Cada um terá as suas razões para desenvolver as acções que se propõe levar a efeito. Assim acontece com esta coisa a que chamamos blogues, porque ainda não encontrámos forma apropriada para designar esta coisa na nossa própria língua. Também na língua, como em muitos outros aspectos, estamos a ficar cada vez mais pobres e menos criativos.
Na verdade, um blogue pode ter muitos e diversificados aspectos e ser feito com as mais diversas intenções: o exibicionismo, a manifestação desenfreada dos nossos fantasmas, a presunção de que somos senhores da verdade, a tolice de nos pensarmos engraçadinhos, ou a simples tentativa de exibirmos para os outros aquilo que, sendo os nossos interesses, julgamos que podem e devem ser os interesses de toda a gente.
Mas, pode também acontecer que seja algo de tão simples quanto isto: usar o blogue como uma maneira de evitar cometer erros que censuramos nos outros com quem convivemos. Vivemos um tempo em que muito se fala. E, muitas vezes, fala-se pensando pouco naquilo que se vai dizer. Daí que, alguns podem ver nesta forma de expressão uma maneira de reflectirem sobre acontecimentos, casos e pessoas, organizando assim a sua opinião e o seu pensamento.
Outros, podem apenas ver nesta forma de expressão, uma maneira de partilharem com outros os seus interesses, os produtos da sua imaginação ou da sua arte.
Há ainda os que, por exibicionismo ou vaidade, procuram apenas uma forma de notoriedade que, provavelmente, não conseguem alcançar no âmbito das suas relações pessoais ou das suas vidas profissionais.
Enfim, como quase tudo o que é humano, predomina a variedade das formas e das intenções. Claro que estas determinam a maneira de estar e de agir neste universo que se designa, à falta de melhor, como a blogosfera. E isto reflecte-se também na atitude para com os comentadores e comentários que vão aparecendo à procura de interacção com os gestores desta forma de comunicação.
Tenho para mim que o blogue é uma forma particular e privada de comunicação. Por isso, assumo frontalmente a decisão de não deixar que outros se sirvam daquilo que me pertence para exibirem ideias, opiniões ou atitudes que eu, por princípio, repudio. E não me venham com o fantasma da censura. Trata-se apenas de defesa da minha maneira de entender os princípios que devem orientar as relações entre as pessoas. Para já, confesso que, mais rapidamente elimino um comentário insultuoso do que um que contradiga as minhas ideias.