sexta-feira, 30 de agosto de 2013

FALANDO CLARO ...

As eleições para os órgãos da autarquia estão "à porta". Para além de determinarem quem vão ser os eleitos, a nível local, nesta conjuntura, as eleições vão também medir o nível de consciência política, o estado ético da população da nossa terra e a consciência cívica da nossa gente.
Bem sei que não temos o exclusivo do populismo acéfalo e descarado, que não somos os únicos a ter sido usados como terreno para negociatas mais do que vergonhosas e a termos assistido ao descarado atropelamento da Lei e da Ordem, em favorecimento dos interesses privados instalados nos cargos importantes da decisão política. 
Infelizmente a corrupção, a mentira, o abuso do poder e a ganância desenfreada, campeam por todos os lados e a todos os níveis. 
Andam para aí candidatos a autarcas a prometer empregos para quem os apoiar com o seu voto. Como é possível que haja quem vá em tais balelas quando todos nós sabemos que o governo proíbe novas contratações e vai despedir gente da função pública com particular incidência nas câmaras municipais? Como é possível depositar confiança em candidatos que todos sabem como são ligeiros nas promessas, useiros e vezeiros nas mentiras, incompetentes na tomada de decisões?
Como fazer entender que na política são muitos os que nela andam só em busca de poderem praticar a única razão que o move: poderem beneficiar-se a custa da política?
Dirão que todos são iguais. Penso que não é verdade. A verdade é que há tantos a deixar-se iludir que só os que mentem descaradamente conseguem ir vingando na política. E a culpa disso é dos que neles votam.
 É preciso acordarmos deste desleixo e passar a analisar com inteligência quem melhor pode estar ao serviço dos nossos interesses. 
O desleixo dos mais acomodados e a desistência dos mais honestos, têm deixado campo aberto aos maus políticos e isso tem afectado de forma muito negativa a vida de todos nós.
O nosso país e as nossas terras estão numa situação muito crítica, à beira da calamidade.
É tempo de dizer  basta! 
É tempo de pensar bem para bem decidir e para bem escolher!
É tempo de usar o voto com responsabilidade e com plena consciência de que o bem de todos é também o bem de cada um de nós.

domingo, 25 de agosto de 2013

COISAS FÁCEIS DE ENTENDER

Por volta de 2006/2007, graças a uma eficaz  reforma da Segurança Social,  considerava-se que Portugal tinha assegurado o financiamento do sistema público da Previdência até ao ano de 2030.
Hoje, ano de 2013, a Segurança Social deste país encontra-se em risco, devido à conjugação de factores como o défice crescente das contas públicas, ao desemprego que não pára de crescer, às reformas antecipadas,ao grande número de jovens que optaram pela emigração e à tendência acentuada  para o envelhecimento da população. 
Mas, isto que é uma evidência, só preocupa mesmo aqueles para quem a segurança, a saúde e a subsistência dos mais carenciados constitui uma verdadeira preocupação, ou seja, aqueles que pensam que acima de tudo é necessário garantir condições minimamente dignas aos que, por impossibilidade, por deficiência, ou por idade, já não podem continuar a angariarem os recursos e os meios de sustentação das suas vidas em  condições aceitáveis.
Esta é uma das questões essenciais que determinam as grandes opções políticas, pois que, para alguns, a pobreza será resolvida com a caridade praticada pelos mais beneficiados. Mas, a caridade, se tranquiliza a consciência dos mais favorecidos, não liberta os mais necessitados do inferno que é viver em condições de extrema carência. Em contrapartida, para outros, é função da sociedade, através do Estado, assegurar condições de vida a todos os seus membros para que todos  possam viver de modo condicente com a sua dignidade de pessoas. Daí a necessidade de uma previdência que assegure a função providencial de um Estado Social.
O resto são os truques mais ou menos elaborados das politiquices, escondendo de forma mais ou menos elaborada a diferença que vai de se entender a política como uma intenção e uma missão de servir e os que vêem nela apenas uma forma de se servirem recorrendo a expedientes mais ou menos  ilegais, ou mais ou menos corruptos para alcançarem os seus inconfessáveis  objectivos.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

SABIA QUE ...



No governo de Portugal, alguns ministros são de tal modo dedicados à sua alta missão que se sacrificam a trabalhar durante os meses de Agosto e Setembro para melhor nos poderem reduzir, no mês de Outubro, os nossos rendimentos para os próximos anos?

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

DE QUE POVO FALA ELE? E EM QUE TEMPO?




Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas[1], capazes de toda a veniaga[2] e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
 

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando[3] e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.

Texto de Guerra Junqueiro, Publicado por José Pacheco Pereira in blog. Abrupto


[1] Patifórios
[2] Traficância, corrupção.
[3] Misturando; coligando.

Texto de Guerra Junqueiro (1850 - 1923), Publicado por José Pacheco Pereira, In blogue Abrupto