A notícia corre mundo: Hosni Mubarak abandonou finalmente o poder. Festeja-se entusiasticamente no Egipto e, por todo o lado, afirmações de contentamento sublinham o facto.
Um jornal diário ostenta a frase cínica de Napoleão Bonaparte: Nas revoluções há duas espécies de homens - os que as fazem e os que delas se aproveitam. Podíamos acrescentar outra também ela carregada de cínico cepticismo: Todas as revoluções acabam por devorar aqueles que mais contribuíram para que acontecessem.
Há, sem dúvida, uma grande dose de verdade nestas afirmações. O povo egípcio, ou seja, uma boa parte dele, vai constatar que as mudanças que se vão efectivamente verificar, ficarão muito aquém das suas expectativas. E que, muitos dos que nada fizeram para que as coisas mudassem e até muitos dos que tudo fizeram para que não houvesse mudanças, vão agora surgir como apaixonados apoiantes da nova situação e vão conseguir posicionar-se para obter dela as maiores vantagens que puderem.
Tudo isto é certo. Mas, mais certo ainda, é que as coisas vão mudando. Mesmo quando parecem mudar pouco ou demasiado lentamente, a mudança acontece porque ela é uma das principais características da evolução da humanidade. Os aparentemente eternos ditadores é que parecem não entender isto e, por isso, persistem em continuar a tentar travar a inevitável mudança do mundo.
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