Este quadro, uma das quatro versões que o pintor norueguês, Edvard Munch criou entre 1893 e 1895, aparece agora referida pela imprensa por estar exposta durante algum meses no Metropolitan Museum of Modern Art, de Nova Iorque.
Sempre esta pintura foi uma das obras que mais me impressionou, sem que me tivesse, em qualquer momento, preocupado em inquirir-me sobre as razões do impacto que, desde o primeiro momento em que me foi dada conhecê-lo, em mim provocou este quadro. Aliás, penso que, tratando-se de arte, nunca me apetece entrar em grandes explicações. A arte deve falar mais à emoção do que à razão e isso me basta.
Agora que penso nisso, aqui estou perante um quadro que me apresenta uma imagem tosca, quase um desenho de criança, pouco focado, muito distorcido. Uma amalgama de cores, linhas, formas e tons de uma de uma imperfeição distorcida e quase brutal de figuras humanas diluídas num cenário onírico e surreal. Entendo a opção estética do pintor enquadrada num expressionismo extremo do sentimento do mais atormentado desespero.
Mas, nada disto explica o forte impacto que, aqui e agora, esta obra me volta a provocar e de modo muito mais intenso e sentido do que antes. E, de repente, ocorre-me apenas o sentimento que só consigo expressar parafraseando de certo modo Camões:
Esta é a situação em que, neste momento, pressinto e vejo, a gente, muita da gente, que vive nesta desditosa terra minha amada.