segunda-feira, 30 de setembro de 2013

DESEJO DE UM TEMPO NOVO


Concluído este ritual democrático a que chamamos processo eleitoral, temos de voltar ao normal das nossas vidas. Uns a lamber feridas e outras mazelas porque, se é verdade que "quem vai à guerra dá e leva", também é verdade que os golpes sofridos doem mais aos que perdem do que aos que saem vitoriosos do combate.
E deixemo-nos de hipocrisias e eufemismos. Tratou-se de um verdadeiro e duro combate. Combate democrático é certo. Mas, na realidade, estavam em confronto projectos sociais, ambições pessoais e concepções sobre a política que, por se situarem em pólos completamente opostos levaram irremediavelmente a uma confrontação. Basta analisar os resultados para confirmar que era essa a situação que se tinha criado nesta comunidade. Os votos concentraram-se em volta de duas propostas e ignoraram quase por completo tudo o que ficava fora desse confronto.
Agora, esperemos que venha um tempo de maior tranquilidade e que a disputa conceda um largo espaço à governação. 
Bem necessitados estamos disso porque, durante um tempo muito largo, o improviso, o recurso a artimanhas mais ou menos habilidosas, a jogos de poder mais ou menos encapotados, ocuparam o lugar  que deveria ter sido aproveitado para um exercício legitimo do poder político. 
Já é tempo de mudar porque o povo votando, expressou  claramente essa vontade de mudança.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS




O carácter, o discernimento e a atitude que temos perante o acto de votar para escolher gestores responsáveis para velarem pelos nossos interesses colectivos, define-nos enquanto pessoas e enquanto cidadãos.

Não me acho nem competente, nem com legitimidade para aconselhar seja quem for, para votar ou não em quem quer que seja.   

Sei que enquanto uns votarão apenas segundo os seus interesses pessoais, há seguramente outros que atenderão ao que melhor possa convir a esta comunidade em que todos nos integramos.

Procuro sempre votar segundo o que me parece o interesse colectivo. Não por me achar melhor que ninguém, mas porque me parece ser má escolha atender apenas aquilo que aparentemente me pode favorecer, trazendo-me qualquer tipo de vantagem.

Entendo que uma comunidade é como uma grande embarcação carregada de passageiros. E, sendo eu um desses passageiros, devo pensar que tudo o que contribui para a segurança do barco, garante a minha própria segurança.

Não me parece nada inteligente pensar em salvar-me apenas a mim, porque o mais seguro é garantir a segurança de todos os que vão embarcados comigo nesta aventura.

Dito isto, desejo que cada um, em plena consciência, vote da forma mais conveniente para garantir a segurança e a qualidade de vida de todos, por ser essa a maneira mais segura de apostarmos na segurança e na qualidade de vida de cada um de nós.

Despeço-me com o desejo de 
um VOTO  
consciente e inteligente.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

VOLTANDO A OUTRO CASO EXEMPLAR ...



 Este caso é tão evidente que nem preciso de fazer qualquer comentário prévio:

Depois de uma análise ponderada do “Acórdão do Tribunal de Contas (11-12-2012) sobre a questão das piscinas da Fonte Nova”, o Grupo Municipal do Partido Socialista chegou às seguintes conclusões:

1. A decisão de construir o complexo de piscinas da Fonte Nova implicou um encargo financeiro para o qual era incerta a capacidade do município para poder honrar o seu compromisso;
2. Todo o processo se revelou ferido de ilegalidades;
3. Os decisores usaram abusivamente de dinheiros públicos, que resultam dos impostos pagos por todos os portugueses;
4. Os decisores não cumpriram o dever de zelar pelo bem público, levando a cabo um projeto megalómano, insustentável do ponto de vista financeiro;
5. Para se ter uma ideia do valor envolvido para solver esta dívida, cada um dos habitantes do concelho de Campo Maior, independentemente de condição ou idade, teria de dispor de uma verba de mais de 1000€. De qualquer modo, será isto que a situação gerada custará aos habitantes do município, implicando que isso acontecerá em prejuízo de outras necessidades provavelmente mais prementes e mais importantes para o seu futuro como comunidade.

De todo este processo se pode deduzir que:
a) Independentemente dos procedimentos que eventualmente venham a ser concretizados a nível judicial e administrativo, devem ser realçadas as consequências políticas que resultam de uma gestão danosa dos dinheiros públicos;
b) A irresponsabilidade dos autarcas implicados neste projeto não pode ser ignorada e deve ser amplamente denunciada junto da população; 
c) Não se pode escamotear que processos como este que, infelizmente, tiveram lugar em todo o país, contribuíram fortemente para a situação de crise da dívida pública portuguesa;
d) É de acentuar que as consequências destas irresponsabilidades, estão a afetar a vida dos portugueses, fazendo-se sentir a nível do desemprego, do aumento brutal dos impostos, da redução de salários dos funcionários públicos e das pensões dos reformados e pensionistas.

(Apresentado na sessão da Assembleia Municipal de dia 30 de Abril de 2013)

Já li em qualquer lado, mas recordo onde, que se a corrupção que tem lavrado, à solta e de uma forma descomunal, nas últimas décadas, tivesse sido denunciada, perseguida e devidamente penalizada, Portugal seria um dos países com melhores condições de vida e com maior estabilidade, em toda a Europa. 

Mas, olhemos apenas para este pequeno mundo que é esta terra em que vivemos. Quantas coisas de grande utilidade pública poderiam ser feitas para acudir às necessidades dos que estão a ser afectados por esta crise que, em grande parte, foi agravada pela imensa corrupção que tem lavrado a todos os níveis e por todo o lado?


sábado, 21 de setembro de 2013

UM CASO EXEMPLAR



Sem mais explicações e, mais uma vez, a título excepcional, transcrevo uma mensagem que acabo de receber, tal como a recebi: sem alterar ou acrescentar uma vírgula.


Caro(a) Senhor(a)

Há bastante tempo que sigo o que vem publicando. Embora pense que se trata de um homem, não excluo a possibilidade de que seja uma senhora. Porque não?
E, porque não sei a quem me dirijo, posso estar à vontade para lhe dizer que tenho aprendido muito com os seus escritos. Às vezes nem é bem aprender. Trata-se mais de me fazer pensar. Digo-lhe mais. Mudei a minha maneira de pensar em muitas coisas. Por exemplo, no que respeita à política. Antes ligava tão pouco que ou não votava ou se votava fazia-o por mera simpatia sem atender aquilo que uns e outros diziam. No fundo pensava que era tudo o mesmo. Eram políticos e pronto. Acabavam por fazer todos o mesmo tanto para o bem como para o mal.
Consigo aprendi uma coisa a que agora dou muita importância e que só consigo dizer deste modo: o nós termos bons ou maus políticos é responsabilidade nossa porque é o voto de cada um de nós que os ajuda a irem para o poleiro.
Agora passei a estar mais atento. Escuto com atenção e leio para me manter mais informado e para saber fazer as minhas escolhas.
Estamos agora em campanha eleitoral. Como agora já não escondo as minhas opiniões, faço até questão de dizer aquilo que penso e chego mesmo ao ponto de não evitar dar a entender em quem penso votar. Pelo menos digo o que penso àqueles com quem trabalho e com quem convivo.
Estes seus últimos escritos decidiram-me a escrever-lhe para lhe dar conhecimento de um caso que me parece mostrar bem como pensam e como se comportam certos políticos.
A razão deste meu escrito, está relacionada com tudo isto que lhe vou contar e em que eu próprio teria dificuldade em acreditar se não se tivesse passado comigo.
Em tempos, eu e minha mulher tivemos uma certa convivência com um dos que agora se candidatam. A minha mulher até se juntava bastante com a mulher dele. Enfim, parecia haver uma certa amizade.
Pela razão que já expliquei, era sempre para ele que ia o nosso voto. Mas, fui ficando mais atento como já disse e comecei-me a aperceber de certas coisas que nem me tinham passado pela cabeça. A corrupção existe e de que maneira. Mesmo nas terras pequenas. Eu e a minha mulher começámos a juntar as coisas que víamos e ouvíamos e a tirar as nossas conclusões. A política enche os bolsos de muitos dos que se servem dela para se servirem.
Devem ter chegado aos ouvidos desse candidato coisas que nós passámos a não evitar de dizer e a reacção não se fez esperar. Primeiro foi a mulher dele a atazanar a minha. Agora, há poucos dias, encontrei o dito candidato que depois de um frio cumprimento me atirou à cara: Então é verdade que me vais trair votando no outro? E a tua mulher que se fazia tão amiga da minha, não tem vergonha de agora ir ter a desfaçatez de votar contra mim? Quer dizer que a amizade já não conta para nada?
Voltei-lhe as costas sem nada dizer. Achei que não valia a pena.
Conto-lhe isto para ver como tem razão nas muitas coisas que tenho entendido no que tem escrito sobre ser político e sobre o modo de estar na política.
Não me importo se você contar isto a alguém, afinal é bom que haja cada vez mais gente a encarar estas coisas com seriedade. Só não assino. Sou uma pessoa pacata que não gosta de dar nas vistas nem de se meter em confusões. Mas entendo que estas situações devem ser denunciadas.  
Com os meus cumprimentos e o meu muito obrigado.
Continue a escrever pois pode ter a certeza de que haverá sempre quem goste de ler.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

CONTINUANDO A FALAR CLARO ...

 
Como homenagem ao humor tão inteligente e tão subtil como esclarecedor da "inteligência" de certos comentários que recebi, respondo voltando a sugerir que releiam o meu texto anterior, intitulado Falar claro
Torna-se cada vez mais necessário incitar as pessoas a olhar com atenção para o que se está a passar à nossa volta, sob os nossos olhos e com a cumplicidade do nosso silêncio. 
A propósito do último texto que aqui publiquei - Maus Exemplos ou Más Companhias -  lembrei-me de um comentário publicado no bolgue De Campo Maior que, com a devida vénia, transcrevo como testemunho da minha solidariedade para com o autor destas palavras pela maneira inteligente e irónica de colocar as questões:

Anónimo disse...
Amigo Jack:
Por um lado compreendo a boa intenção em ter voltado a publicar este Post ("Atenção Mulheres Casadoiras"). Por outro lado, acho que talvez não seja necessário estar a lembrar estas coisas.
Senão repare:
- As pessoas já estão muito escaldadas e fartas de tantas trafulhices;
- As negociatas feitas no passado ficaram bem conhecidas porque elas só fizeram foi ficar a Câmara de rastos e a todos nós com o encargo de termos de pagar com os nossos impostos aquilo com que alguns só cuidaram de encher os seus próprios bolsos (aliás bolsos uma gaita! Contas bancárias! Que quantias daquelas não cabem em bolsos).
- Os esquemas foram tão descarados que nenhum candidato se atreveria a vir de novo com promessas idiotas.
- Imagine que um candidato se atreveria em nome de qualquer Nova Alternativa vir prometer coisas como: que a Câmara iria pagar "Cheques Saúde" para pagar serviços médicos, medicamentos e intervenções cirúrgicas; "cheques educação", para pagar bolsas de estudo e propinas; "Cheques Habitação" para pagar prestações de casas e mais não sei quantas coisas e loisas...
Todos sabem que a Câmara está com um orçamento reduzido e sobrecarregada de dívidas.
Mesmo que haja para aí muitas casadoiras e casadores,todos sabem que o Governo vai atacar depois das eleições e despedir funcionários públicos principalmente nas câmaras. Portanto não vai haver nada para ninguém.
Por isso, desculpe mas acho que não é preciso avisar as pessoas. Não acredito que haja gente tão tontinha que seja capaz de acreditar em tais balelas.
E, mais, acredito que o Jack também não acredita. Afinal tem de haver limite para tudo. Mesmo para a estupidez humana.
4 de Setembro de 2013 às 15:14