segunda-feira, 30 de junho de 2014

CACIQUISMO



Em termos muito gerais as palavras “Cacique” e “Caciquismo” designam uma forma de organização ou uma atitude de quem manda, que assenta na influência dos caciques, sistema de governo baseado nas relações de dependência que se criam ao redor do poder dos caciques.

Na origem, tratava-se do nome dado ao chefe nas tribos primitivas, da América do Sul, na época dos Descobrimentos. O termo foi divulgado pelos espanhóis e pelos portugueses.

Na sua origem, tratava-se de um poder de chefia que assentava no poder de um chefe que geralmente constituiria o seu direito de autoridade e de decisão, ou porque o impusera pela força ou porque lhe fora atribuído devido à sua capacidade de liderança ou à sua sabedoria.

Estranhamente o termo vulgarizou-se a partir da implantação do liberalismo para designar os que, em plenos regimes democráticos, constituíam regimes polarizados no poder de um único homem que dominava através duma rede bem estruturada dos seus agentes que, o apoiavam, garantiam a sua eleição e serviam de suporte às suas decisões autoritárias.

No fundo o caciquismo conquista o poder através dos processos eleitorais que manipula, para depois impor as decisões que melhor servem o seu interesse ou a sua vontade. Por isso, o cacique tende a controlar os próprios órgãos as quais devia caber, legitima e livremente, tomar as decisões, dando sempre a ideia de que tudo se processa com normalidade

Na verdade não existe um modelo estereotipado de caciquismo. A convicção de que a arma do cacique é a sua prepotência, é pouco menos que grosseira e, na maior parte dos casos, está muito fora da realidade.

Os caciques estão tanto mais implantados quanto mais astutos são nos processos de conquistar e conservar o poder. Os mais astutos nem ocupam os cargos. Deixam essa tarefa para os seus “capatazes”, enquanto ficam de fora a controlar e a manipular a situação.

Há caciques que baseiam a sua estratégia no empenhamento que colocam nas questões sociais que utilizam para aumentar as suas redes de dependentes.

Claro que há também os prepotentes, os sectários e os manipuladores capazes de tudo prometerem sem qualquer intenção de cumprir. Rodeados de cúmplices e apaniguados que tudo vigiam, conseguem por vezes manter o poder por períodos mais ou menos prolongados o que depende muito do grau de desenvolvimento das populações.

Mas, então? Não há líderes verdadeiramente democráticos em quem possamos confiar? Claro que que há! Mas é preciso estar muito atento, de inteligência viva e aberta porque há mas, infelizmente, não são muitos. Além disso, estes líderes democráticos têm como hábito esclarecer e os outros preocupam-se apenas numa estratégia mais fácil que consiste em convencer. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

HOJE DEU-ME PARA PENSAR …



Não consigo decidir-me em concluir se esta é a terra que me calhou ou a terra em que encalhei. 
Sim, porque uma e outra das hipóteses, apresentam em si uma substancial diferença: 
- Se a razão mais certa for a primeira, então eu sou vítima de uma infeliz circunstância e nisso não me cabe qualquer culpa; 
- Mas, se a razão maior for a segunda, então a questão é muito diferente e não tenho motivo para me queixar de nada, nem de ninguém.

Fui eu que escolhi aqui continuar e, pior que isso, fui eu que me fui deixando ficar, por acomodação, por estupidez, ou por falta de capacidade de decisão.

No caso da razão ser a primeira hipótese, eu teria sido vítima de um tremendo azar. Mas, … que diabo! Então porque fui ficando, sim, porquê? Porque é que ainda aqui estou? À espera do quê, numa terra em que não há nada para esperar?



Vocês estão a ver? De repente, hoje acordei voluntarioso e decidido, a pensar pôr-me daqui para fora. 
Será de alguma coisa que comi e que me caiu mal? 
Não sei, mas vou deixar que as coisas assentem e, depois, logo se verá.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

UM SENTIDO DESABAFO



Várias vezes referi, o gosto que tenho em falar com um amigo bastante mais velho do que eu. Refiro-me à idade. Porque, no respeita às ideias e à maneira de analisar as situações, acabo por pensar que o mais envelhecido sou eu, por tender a pensar como os outros pensam sem tomar em atenção o que tantas vezes já me disse:
O pensamento, ou é critico e estruturado, ou serve apenas para repetir coisas que, desde há muito, não têm qualquer serventia ou utilidade.
Cada vez procuro mais decifrar esta norma para orientar as minhas opções e o meu pensamento.
Já o tinha procurado nos sítios onde costuma ir e por onde costuma passar. Perguntei porquê, mas não sabiam dar-me resposta. Teria ido para fora diziam-me. Estanhei que não mo tivesse anunciado.
Ontem aí estava ele caminhando para mim com seu sorriso acolhedor que eu tomo sempre como manifestação de amizade. Naquele momento tive plena consciência de que sentira saudade pela sua ausência.
Como de costume procurámos sítio sossegado para falarmos.
Começou logo por me surpreender com a informação que saíra por problemas graves e que entendi que o eram o bastante para precipitar a viagem à procura da sua resolução. Não vou entrar em pormenores porque cada um tem o direito a resguardar a sua intimidade.
Depois deu-me a notícia de que, pelo que anteriormente me dissera, tinha de colocar um ponto final na colaboração de um projecto de apoio e serviço social que eu muito estimava.
Tentei saber os motivos, na intenção tola de que o poderia demover de uma tal decisão.
Levantou a mão e pediu que tivesse paciência e o ouvisse por mais algum tempo.
Falou-me da sua condição de agnóstico que o colocava à margem de qualquer crença.
Falou-me do seu processo de formação pessoal, sobretudo a nível ético e que desde a tenra infância fora marcada pelo cristianismo: as catequistas da Matriz, que lhe fizeram decorar as orações fundamentais; os professores de moral, no liceu, com o seu ímpeto ferozmente disciplinador, que o fizeram sentir-se uma espécie de marginal.
Referiu-me a sua tremenda revolta quando chegou à Universidade e renegou tudo aquilo.
Mas, disse-me o seguinte: do Cristianismo conservou sempre o profundo sentido ético das suas mensagens. Porém, percebeu, desde muito cedo, que esse sentido tinha de ser continuamente entendido e adaptado aos tempos e casos que os homens iam vivendo.
A doutrina cristã como lengalenga, não é nada, não serve para nada.
Concluiu dizendo: não perguntes pelas causas que me fizeram tomar a decisão.
Não se tratou de causas, porque elas existem sempre: as pessoas são as pessoas, com os seus defeitos, as suas inseguranças e, mesmo, com as suas maldades.
Mas há um princípio que herdou da moral cristã (Amai-vos, uns aos outros!) que procurou adaptar à sua maneira de pensar e de agir, porque, com toda a honestidade, era incapaz de amar certos e certas Filhos-da-mãe).
Por isso o seu princípio ético, traduz-se assim: Aturai-vos uns aos outros até que isso for possível e suportável.
Ora, é esta razão, que os outros parecem não quer entender, é tão fundamental e tão clara para ele. Há coisas que não quer aceitar e situações que já não tem capacidade para suportar.
Entendi claramente e não precisei de perguntar mais nada.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

DA INGRATIDÃO …



ENTRE OS VÍCIOS DE COMPORTAMENTO, A INGRATIDÃO É DOS QUE PROVOCAM MAIOR DESGOSTO NOS QUE SÃO CONSTITUÍDOS COMO SEUS ALVOS E VÍTIMAS. PORQUE A INGRATIDÃO É SEMPRE A REACÇÃO NEGATIVA A UMA ATITUDE DE CONSIDERAÇÃO, FAVORECIMENTO OU AUXÍLIO QUE DEVIA SER APRECIADA COM ESTIMA E VONTADE DE RETRIBUIÇÃO.

            SE TENDO FEITO O BEM TE VÊS ATINGIDO POR UMA REACÇÃO INGRATA, PROCURA NÃO TE INCOMODARES DEMASIADO PORQUE O MAL NÃO ESTÁ EM TI MAS NA NATUREZA DOS QUE NÃO SUPORTAM RECEBER O BEM, JULGANDO QUE ISSO DIMINUI A SUA CONDIÇÃO OU IMPORTÂNCIA.