sr. Presidente". Nesse mesmo texto, revela uma grande falta de paciência para os que ele acusa de estarem sempre a pressionar para que as Festas se façam. O seu alvo são os autores dos blogues que se têm referido ao tema das Festas.
Vamos lá esclarecer uma coisa: o autor deste blogue não considera que se tenham de fazer as Festas a qualquer preço. Elas devem ser feitas "quando o povo quer" e quando há condições monetárias para isso.
O que considera é que não podem os responsáveis da autarquia continuar a falar a toda a hora nas Festas e depois ficarem à espera que elas aconteçam por obra e graça do Espírito Santo. Das duas uma: ou falam e as fazem ou se calam de uma vez por todas.
Ficou clara a posição do autor deste blogue?
Convém esclarecer definitivamente que nada me move no sentido de exigir ou desejar que as Festas sejam feitas. Mais vale que elas não aconteçam, a serem feitas em condições tão deficientes que se venham a tornar uma grande desilusão e um grande falhanço. Uma das maneiras de matar definitivamente as Festas será precisamente a desastrada decisão de as fazer sem que haja as devidas condições para isso.

domingo, 22 de agosto de 2010

Festas do Povo

Não há dúvida de que o incitamento à realização das Festas do Povo, no próximo ano, foi o tema central da passada feira de Agosto. A sugestão de uma pequena rua ornamentada, o inquérito à população e a montagem, no fim do passeio, de uma zona de atendimento, com projeção de videos sobre as Festas, foram elementos de destaque.
Não há que censurar estas iniciativas. Antes pelo contrário. Mas, agora não podem os responsáveis pela Câmara entrar num jogo de "bate e foge" acerca deste assunto. Este incitamento foi entendido pela população como um compromisso e ninguém poderá aceitar que agora a Câmara se remeta a uma posição de esperar que as coisas aconteçam. Tem de desenvolver esforços, tomar a iniciativa para que as coisas venham mesmo a acontecer. E, com isso, não fará mais do que cumprir uma das suas obrigações. Tanto quanto pude ir sabendo, era a Câmara que, noutros tempos, tomava de facto a iniciativa de promover e apoiar a realização das Festas do Povo. 
Agora, penso eu, a Câmara deve ter atenção a que as coisas mudaram muito nos últimos tempos e, por isso, terá de pensar na melhor maneira de planear e realizar as Festas, de modo a adaptá-las às novas condições que se foram criando aqui, na vila de Campo Maior.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Comentando comentários

Meus caros comentadores:
Já me sinto mais consolado por encontrar em vocês eco para as minhas frustrações no que respeita a estas coisas a que aqui, em Campo Maior, se teima em continuar a chamar cultura. No fundo, nem sequer chegam ao nível do simples entretenimento porque, na verdade, estão todos tão entretidos com as suas conversas tão barulhentas de som como vazias de sentido que não se entretêm nada com o que está a acontecer em termos de espectáculo. Aquela gente vai para ali fazer o mesmo que faria se não houvesse espectáculo nenhum. Ou seja, vai apenas passar tempo.
Por isso, não vejo razão para pruridos de elitismo quando reclamamos por nos serem impostas situações destas, a nós, os que gostávamos que os espectáculos o fossem para que a verdadeira cultura acontecesse. Claro que estou a falar da banda e não das barulhentas pimbices que nos vão impingindo. Temos todo o direito de mandá-los entreter-se com essas coisas onde bem entenderem mas, na condição de que nos deixem em paz quando os "entretenimentos" não lhes dizem respeito. Isto não é elitismo, mas realismo. Concordo que mais vale pagar e ter qualidade do aguentar o suplício de estarmos perante coisas com valor mas às quais nos impedem de assistir em condições decentes. Acho que o exemplo do espectáculo de Teresa Salgueiro, no belo espaço da nossa Praça, foi bem elucidativo disso. O recado para os responsáveis autárquico é muito bem dado. Diz-se por aqui um provérbio muito adequado: ovelhas não são para matos. E, na verdade, se nem todos são para tudo, nem todas as coisas se podem destinar a todas as pessoas.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Resposta a um comentário

Sei bem que estamos a viver num tempo em que a boa educação e o respeito pelos outros não têm, para a grande maioria das pessoas, qualquer valor. Vale tudo e a boçalidade é hoje coisa que se exibe sem qualquer vergonha. Mas, aquilo que você, Anónimo, escreveu como comentário ao último post, está abaixo de cão. Por isso, não foi com intenção de censura que o apaguei imediatamente. Foi porque, dar-lhe publicidade, seria tornar-me cúmplice da sua má educação, da sua falta de sentido de dignidade e de decência. Divulgar insultos e calúnias é dar a conhecer o que não deve ser conhecido, é dar voz a quem melhor faria se tivesse ficado calado.
É um facto que, as condições em que a banda se exibiu na passada 6ª feira, foram muito más. Mas a culpa foi do maestro e dos músicos, ou daquela triste assistência que já nem sabe estar a assistir a um espectáculo? Aquela gente fala em voz alta, grita, deixa as crianças gritar desalmadamente. Como é possível que, em tais condições, um concerto decorra normalmente?
Aí tem você a prova maior de que o dinheiro gasto a destruir o velho coreto e o dinheiro aplicado para fazer o novo, foi dinheiro lançado em saco roto. Hoje não há condições para fazer concertos em coretos ao ar livre. Agora, os que são bem feitos, são os que se fazem em espaços fechados como os centros culturais. Aí só vai quem está mesmo interessado em ouvir.
Aquela obra foi uma coisa completamente estúpida em termos de interesse público. Estou convencido de que só foi feita devido à pouca inteligência de uns e à grande ganância de outros. Esta é uma convicção e dela só desistirei perante prova em contrário.
O que aconteceu durante o concerto da banda foi muito mau? Foi. Aí tem porque é que os concertos ditos "pimbas", não sofrem do mesmo mal: é porque eles põem o som tão alto que abafam qualquer barulho; por isso, às tantas, já nem é música aquilo que fazem, mas um barulho quase insuportável. 
Ora, uma banda não pode nem deve recorrer a semelhantes processos. Daí a razão porque as bandas devem evitar as exibições em coretos.

sábado, 14 de agosto de 2010

Regresso

Cheguei ontem de férias e encontrei a vila algo alterada no seu viver habitual. A Feira de Santa Maria teve este ano algumas diferenças de roupagem. Andei pelo jardim e à noite ainda me deu para espreitar a actuação da banda. Se não estou em erro, foi esta a segunda vez que actuou naquele espantoso monumento que é o coreto. Por este andar, vão ser precisos muitos anos para que se justifique o balúrdio de dinheiro que ali foi enterrado. Que saudades do antigo coreto, pequeno, humilde, mas tão carregado de história que devia ainda hoje fazer parte do nosso património.
Gostei da ideia da feira de artesanato. Aí está a cultura popular, sem se entender por isso que tem de ser barulhenta manifestação de músicas, danças e cantares de gosto por vezes muito discutível. Como o espectáculo foi na noite anterior, não vou dar opinião sobre isso.
Gostei da ideia da ruazinha a evocar as saudosas Festas. Mas, tenho de confessar que a qualidade dos ornamentos fica muito aquém do que estamos habituados a ver nas nossas festas. Há ali qualquer coisa que mostra pressa e pouco cuidado na realização. Há encenação mas não há arte. Falta o apuro e a delicadeza que costumamos associar às flores de papel que são feitas em Campo Maior. De qualquer modo, valeu pela ideia de fomentar o desejo das festas.
Claro que a feira em si deixa muito a desejar. Qualquer dos mercadilhos é  mais rico de oferta do que o que está exposto na Avenida. A ideia de abrir um espaço no lugar do antigo parque infantil é bem achada.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tempo

Aqui, à beira mar, o tempo não parou, porque o tempo nunca pára. O tempo é contínuo e não tem fim. O tempo nunca muda. O que muda é a consciência que temos dele.
Como estão a ver, o tempo mudou-me bastante, pois pôs-me a filosofar neste tempo de férias que estou a viver. Sem tarefas nem obrigações a cumprir, tive tempo para me pôr a reflectir sobre coisas que não me passam pela cabeça quando estou entregue à rotina dos dias de trabalho que é, no resto do ano, a minha vida de todos os dias.
Mas, as férias estão a chegar ao fim. Começo já a ter pena de ter sido pouco o tempo que tão lento me tem parecido, quase parado. Mas que agora se apressa por ter a noção de que está a chegar ao fim. Por isso, o tempo me parece cada vez mais rápido.
Daqui a pouco lá estarei entregue à minha vida de sempre. A vila que é o ambiente normal da minha vida lá estará para me receber com os seus problemas que daqui me parecem tão pouco importantes.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

À laia de esclarecimento

Gostaria que não entendessem mal o meu texto anterior. Para claro entendimento deixem-me esclarecer o seguinte, antes que embandeirem em arco julgando que eu me coloquei sob este ou aquele estandarte ou passei a defender qualquer tipo de extremismo mais ou menos fundamentalista. 
Em primeiro lugar, considero qualquer tipo de racismo uma aberração. Ninguém é mau ou perfeito em função de uma qualquer pretensa raça ditada por esta ou aquela cor de pele. Nada me move contra os ciganos por serem ciganos. Mas não aceito que qualquer pessoa, mesmo que cigano, se torne uma parasita social, ou um agressivo marginal, recorrendo à violência e ao furto para não fazer aquilo que todos fazemos - trabalhar.
Também não aceito que o Estado subsidie vadios de má índole que ficam completamente livre para magicar e praticar todo o tipo de vandalismos.
Diz o povo e com muita razão: quem não trabuca, não manduca. Esta afirmação contém uma grande verdade. 
Em segundo lugar, não tenho feitio para aceitar os angelicais argumentos de todos os fundamentalistas de lado contrário que entendem que tudo deve ser consentido e perdoado aos coitadinhos dos que pertencia a esta ou aquela minoria étnica.
Entendo também que os ciganos, enquanto pessoas, tinham todo o interesse e vantagem em se integrarem tanto quanto possível nas comunidades em que vivem.
Sabem uma coisa que meu pai me costuma dizer? Diz ele que os ciganos já foram gente decente e muito bem aceites, noutros tempos, aqui em Campo Maior. Assim ganhavam todos.