O profundo luto em que encontrei um amigo que me é muito ligado pelo afecto, pôs-me a pensar nesta inevitável circunstância que é o inevitável fim da nossa existência.Quando a morte atinge prematuramente, acompanhada de sofrimento, alguém que nos é muito querido, provoca em nós dor, revolta e um profundo sentimento de irremediável perda.
É minha convicção que o homem, tal como o concebemos, nunca vencerá esta inevitável contingência. Mas, estou também convicto que continuará a dar passos cada vez mais largos, para alargar o seu seu tempo de vida.
Tanto quanto hoje podemos entender este problema, a morte é o destino inevitável de tudo o que tem vida.
Claro que nascemos para viver. E, isso, é por vezes bom e, outras vezes, nem tanto...
Mas uma coisa é certa: nascemos com os pés virados para "a cova". Para alguns, nos quais me incluo, é coisa que tem de ser encarada como natural e inelutável. Outros há que encaram a morte como algo que os atormenta.
Contudo, nada se pode fazer: tudo o que nasce tem um fim.
Mas confesso que me é mais fácil aceitar o meu fim do que o dos que me são queridos.
Para mim a questão não me provoca angústia. Prefiro pensar que, em cada dia que passa, devo manter a atitude de cumprir aquilo que me parece que devo fazer, aceitando que errei e voltarei a errar muitas vezes. Mas, procurando que assim aconteça porque não tive capacidade para o evitar e nunca pela intenção de me favorecer.
Esta foi a opção que adoptei e com ela tento viver de bem comigo e com os outros, convencido de que será a melhor maneira de por cá andar enquanto vida tiver.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
sábado, 3 de novembro de 2012
POLITICA E CIDADANIA
SE É CERTO que
a política é uma ciência que se estuda e ensina, da qual, devo começar por
dizer, não tive escola, a política partidária afigura-se-me como uma arte que
visa adaptar a dita ciência ao sabor de interesses, nem sempre confessados,
pela qual nunca me senti atraído e pela qual me não deixei envolver, logo
ensinada às juventudes partidárias e bem aprendida por estas, como está bem à
vista, e apenas para citar dois exemplos, na actuação de dois dos seus rapazes
mais brilhantes, bem parecidos, bem falantes e convencidos, mas sem a
imprescindível preparação e experiência de vida: o que recebeu de nós a missão
de governar e o que, por direito e dever, assume o principal papel da chamada
oposição.
…………..
A cidadania nasceu, fundamentada na
liberdade, na igualdade e na fraternidade.
A liberdade,
por enquanto, está bem de saúde e recomenda-se. Conquistámo-la nós, portugueses
da minha geração, há quase quatro décadas, não o esqueçamos, graças aos
capitães de Abril, com cravos nos canos das espingardas. Essa liberdade temos
sabido defendê-la e conservá-la e uma das evidências dessa sabedoria foi dada
pelas centenas de milhares de homens e mulheres de todas as idades que, no
último Sábado, saíram civilizadamente à rua, por todo o País, numa manifestação
de maturidade e cidadania ímpares.
Porém, a igualdade e a fraternidade
estão cada vez mais longe de atingir o patamar eticamente exigível e
legitimamente esperado pela esmagadora maioria dos povos e, entre eles, os
portugueses, que o mundo do dinheiro na sociedade dita do desenvolvimento tem
vindo e continua a negligenciar ou, pior ainda, a explorar.
Uma das formas de combater as
flagrantes desigualdades e injustiças que, ao invés das esperanças de Abril,
têm vindo a agravar-se, é alargar a cidadania onde for preciso, criá-la onde
ela anda esquecida, e encorajar o cidadão a fazer pleno uso dela, como
contribuição pessoal no tecido social de que é parte. Neste capítulo estamos no
bom caminho. Vamos em frente! E que cada um se regozije e envaideça com a
expressão inteligente e ordeira da unidade de um povo que mostrou no passado
dia 15 de Setembro.
Com esta grandiosa manifestação,
Portugal deu ao Mundo uma grande lição de cidadania.
Publicada In
Sopas de Pedra, por A. M. Galopim de Carvalho em
Segunda-feira,
Setembro 17, 2012
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