terça-feira, 21 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS

De passagem por Lisboa, pude constatar que as iluminações de Natal estão na cidade, embora se note alguma contenção nos gastos, como determinam as contingências do tempo presente. Mas Lisboa é uma cidade que por si só é motivo de desenvolvimento de actividades económicas, principalmente do comércio e do turismo, sendo, portanto, a iluminação do Natal um verdadeiro investimento.
Mas, no regresso, também me agradou constatar que, aqui, em Campo Maior, onde as coisas não se põem deste modo, a contenção foi muito grande, o que não deixa de ser motivo para elogiar. Por mais que não seja, pelo simbolismo e pelo exemplo. Esperemos que os responsáveis pela gestão autárquica continuem a demonstrar atenção aos problemas e a procurar resolvê-los em vez de os agravar de forma insensata.
Por vezes temos certa dificuldade em entender o que é determinado pelos que assumem as funções de governar porque, nem sempre, o que é decidido nos parece ser o mais justo. Contudo, manda o bom senso que tentemos entender as razões que determinam certas decisões. Se foram ditadas pela falta de coragem, devem ser rejeitadas e combatidas porque pecam por cobardia e porque não tomam as decisões mais justas e mais acertadas. Mas, se são ditadas pelas circunstâncias que impedem que seja feito o melhor, então, teremos de fazer um esforço para avaliar as razões que levaram a tomar essas medidas. Porque, há intenções que, parecendo claramente injustas à partida, devem ser tomadas para evitar consequências ainda maiores, se eles não fossem tomadas.
Vivemos um tempo difícil de entender, custoso de suportar e tão incerto que nos tira a capacidade de prever o que pode vir a acontecer a seguir.
Bom, mas é tempo de Natal. É tempo de despedida do Ano Velho e de fazer o balanço para o Ano Novo que está a chegar. 
Já agora, vou aderir à ideia que me parece interessante de colocar uma vela na janela na noite de Natal. Simbolicamente, pode querer dizer que mantemos viva a esperança apesar das dificuldades que enfrentamos.
Façamos aqui uma paragem. É tempo de nos dedicarmos à família e de fazermos o balanço pessoal da nossa vida. No próximo ano cá estaremos para recomeçar. 
BOM NATAL E UM ANO NOVO, O MELHOR POSSÍVEL.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Que espírito de Natal?

A boa vontade que alguns assumem nesta quadra, contrasta com a fria indiferença que afivelam ao longo de todo o ano. Parece que só agora há pobres, há necessitados, há gente a viver nas ruas, há gente que precisa de ser vestida e alimentada. E ao longo de todo o ano? Não comem, não sentem frio, não necessitam de se abrigar?
Em certas atitudes caridosas há uma chocante hipocrisia que não deixa de suscitar grande revolta. Há ricos que, sendo incapazes de serem justos ao longo de todo o ano, são capazes de espaventosos actos de caridade nesta "santa época do Natal". Ora, como dizia Ghandi, "ver o que é injusto e não agir com justiça, é uma das maiores cobardias do mundo". Em certos casos, o Natal serve como uma espécie de mezinha espiritual que limpa todos os pecados que se fazem ao longo de todo o ano.
Mas não se conclua que há nestas palavras radicalismo. Há os que sendo ricos têm uma sensibilidade social que os leva a ter uma atitude solidária como empresários. São os que, por consciência social, são solidários durante todo o ano. Estes seguem aquele ensinamento muito antigo do sábio chinês., segundo o qual, para matar a fome de um homem, melhor que lhe dar um peixe é dotá-lo da capacidade de o poder pescar. Os  empresários que assim procedem são os que não precisam de mezinha para aliviar a consciência. 
De qualquer modo, mesmo para os hipócritas, é bom que seja Natal pelo menos uma vez por ano. Sempre alguém aproveita da necessidade que outros têm de fingir que se preocupam com o mal dos outros.
 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Gerir em situação de crise

Tenho para mim que a tão propalada crise não só não está em vias de acabar, como existem sintomas de que ainda não tenha atingido o seu ponto máximo de gravidade. Tenho consciência de que não possuo competência nem domino conhecimentos que me permitam emitir uma opinião deste tipo. Limito-me apenas a tentar manter-me informado. Dessa informação que vou recolhendo, retiro a convicção de que precisamos de usar de toda a prudência para não sermos surpreendidos pelos tempos que se aproximam. Na verdade, muitos dos que estão bem informados, há muito vêm anunciando que 2011 será ainda pior do que o ano que agora está a acabar.
Se isto deve ser tomado em consideração quando planeamos a nossa vida familiar, deve ainda merecer maior atenção daqueles que assumiram a responsabilidade de conduzirem a vida de todos nós. Não se deve nunca governar com leviandade. Mas, tomar decisões pouco sensatas na situação que estamos a atravessar, deixa de ser leviano para se tornar irresponsável, senão mesmo criminoso.
Quando os recursos são escassos, convém ter o máximo cuidado no modo como são distribuídos e aplicados esses recursos. Perante isto, não deixa de parecer insólito que, ao nível autárquico, ainda estejamos a assistir a gastos e investimentos de discutível oportunidade. Tenho uma certa dificuldade em compreender que se tenha feito, neste momento em que esta Câmara está esmagada por uma herança catastrófica a nível financeiro, se gastem milhares de euros a adquirir equipamentos que, na minha discutível opinião, não correspondem a necessidades essenciais desta comunidade.
Escusam de vir com o argumento da oportunidade, porque o que estou a tentar opinar é que não considero oportuno que sejam tomadas agora tais decisões. 
Vivemos um tempo em que toda a virtude deve estar no lado da contenção de despesas e na diminuição de dívidas, porque se as despesas esgotam os recursos, as dívidas provocam encargos que só vêm complicar ainda mais a escassez dos recursos.
Voltando ao tema já aqui tratado, insisto de novo na necessidade de bom senso. Porque se ele é necessário para cada um de nós, mais necessário é ainda para aqueles que encarregámos de cuidar do interesse de todos.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Conversa de fim-de-semana

Sexta-feira, à hora do almoço, reuniu-se o grupo habitual. De certo modo, constituímos uma espécie de tertúlia que vai comentando o que por aqui acontece. Às sextas-feiras, a perspectiva de fim-de-semana, parece que nos deixa um pouco mais animados. Desta vez, havia para comentar uma reunião que aconteceu na véspera. O Sr. Presidente da Câmara tinha convocado as associações do concelho para, por um lado, lhes dar conta da situação financeira da Câmara, por outro, para ouvir opiniões sobre o que fazer perante uma situação de acentuados cortes orçamentais. O nosso relator, que tinha participado na reunião, falou com algum entusiasmo de coisas que lá foram ditas. Sinceramente, fiquei com pena de não ter estado presente. Mas, a festas e baptizados... e eu não pertenço a nenhuma associação. 
Em resumo, pude concluir pelo que ouvi que, embora haja gente ainda muito dependente de um passado bastante próximo, sobretudo pelas vantagens e benefícios que obtinham, haverá também muita gente nesta terra capaz de pensar de maneira esclarecida, com imaginação e propor soluções adequadas para resolver os problemas. 
Foi também referida a opção expressa pelo Presidente de que seria dada prioridade absoluta aos problema sociais, sendo os recursos sobretudo canalizados para as associações que prestam serviços nesta área. Não posso estar mais de acordo.
Se isto reflecte uma decisão da parte dos que administram este concelho, que consiste em ouvir as opiniões das pessoas interessadas, só temos que louvar essa intenção. Esperemos que não se fique só pelas palavras e se passe aos actos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lido nos jornais


O Governo pretende apresentar uma proposta legislativa para mudar a Lei do Enquadramento Orçamental. Esta proposta tem como um dos seus principais objectivos, as câmaras municipais que passarão a estar sujeitas a um controlo mais rigoroso. Parece que, finalmente, o Governo entendeu que, se pretende de facto pôr o país a funcionar decentemente, tem de obrigar as câmaras a fazerem aquilo que a União Europeia o está a obrigar a fazer: gerir com rigor; prestar contas dos actos que praticam; controlarem as  despesas; racionalizarem o uso dos recursos.
De facto, todos os que andam atentos às questões da administração pública sabem que a actual Lei das Finanças Locais tem vindo a ser sistemática e progressivamente violada, sem que sejam devidamente responsabilizados e punidos os prevaricadores. Estes chegam mesmo a vangloriar-se da habilidade com que fitam a lei para obterem os mais variados efeitos, alguns dos quais além de violarem a legalidade, conseguem com isso atingir objectivos que são verdadeiros atentados ao bem público, acobertando actos de gravosa corrupção.  
Quem tem de viver em localidades onde a administração local caiu nas mãos de gente pouco escrupulosa, sabe bem as consequências que estas situações acarretam para a vida das populações. Com a agravante de, nestes casos, se gerar uma complexa rede de cumplicidades que vai corrompendo as próprias consciências de uma parte das populações.
Esta questão da administração local constituiu hoje um dos factores que mais influencia a administração central do Estado e que gera os graves problemas que enfrentamos. Como sempre, a generalização dos pequenos erros leva ao desencadear das grandes tragédias. E, a ganância de alguns, acaba por levar ao sofrimento de todos os outros.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bom senso

É comum ouvir-se dizer que o bom senso é das coisas mais mal distribuídas. Na área da política, então, o panorama é confrangedor. Em certas épocas, quer a nível do que dizem, quer do que escrevem, é ver os actores prometerem mundos e fundos e garantir que, com eles, tudo será diferente e para melhor. Atingido o objectivo de ocuparem a cadeira do poder, as acções que realizam nada têm a ver com o discurso produzido em tempo de angariar votos, e isto por razões diversas que vão desde o facto da crua realidade não se compadecer com as bonitas promessas, até à circunstância de acharem que uma coisa é prometer e outra cumprir.
Isto que se passa a nível de praticamente todo o país e em todas as instâncias do poder, parece ser aceite com alguma resignação pelas pessoas. No entanto, não há dúvida de que se a imagem dos políticos é hoje tão pouco considerada, tem muito a ver com esta realidade. Não se pode pedir que as pessoas acreditem quando são confrontadas diariamente com a mentira e uma má gestão dos recursos que são de todos.

domingo, 28 de novembro de 2010

A opinião e os blogues

Cada um terá as suas razões para desenvolver as acções que se propõe levar a efeito. Assim acontece com esta coisa a que chamamos blogues, porque ainda não encontrámos forma apropriada para designar esta coisa na nossa própria língua. Também na língua, como em muitos outros aspectos, estamos a ficar cada vez mais pobres e menos criativos. 
Na verdade, um blogue pode ter muitos e diversificados aspectos e ser feito com as mais diversas intenções: o exibicionismo, a manifestação desenfreada dos nossos fantasmas, a presunção de que somos senhores da verdade, a tolice de nos pensarmos engraçadinhos, ou a simples tentativa de exibirmos para os outros aquilo que, sendo os nossos interesses, julgamos que podem e devem ser os interesses de toda a gente.
Mas, pode também acontecer que seja algo de tão simples quanto isto: usar o blogue como uma maneira de evitar cometer erros que censuramos nos outros com quem convivemos. Vivemos um tempo em que muito se fala. E, muitas vezes, fala-se pensando pouco naquilo que se vai dizer. Daí que, alguns podem ver nesta forma de expressão uma maneira de reflectirem sobre acontecimentos, casos e pessoas, organizando assim a sua opinião e o seu pensamento.
Outros, podem apenas ver nesta forma de expressão, uma maneira de partilharem com outros os seus interesses, os produtos da sua imaginação ou da sua arte.
Há ainda os que, por exibicionismo ou vaidade, procuram apenas uma forma de notoriedade que, provavelmente, não conseguem alcançar no âmbito das suas relações pessoais ou das suas vidas profissionais. 
Enfim, como quase tudo o que é humano, predomina a variedade das formas e das intenções. Claro que estas determinam a maneira de estar e de agir neste universo que se designa, à falta de melhor, como a blogosfera. E isto reflecte-se também na atitude para com os comentadores e comentários que vão aparecendo à procura de interacção com os gestores desta forma de comunicação.
Tenho para mim que o blogue é uma forma particular e privada de comunicação. Por isso, assumo frontalmente a decisão de não deixar que outros se sirvam daquilo que me pertence para exibirem ideias, opiniões ou atitudes que eu, por princípio, repudio. E não me venham com o fantasma da censura. Trata-se apenas de defesa da minha maneira de entender os princípios que devem orientar as relações entre as pessoas. Para já, confesso que, mais rapidamente elimino um comentário insultuoso do que um que contradiga as minhas ideias.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O anonimato

Há um tempo atrás, não entendendo bem o significado do que li, publiquei um comentário que provocou uma resposta muito violenta de outro leitor que até se identificava. Percebi então que tinha deixado passar uma coisa que vai contra os meus princípios, ou seja, o texto continha insultos e ataques feitos de forma gratuita, mal educada e não fundamentada. Só que a resposta, ainda que identificada, era ainda mais insultuosa. Tomei a atitude que me pareceu mais acertada: retirei de imediato o anónimo e não publiquei o identificado que, de forma grosseira, insultava.
Isto, para mim, coloca mais uma vez a questão do anonimato em que penso com alguma frequência.
Em princípio, de forma pouco pensada, resolve-se o problema dizendo: o anonimato é coisa de cobardes. Mas será de facto? Será assim tão simples de arrumar uma questão que envolve alguma complexidade? E, quando o anonimato é utilizado respeitando princípios morais, obedecendo a regras de respeito e de consideração pelos que nos lêem e pelos que respondem ao que escrevemos?
E, quando o anonimato é uma demonstração de humildade, pois apresentamos as nossas ideias e renunciamos a receber os elogios daqueles que apreciam e aprovam o que escrevemos?
E, quando queremos apenas ter a liberdade de expressar o que pensamos sem ter de atender aos compromissos e limitações que todos sentimos da parte daqueles com quem nos relacionamos?
Pensando nisso, chego muitas vezes à conclusão de que não teria escrito certas coisas se soubesse que, no dia seguinte, teria de enfrentar os comentários dos meus amigos, dos meus familiares e dos meus companheiros de trabalho. Tenho também a certeza de que alguns iriam tentar influenciar-me para que escrevesse o que mais lhes convinha, enquanto que outros pensariam com desconfiança se era mesmo eu que escrevia, talvez por não me acharem com competência.
Aos que associam o anonimato a cobardia, respondo que considero muito pouco inteligente arrumar a questão com tanta ligeireza. O anonimato, em si mesmo, não é nem deixa de ser cobarde. Cobarde pode ser a maneira e a intenção com que se usa o anonimato. Como cobarde é o que, de cara descoberta, intriga, calunia, difama, mentindo intencionalmente com o objectivo de prejudicar e desacreditar os outros.

domingo, 21 de novembro de 2010

Haja coerêencia!

A Fenprof acusa o Ministério da Educação de ilegalidades e ameaça recorrer aos tribunais. E a que se deve esta atitude desassombrada e corajosa duma tão prestigiada instituição?
Diz a Fenprof que, devido às ilegalidades que estarão a ser cometidas no âmbito da avaliação do desempenho docente, pois que o ministério não sabe como aplicar o actual modelo de avaliação, há razão para, em defesa dos direitos da classe, exigir a suspensão imediata da avaliação. 
Estamos mais uma vez perante uma situação que de tão habitual começa a suscitar falta de pachorra para aguentar estas questiúnculas e reclamações. 
Torna-se cada vez mais frequente a insuportável situação de tudo se exigir em termos de direitos e em nada se ceder no que respeita à aceitação dos deveres. Para mim que, desde há muito e constantemente, sou avaliado pela entidade patronal que me contratou, cada vez mais me parece absurda esta recusa sistemática dum grupo profissional aceitar que a avaliação é um direito de quem nos contrata e um dever de a ela nos submetermos, nós que somos os contratados. E, digo desde já que, por tudo o que tenho lido e ouvido, é cada vez mais para mim uma convicção que os professores não aceitarão qualquer tipo de autêntica avaliação por não quererem abdicar do seu privilégio de poderem agir profissionalmente sem se sujeitarem a uma apreciação da qualidade e do valor do trabalho que produzem. Sendo este trabalho uma questão de grande importância em termos sociais e com grande peso na preparação das futuras gerações, torna-se-me difícil entender a persistência em recusar um dever essencial para o desenvolvimento desta sociedade e deste país.
Por que não tomam a atitude que me parece mais coerente de cumprirem primeiro e, depois, apresentarem as reclamações e as sugestões de alteração que lhes parecerem justas?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ou há moralidade, ou...

Neste diferendo entre as autarquias e o governo, por causa das dívidas, há coisas que, bem analisadas, não fazem o menor sentido. Ou será que fazem sentido demais?
Senão, vejamos: 
O senhor Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), protesta exaltadamente porque o governo deve às autarquias 176 milhões de euros, sendo que nesta verba se incluem os 76 milhões que dizem respeito às questões relacionadas com a educação.
Com base nisto, o senhor presidente da ANMP, ameaça com "a intenção de várias câmaras devolverem ao ministério a gestão das escolas" e sugerindo que "negociar com o Estado, só com o dinheiro na mão".
Ponhamos de parte a averiguação de quem terá ou não razão, sem ignorar que os responsáveis pelo Ministério da Educação protestam, apresentando argumentos comprovativos de que as dívidas têm sido regularmente liquidadas.
Perante esta questão, ocorre-me um velho provérbio que diz: "Quem não for justo, não deve clamar por justiça". E isto porque, segundo dados revelados no Parlamento, em sessão da Comissão do Orçamento e Finanças, "a 30 de Julho, as autarquias tinham dívidas a fornecedores no valor de 2.600 milhões de euros. Ora, diz o povo que "quem deve, não tem razão para exigir que lhe paguem" e que "não se deve estender a perna para além do lençol". Por outro lado, porque não aplicar aos municípios a "lei" que eles ameaçam aplicar ao governo? Ou seja, deveriam os fornecedores impor o crédito zero e passarem de imediato a só fornecer às autarquias aquilo que pagassem com dinheiro à vista.
É que nisto, fica-se com a impressão de que, no que respeita a dívidas, o senhor presidente da ANMP propõe dois pesos e duas medidas que se traduzem noutros ditados populares:
- Para os seus devedores, "no que tiveres de pagar, não te faças demorar";
- Para os seus credores, "pagar e morrer, o mais tarde que puder ser".

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tenham juízo!

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), continua a sua campanha de guerrilha contra o governo, esgrimindo razões em favor da sua tese de que este não paga às câmaras municipais, enquanto do governo sempre respondem que estão a ser cumpridos todos os compromissos.
Para além de saber quem tem razão, não podemos deixar de ter em atenção o seguinte: parece que toda a gente anda mais preocupada em acusar os outros pelo que não fazem do que em cuidar de cumprir as suas obrigações. Não caberá aos presidentes das câmaras terem a capacidade e o discernimento para continuarem a resolver os problemas das populações que os elegeram, em vez de andarem em politiquices em favor dos partidos em que estão inscritos?
Ainda há dias, num debate entre jornalistas na rádio, um deles dizia que era tempo de, em vez de se andar a gritar porque existem problemas, se deviam mostrar os casos daqueles que estão a encontrar soluções para os resolver. Sim, porque, de facto, como se pode aceitar que os presidentes de câmaras reclamem aos gritos mais dinheiro para alimentar e transportar as crianças das escolas e para apoiar os sectores mais carentes da população, sendo escandalosamente notório que gastam descontroladamente rios de dinheiro em festanças e outras alarvidades?
Apetece dizer a tais figurões: tenham juízo! Cumpram aquilo para que foram eleitos! Porque, se cada um de nós fizer um esforço para resolver os problemas que são de todos, a crise poderá ser vencida. De outro modo, resta-nos assistir passivamente ao desvario destes senhores que, na sua ganância e estupidez, nos estão a arrastar para o abismo.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E nós por cá?

Lê-se em Três Paixões que:
"O Presidente Rondão Almeida revelou que em 2011 haverá cortes no orçamento municipal no que respeita a festas e eventos. Carnaval, festas, animação das noites de Verão e Expo São Mateus irão ver menos dinheiro disponível para a sua realização, com uma redução de 50%." (Aconselho que leiam todo o texto)

Na verdade, se há vários estilos e modos de fazer política, sendo certo que o populismo é um deles, não é menos verdade que, em todas atitudes, opções e comportamentos políticos, podemos distinguir os que tomam opções acertadas, adequadas e inteligentes e os que, sem cuidar de razões, nem atender às circunstâncias, são incapazes de mudar o seu rumo, caminhando tonta e alegremente para o abismo. Os tempos não estão para tolas ilusões. A crise está aí instalada e afecta todos os sectores da sociedade. As câmaras municipais vão ser fortemente penalizadas, não apenas pela redução orçamental que já sofreram mas, sobretudo, pelos hábitos de despesismo, pela impunidade de que têm gozado, a fazerem apenas aquilo que lhes dá na gana e que lhes parece servir os seus mesquinhos interesses. Para estes, o perigo é evidente: vão acordar tarde demais, quando já não for possível qualquer remédio.
Tomando as coisas por esta perspectiva, faz sentido lançar uma pergunta que é um alerta:
- E nós por cá?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Talvez porque é Outono

Hoje, o dia amanheceu com um céu de chumbo, um cinzento carregado que nos tira a vontade de fazer seja o que for. Precisamos de encontrar ânimo para ultrapassar um dia assim. Ainda por cima, uma chuva miudinha carregou mais a nossa tendência para nos sentirmos deprimidos.
Passei os olhos pelos diversos blogues. Parece que, também eles, estão com falta de entusiasmo, algo abatidos por este Outono que começa a anunciar o frio de Inverno que se aproxima. Um dos blogues fala do Orçamento Participativo. Também eu, que passei por todas as sessões, pude constatar a falta de adesão e de entusiasmo participativo. No dos empresários ainda houve um arreganho de oposição manifesta, muito bem contestada pelos responsáveis pela animação da sessão. De facto, quem tem telhados de vidros... deve esconder a mão e a pedra para não se expor a apanhar pedradas. 
Nessas sessões, pode-se constatar que, em Campo Maior, há um défice de capacidade democrática para a intervenção. Foram muitos anos de quero, posso e mando e de muita acção mais para adormecer do que para estimular a participação das pessoas de forma a colaborarem na resolução dos problemas colectivos. Vai ser precisa muita paciência e muita insistência para que renasça a vontade de intervir. 
Para isso, ponham-se de parte essas tontas manifestações de suposta animação e promovam-se coisas que vão ao encontro da inteligência e das capacidades das pessoas. É esse o caminho que me parece certo para, de forma consolidada, se construir um futuro para esta comunidade. Sem isso, estaremos condenados à "apagada e vil tristeza" em que nos estamos a consumir.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Associação das Festas do Povo

Está prevista para hoje a eleição dos novos corpos sociais da Associação das Festas do Povo de Campo Maior. Eis que, o que parecia já finado de todo, regressa à vida. Vamos ver com que genica e ganas para dar continuidade a uma tradição, talvez a mais importante da cultura campomaiorense.
Para já, pelo que é possível avaliar neste momento, não se adivinham grandes novidades. O pessoal da Delta é dominante na lista apresentada. Em princípio, não há mal nisso. Entre esse pessoal estão alguns dos mais capazes para levar a bom porto a finalidade prioritária da Associação: promover a realização das Festas.
As grandes dúvidas consistem na oportunidade e nas condições em que estas poderão ser realizadas, a confirmar-se a data de 2011. Isto porque, atendendo à conjuntura de crise que atravessamos, será o peso comportável pela autarquia e pela população de Campo Maior?
Por outro lado, haverá vontade suficiente das pessoas para empreenderem essa grande tarefa que é fazer as flores e os outros elementos decorativos para as ruas?
Num tempo em que estamos empenhados em compreender e discutir o proclamado Orçamento Participativo, não seria de ensaiar uma forma ainda mais autêntica de participação democrática realizando um referendo a sério sobre a oportunidade de realização das Festas? Ou preferem tomar a sério o que não passou de um mero acto de propaganda a que chamaram sondagem, feito na Feira?
Talvez convenha ter uma atitude mais ponderada e responsável perante uma decisão que acaba por envolver, directa ou indirectamente todos os habitantes de Campo Maior.
Não basta proclamar que as Festas se fazem quando o Povo quer e depois tudo ser decidido por uma minoria, ignorando a verdadeira vontade do Povo.
E atenção: um referendo, autenticamente democrático não se faz em assembleias por votação de braço no ar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Que raio de vida esta!

Às vezes, há actos que nos afectam tão profundamente que nos levam a proceder de modo a nos sentirmos depois pouco satisfeitos com aquilo que fizemos.
Sei bem que, como todos nós, tenho que sujeitar-me a coisas que vão contra a minha maneira de ser e de entender as coisas. Fico então tão zangado comigo mesmo que nem consigo consolar-me dizendo que não podia ter feito de modo diferente...
Enfim... o que passou, passou e há que seguir em frente porque o que não tem remédio remediado está. Por mais que me custe, tive que aturar aquela maldita festança, aquela demonstração de irresponsabilidade, de insensibilidade e de descaramento. Toda aquela gente se empanzinava com uma indiferença chocante perante esta situação em que vivemos, tão aflitiva e tão ameaçadora para tanta, tanta gente. 
Por causa da falta de coragem para recusar a participação naquela situação tão lamentável, passei o que restava do longo fim de semana a remoer a revolta e a repugnância que tudo aquilo me provocou. Estava tão zangado comigo mesmo que não conseguia pensar direito.
Por isso, resolvi ficar quieto até que tudo isto me passasse.
Há gente que consegue divertir-se quando sabem que os outros sofrem?
Há gente capaz de tanta indiferença?
Hoje, regressando ao trabalho normal, pareceu-me ver nas atitudes de outros, sinais de que estavam a sentir algo parecido com o que eu sinto. Por isso, pensei que seria melhor deitar cá para fora, neste escrito, toda esta revolta.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ganhar juízo

Um bom amigo que muito estimo, tanto insistiu que me fez sair de casa à noite, para um copo. Há muito que o não fazia e confesso que logo me arrependi de o ter feito. Talvez tenha sido azar. Mas tivemos de aturar cada "melga" que não aguentei e, passado pouco tempo, já só pensava em livrar-me de tudo aquilo, quanto antes.
Não há dúvida... perdi a capacidade de aguentar certas situações. Há gente que enfia copos apenas para ainda ter maior capacidade de bolsar disparates e exibir a sua infinita estupidez.
Assim, eis-me de volta a casa com esta incómoda sensação de ter desperdiçado tempo que teria aproveitado para ouvir música, ler e escrever, ou seja, para fazer coisas que seriam do meu agrado.
Bom... estou mesmo tão danado que prefiro ir dormir e esquecer este episódio.
Amigo Zé: acho que não me voltas a apanhar noutra. Para a próxima será à minha maneira: vamos jantar num lugar sossegado e pôr a conversa em dia.
Já me disseste quanto te espanta esta atitude, vinda de mim que, noutros tempos tanto apreciava a "noite". Pois é... o problema é mesmo esse. Sinto que perdi tanto tempo inutilmente, que isso deixou de ter para mim qualquer interesse. Olha: se calhar tens razão! Estou mas é a ficar velho! Eu prefiro pensar que comecei a ganhar juízo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Um caso exemplar

Creio que já uma vez tinha referido, num texto aqui publicado, que tenho uma familiar minha de quem muito gosto a frequentar a Universidade Sénior que funciona na CURPI.
Agora anda satisfeitíssima  porque recomeçaram as actividades na sua Universidade. Vejam bem, logo ela que de início teve tanta dificuldade em decidir-se a frequentá-la. Dizia-me ela que aquilo lá na CURPI não lhe inspirava grande confiança. Porque era uma casa só dos homens e por outras razões que nem se atrevia a dizer. Afinal, tudo isso está ultrapassado. Agora passa a vida a falar-nos do que por lá faz e do que vai aprendendo. Quanto a reservas, tudo passou. Ela que é tão ciosa das suas crenças, refere constantemente que por lá toda a gente se respeita. Isto na boca dela, tem mesmo muito peso.
Com base nisto, sou obrigado a reconhecer que, apesar de tudo o resto, há ainda gente em Campo Maior capaz de realizar coisas importantes para as pessoas, sem precisar de fazer grande espalhafato. Atrevo-me mesmo a dizer que será das melhores coisas que, no campo da cultura, têm acontecido nesta terra.
Ainda por cima, pelo que vou sabendo, tudo é feito sem grandes gastos, uma vez que todo o trabalho é feito em regime de voluntariado.
Sei também, pelos relatos que me são feitos, que as viagens que organizado, têm sempre um grande interesse cultural. Garanto-vos que às vezes fico com pena de não me poder associar a tal projecto. Até já pensei oferecer-me para colaborar. Mas, o raio da vida profissional, com as suas responsabilidades e os seus horários, tornam isso muito pouco provável. Resta-me apenas formular um voto: que as autoridades locais estejam atentas para ajudarem a desenvolver e a manter iniciativas deste tipo.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A regionalização?

Aparece com bastante frequência na imprensa escrita e algumas vezes por aqui, nos blogues, o tema da regionalização. A ideia em si parece muito agradável e interessante, pelo menos, numa primeira anáilise.
Contudo, quando nos pomos a pensar melhor, quando olhamos atentamente para o que tem sido o poder local nas últimas décadas, começamos a duvidar de que haja garantias de a regionalização ser uma solução que nos possa garantir os melhores resultados.
Se, assim, com uma administração centralizada são tantos e tamanhos os  desmandos, como seria com a descentralização? Que garantias teríamos de uma rigorosa e atenta fiscalização que procedesse a um constante controlo das decisões politicas e financeiras a nível regional e local?
Com as práticas que todos nós observamos, com a tendência para o compadrio e para a satisfação das clientelas, não seria ainda maior o risco de agravar a crise que parece não querer abrandar?
Só com uma nova atitude e com uma nova geração de políticos com comportamentos diferentes dos que actualmente predominam, se poderia pensar em conceder maior autonomia regional. 
Por outro lado, sendo o nosso país tão pequeno, e vivendo nós num tempo com tanta facilidade de deslocação e de comunicações, justifica-se tanto barulho à volta do problema da regionalização?
Talvez que, em vez disso, fosse preferível aperfeiçoar o sistema que temos e resolver os nossos problemas. Parece que temos tendência para estar sempre a mudar e, afinal, o que acontece é que tudo acaba por ficar sempre na mesma.

sábado, 23 de outubro de 2010

As crises ou a crise?

A comunicação social, tanto a escrita como a televisionada, conseguem dar a aparência de grande actualidade a coisas que bem analisadas, chegamos à conclusão de que se arrastam há tantos anos que já parecem fazer parte da normalidade. 
Aquilo que agora nos aparece todos os dias e em todos os noticiários como o grande tema, comentado em termos tais que até parece tratar-se de grande novidade, talvez não passe de mais um episódio de uma situação permanente de crise que teima em perdurar desde há mais de trinta anos.
Senão, vejamos: 
A primeira grande crise em democracia deu-se em 1977/1978; a segunda, foi em 1980/1982 (o Fundo Monetário Internacional interveio em Portugal em 1978 e  1983; a terceira, a do choque petrolífero, ocorreu em 1993; já neste século, tivemos a de 2002/2003 e agora estamos mergulhados noutra desde 2008. 
Todas estas crises tornaram bem evidente a fragilidade estrutural da nossa economia. Isto torna-nos uma país muito exposto às variações da conjuntura económica internacional.
Assim sendo, os nossos problemas não se resolvem nem com a aprovação ou não de um orçamento, nem com mais ou menos mudanças de governo. Nós precisamos de reformas profundas. E o que nos falta são políticos dotados de coragem e de competência para as levarem a efeito. Enquanto formos governados por gente que só toma decisões a pensar nos resultados eleitorais, não haverá solução pra os nossos problemas. Isto não significa que precisemos dum providencial ditador, como antigamente. Precisamos é de autênticos democratas dotados de autêntico carácter.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Festas para o povo?

As Festas do Povo de Campo Maior são também festas para o povo de Campo Maior. Isto que parece um jogo de palavras, contém uma verdade que é preciso tomar em consideração. Porque as Festas trazem sempre grandes encargos para a maior parte da população desta vila. Todos sabemos que, para além do esforço que envolvem, as Festas implicam sempre gastos pesados para orçamentos de boa parte das famílias. Ora, na situação actual, muitas dessas famílias estão em muito más condições para suportarem esses encargos. Todos sabemos, porque assim é costume, que as casas se enchem de visitas que se instalam e que é preciso sustentar. É isso que exige o tradicional hábito de bem receber.
Tomando isto em consideração, cabe perguntar se estamos em condições de nos abalançarmos neste momento para semelhante iniciativa. Os que passam o tempo a clamar que as Festas são quando o povo quer, são os que menos se preocupam em saber se o povo as quer verdadeiramente neste momento. Não conheço qualquer sondagem séria que permita confirmar essa vontade. Tudo o que foi feito peca pelas fracas condições que não reflectem a vontade da maioria das pessoas. Sim, porque não me venham convencer que aquela "sondagem" feita durante a feira de Agosto, tem qualquer credibilidade. Eu, podia perfeitamente ter posto lá uma quantidade de papéis, bastava que lá colocasse um de cada vez que lá passava. É preciso cuidado com certas afirmações. Porque não basta escrevê-las num qualquer panfleto para passarem a ser verdades.
Outra questão que se impõe é a seguinte: a Câmara Municipal está, ela própria, nas melhores condições para realizar tão ambicioso evento? 
Foi feita uma análise ponderada dos erros cometidos em 2004 e estão bem pensadas as soluções para evitar que esses erros se repitam?
Manda a prudência popular não dar passos para além do alcance das pernas. E diz-se também que nunca é demais prevenir porque essa é a melhor forma de não ter de remediar.
Eu, por mim, adoro as Festas e gostaria que elas se realizassem. Mas seria para mim um grande choque se elas fosse um fracasso ou um agravamento tal dos nossos problemas que viessem a pôr em risco o futuro das próprias Festas e da nossa comunidade.
Tenho para mim que se as Festas devem ser feitas quando o povo quer, acima de tudo, devemos pensar que elas devem ser feitas quando o povo pode.

domingo, 17 de outubro de 2010

Corremos para o abismo?

Pega-se no jornal e lê-se sem surpresa coisas que, embora extraordinárias, a elas estamos tão habituados que já nem conseguem causar-nos espanto. Ou seja, estamos carentes de tudo. Estamos aflitos com as contas do Estado que não param de agravar o seu desequilíbrio, o desemprego não pára de crescer, cada um de nós tem cada vez menos para pagar os compromissos que temos de assumir.
Apesar disto, somos informados de que se gastam montanhas de dinheiro em coisas de oportunidade e de necessidade mais do que discutíveis.
O jornal de há dias trazia estes mimos como exemplo:
- O Turismo dos Açores terá pago 1,5 milhão de euros a uma empresa pela organização das "7 Maravilhas Naturais de Portugal";
- Uma empresa de consultadoria recebeu um milhão de euros do Estado e ocorre-nos perguntar - para quê? 
- O primeiro-ministro fez um contrato de 63 mil euros com uma empresa que fornece arranjos florais;
- A ida de uma comitiva portuguesa à 53ª Bienal de Artes de Veneza terá custado uma avultada quantia, a avaliar pelo preço de um único jantar num hotel de luxo que custou 13.500 euros;
- A RTP, empresa pública, gastou mais de 50 mil euros em agendas e brindes e igual quantia gastou a Casa Pia para o mesmo efeito.
A lista peca por defeito porque estes casos são apenas uma minoria dos que vão acontecendo e nem sequer são dos mais graves. Mas ocorre-nos pensar: isto que se passa a nível do estado central, como decorre a nível das autarquias?
Nós que por aqui vamos vivendo, sabemos os exageros em gastos supérfluos ou de legitimidade discutível que por todo o lado se praticam.
Quem viesse de fora e visse isto, poderia acreditar que estamos mergulhados num ponto alto de uma grave crise?
E se cada um de nós, a nível local, começasse a tomar nota dos casos de despesismo inútil a que vai assistindo?
A vigilância é uma forma muito importante de controlo democrático.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Promessas eleitorais

Um certo exagero nos elogios usados num blogue de Campo Maior, provocou o aparecimento de uma mão cheia de comentários de desigual justiça e acerto quanto às opiniões que manifestam. Se é certo que para todos eles se poderia se dizer que Roma e Pavia não se fizeram num dia, se é também difícil negar que há pontos muito fracos na actual gestão camarária, há outras questões que merecem ser muito bem pensadas porque consistem em erros graves na elaboração do programa eleitoral que levou à eleição do actual elenco camarário. Eu não estava em Campo Maior nessa altura. Mas, quando mais tarde, pude ter acesso aos documentos, fiquei francamente irritado com alguns aspectos desse programa. Entre outras coisas fixei o pormenor da famosa marina na barragem do Caia. Embora não seja a única insensatez das coisas inventadas pelas mentes alucinadas que parecem ter colaborado neste programa, esta será talvez uma das de maior exagero. O exagero é tão grande que ressalta à vista de qualquer pessoa que uma obra dessas seria no mínimo tão pouco realista e tão insensata como a construída piscina coberta. Primeiro, porque não se trata de uma necessidade urgente de Campo Maior; em segundo lugar seria insensato fazê-lo numa altura em que há tanta falta de recursos, tantos problemas e tantas necessidades para resolver. Por outro lado, os gastos de dinheiros públicos têm de ter algumas regras: ou são úteis do ponto de vista social, ou têm de ter uma real expetativa de retorno. Acrescente-se ainda a dúvida que me assiste de ser adequado e legalmente possível construir tal marina numa barragem que tem como uma das suas funções o abastecimento de água às populações. 
Por isso, a ironia usada por alguns dos comentadores do texto atrás referido, acertam em cheio na crítica que deve ser feita a certas propostas eleitoralistas que nada têm, nem de bom senso, nem de seriedade e que são feitas por gente que não parte da única atitude séria e rigorosa que deve ter qualquer equipa que se propõe elaborar um programa eleitoral. Ninguém o pode fazer corretamente sem fazer um sistemático e rigoroso levantamento de necessidades e de problemas. 
E atenção ao ORÇAMENTO PARTICIPATIVO! Se não é para ser feito com rigor, mais vale que não seja feito.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Para que conste

"Nas finanças, temos de fazer um estudo das despesas muito pormenorizado e sossegado. Não é ir aos salários... é ver despesa a despesa.
Por exemplo, o mapa autárquico de mil oitocentos e tal não presta. Temos 30% de municípios com menos de dez mil habitantes... o que pagam de impostos não dá para o presidente da câmara o chauffeur e a secretária!
Tem de se reorganizar o mapa autárquico. 4.500 freguesias é um disparate! E, sabe porque não se mexe no mapa autárquico? Porque há presidentes de câmara que tinham de ir tratar da vida para outro sítio. Não se faz nada que mexa em interesses!

Empresas municipais - suprimir a eito. Essas empresas? Então a gente viveu sem elas até há cinco anos! O que houve foi um esperto que descobriu que aquilo era maneira de fugir com o dinheiro às contas. Endividam-se pelas empresas municipais, e não se endividam pelas câmaras. Se eu estivesse nas Finanças, no dia em que aparecesse a primeira, não deixava andar nem mais uma! Acabar com piscinas, redondéis, coisas onde se gasta dinheiro.

Não preconizo que se mexa no Estado Social, em pessoas com trezentos euros de reforma, que já são uma desgraça. Deve-se mas é acabar com as despesas inúteis todas...

Os carros devem ser de modelo médio para ministros e têm de durar cinco ou seis anos. Quando fui ministro, tinha um carro recuperado da sucata da Alfandega de Lisboa."

Medina Carreira em entrevista à TSF e ao DN, 10 de Outubro


domingo, 10 de outubro de 2010

Maus hábitos

Que triste espectáculo a que assistimos quando verificamos que as nossas ruas estão quase sempre cheias de lixo, com papéis, embalagens, sacos de plástico e outros tipos de porcarias. 
Há gente que resolve a questão com toda a facilidade dizendo, "são os ciganos". E de consciência tranquila, passam adiante. De facto, são também os ciganos, mas não só. Quem quiser com olhos de ver poderá facilmente confirmar que há muitos não ciganos a contribuir constantemente para o desmazelo em que se caiu nesta terra no que respeita à limpeza dos espaços públicos. Desde as criancinhas de escolas, aos mais idosos, vemos constantemente deitarem para o chão todo o tipo de porcarias.
Isto parece tão enraizado nos hábitos da população que se coloca um problema: que fazer para mudar este estado de coisas?
A mim passa-me pela cabeça que se trata de um problema de educação. Assim sendo, há uma instituição que não pode ficar fora desta questão. Porque, é ainda mais chocante ver a maneira como as crianças das escolas sujam o seu próprio espaço, deitando todo o género de coisas para o recreio, quando não vão mesmo ao ponto de deitar cá para fora as embalagens das coisas que acabaram de comer ou beber
Parece-me a mim que o papel da escola não se deve limitar a ensinar as matérias. Deve também educar, levando as crianças a adquirir hábitos que as tornem mais educadas e mais aptas para viverem em sociedade. Há mesmo escola tão preocupadas com o desenvolvimento da cidadania que levam a cabo muitas acções para sensibilizar as crianças para a necessidade de manter limpo o meio que as rodeia e para a prática de hábitos como a reciclagem dos lixos.
Tenho para mim que ganhar a batalha da higiene pública será uma forma de contribuir para a melhoria geral da educação. É sabido que, frequentemente, as próprias crianças levam para as famílias os hábitos e os comportamentos que aprendem nas escolas.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Diversão e cultura (outra vez)

Acabo de consultar o portal da Câmara Municipal de Campo Maior e fico espantado com aquilo que leio. Num texto datado de 6 de Outubro, são referidas as iniciativas que tiveram lugar no Centro Cultural da vila, com realce apenas para a sessão de fados na noite de 2 do corrente mês, para o desfile de moda infantil, seguido do espetáculo musical com crianças que participaram no programa da TVI "Uma canção para ti".
Que raio se passa com as pessoas responsáveis por esta informação?
Se alguém a viver fora de Campo Maior procurasse estar informado sobre o que por aqui se passa, ficaria com a ideia de que nada de mais importante se realizou por estas bandas.
Ora bem... Na tarde do mesmo dia 2, assistiu-se a uma manifestação cultural de grande qualidade e de grande interesse para a nossa comunidade: uma homenagem a um campomaiorense ilustre, Professor Doutor Mário Ruivo, personalidade de reconhecimento internacional, a celebração do centenário da República com referência aos familiares do homenageado que tanta importância tiveram na implantação da República em Campo Maior e uma exposição do espólio do pai do homenageado.
Alguma da blogosfera campomaiorense deu grande realce a este acontecimento. Mas parece que os responsáveis autárquicos estão de costas viradas para uma realização que eu pensava que tivesse sido de sua iniciativa. Além de não ser noticiada a cerimónia de dia 2, também não se faz qualquer destaque à exposição que está patente ao público no Centro Cultural.
Voltamos a depararmo-nos com a velha questão: parece que para os responsáveis pela cultura, esta se reduz apenas a actividades de diversão. Porquê? Porque a cultura não dá votos? Vejam lá, eu a julgar que esses tempos estavam ultrapassados.
Francamente... há que ter mais discernimento e mais atenção porque há muita gente atenta ao que se está a passar. Ouçam o que por aqui se diz e verão que tenho razão.

Má-língua e espírito crítico

Por um questão de princípio, não gosto de revelar as minhas convicções religiosas ou políticas. Por um lado porque não tenho espírito de seita nem gosto de sectarismos. Por outro lado, porque entendo que as regras de boa convivência e de boa educação nos impõem uma atitude de tolerância e de respeito pelas crenças, convicções e opiniões dos outros.
Dito isto, confesso que desta vez, é com grande prazer que transcrevo as ideias com que me identifico tanto mais que são expressas por alguém que muito considero:
Os católicos estão perante um convite à participação numa investigação e num debate que conduzam a uma nova ordem pastoral. Ficar de fora para, depois, vir dizer que não se faz nada ou que aquilo que se faz está mal feito, não me parece melhor opção. 
 A má-língua nada tem a ver com o espírito crítico, que se caracteriza pela capacidade de ver, analisar e avaliar, isto é, saber destrinçar para decidir segundo os dados recolhidos. A má-língua é derrotista e paralisante. O espírito crítico, pelo contrário, ao não reproduzir velhas perguntas - perguntas velhas que só podem trazer velhas respostas -, levanta questões que, pondo em causa falsas evidências, abrem o caminho à investigação do desconhecido
O sublinhado é meu, mas o texto é de Frei Bento Domingues O.P., no jornal Público de 3 de Outubro de 2010.
Embora num contexto de pensamento cristão, estas ideias e princípios são universais e por isso entendo que devem ser divulgadas. Principalmente, numa sociedade como esta em que nos integramos, onde campeia a má-língua e falta espírito crítico, vontade e capacidade para remediar necessidades e erros que se resolveriam com maior compreensão e intervenção.

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma Homenagem Maior em Campo Maior

Acabei de ler em Objectiva Fotográfica - Campo Maior um belo texto sobre um evento cultural. Também lá estive. E, digo-vos, com toda a emoção e sinceridade que se tratou de um acontecimento como ainda não  me tinha sido dado assistir aqui em Campo Maior.
Embora se tratasse de homenagear um campomaiorense tão notável como desconhecido de boa parte da população de Campo Maior, o Professor Doutor Mário Ruivo, esta homenagem foi pensada e organizada de modo inteligente, de modo a que as pessoas que a ela assistiram pudessem aproveitar, aprendendo sobre a história de Campo Maior e reflectindo sobre algumas características muito próprias da nossa cultura. Esta cerimónia teve pouco de cerimonioso e muito de afectividade. Elogiou-se uma família que, no século passado, marcou profundamente a vila de Campo Maior. A exposição que foi inaugurada e que estará até ao fim de Outubro no Centro Cultural, ilustra bem a importância que esta família teve na sociedade campomaiorense.
E que dizer do Coro da Academia Sénior de Campo Maior? Esta academia, que se tem desenvolvido de forma tão discreta e tão modesta, começa a revelar os frutos do interessante trabalho que aí tem sido levado a cabo. Que bom foi ouvir aquelas vozes dos nossos seniores a revelarem-nos como foram noutros tempos interpretadas as "saias", essa manifestação tão popular e tão campomaiorense.
E a nossa banda? Que prazer me deu ouvi-los tocar para uma assistência tão interessada e tão participante! E como conseguiram empolgar a assistência, levando-a a cantar a uma só voz e de pé o Hino Nacional!
Para além do mais, esta realização demonstrou que há gente com capacidade e vontade para fazer coisas interessantes e importantes aqui em Campo Maior. E demonstrou também que há assistência para estes eventos culturais: a sala estava à cunha.
Os meus agradecimentos e os meus parabéns a todos os que estiveram envolvidos na organização.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ainda sobre os ciganos

Por temperamento e por formação, tenho muita dificuldade em aceitar teorias e posições fundamentalistas, seja sobre o que for. A realidade das coisas nunca é a preto e branco. Há sempre muitas tonalidades e muitos aspectos diferentes a considerar, sobretudo, quando se trata de questões sociais.
Pergunto-me muitas vezes se a defesa fundamentalista do que alguns consideram ser a cultura cigana, querendo dizer com isso que têm e devem conservar comportamentos que lhes são próprios, não é uma forma que leva mais à conservação dos sofrimentos que essa gente tem sofrido ao longos dos muito milhares de anos desde que terão chegado à Europa. 
Afinal em que consistem hoje esses comportamentos? Na sua grande ignorância que os torna incapazes de garantir a sua sobrevivência em condições aceitáveis? Ou que os torna numa espécie de parasitas na dependência dos povos com que convivem?
E em que condições têm vivido de facto a grande maioria dos milhões de ciganos espalhados pelo mundo? O facto de nunca se terem integrado na totalidade na sociedade, não é a principal causa da miséria das suas condições de vida?
O baixo nível de instrução e a sua falta de educação não serão as causas principais que os tornam tão pouco simpáticos aos olhos das outras pessoas?
Conservá-los na situação de miséria em que vivem é, de facto, a melhor forma de os proteger e de lhes proporcionar melhores condições de vida?
Poderemos não admitir para nós que alguém viva apenas com direitos e sem deveres? E não é isso que, de facto, muitas vezes consentimos aos ciganos?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Língua portuguesa

Dizia Fernando Pessoa, a "minha Pátria é a língua portuguesa". A mim ensinaram-se desde pequenino que se deve amar e respeitar a Pátria. O que quer dizer que, se tivermos a mesmo opinião do nosso grande poeta, devemos amar e respeitar a língua portuguesa. Ora, o que mais se vê por aí são grandes atentados à nossa língua. Mas o que mais me incomoda é o exagero no uso de palavras de outras línguas, principalmente o inglês, quando em português existem palavras para designar as mesmas coisas. 
Vêem-se empresas e produtos que têm nomes em inglês, algumas com a justificação da globalização e de ser mais fácil entrarem nos mercados estrangeiros. Em parte até se aceita. Mas a nível oficial parece-me uma coisa muito estranha. Quem não se lembra da famosa campanha de promoção do "Allgarve", que foi motivo de risota e de chacota nacional por ter sido considerada uma ideia muito ridícula? Porque devia ser o Estado a dar o exemplo e a respeitar a língua portuguesa, sem concessões de qualquer ordem. A nível local, a moda de dar nomes em inglês a certos eventos também está aí. Esperemos que não venha para ficar.  Parece que há a intenção de mostrar que se faz diferente apenas porque se muda o nome. 
Na minha opinião isto revela, sobretudo, uma grande dose de parolice.
Bom, e assim sendo: "Adeus, adeus, até à próxima mensagem"!

sábado, 25 de setembro de 2010

Maneiras de estar na política

Aparecem por vezes, a nível local, indivíduos que, embora não tenham grande formação, são de tal modo empenhados em encontrar soluções para os problemas que acabam por fazer um tipo de administração bastante aceitável. Embora lhes falte capacidade para grandes voos, são capazes de ouvir conselhos e opiniões de gente melhor preparada e assim vão aprendendo com a prática. Sobra-lhes em bom senso e vontade de aprender aquilo que lhes falta em formação.
Mas, o que mais abunda na política autárquica são os casos que poderemos classificar como "manipuladores". Estes, à falta de preparação, junta a falta de carácter que os leva a assumirem uma total falta de sentido do dever. Agem por simples instinto de sobrevivência e são capazes de recorrer a todos os truques e habilidades para conquistarem e garantirem a posse do poder. Infelizmente são, na maior parte dos casos, indivíduos com uma grande capacidade de convencer, o que lhes dá uma grande margem de manobra para agirem em terras mais deprimidas e empobrecidas do ponto de vista cultural, que são ao mesmo tempo as que estão menos preparadas para fazerem as escolhas mais convenientes e mais acertadas.
Uma outra maneira de fazer política, que é infelizmente a mais rara, é a que é feita por verdadeiros gestores. Estes são indivíduos com boa formação, empenhados na execução de projectos bem pensados e bem geridos. Mesmo quando esses gestores não têm grande experiência, são contudo atentos e capazes de se adaptarem rapidamente à sua função. Tendem, contudo, a não permanecerem por muito tempo no mesmo cargo porque a sua competência acaba por lhes dar visibilidade e isso leva-os ao desempenho de novas e maiores responsabilidades, ao encontro de desafios cada vez maiores e motivadores.
Assim sendo, as terras que mais precisavam de gestores de qualidade são aquelas que estão condenadas a ser geridas pelos menos competentes.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Como sair desta situação?

Todos os dias somos bombardeados com notícias e com análises políticas e económicas que nos demonstram que o país, ao mesmo tempo que não consegue reequilibrar as suas contas, caminha cada vez mais para um agravamento das suas dívidas, o que nos coloca à beira da falência.
Entretanto, a maior parte dos responsáveis políticos, quer a nível central quer a nível local, fazem ouvidos moucos, assobiam para o lado, como se nada tivessem a ver com tal situação. Quer a nível do discurso, quer a nível das práticas, agem como se estivéssemos no melhor dos mundos possível.
Como acreditar na competência de gente que de forma tão leviana se comporta como se não houvesse o perigo de comprometermos as bases da nossa sobrevivência, empenhando o nosso futuro na realização de actividades de diversão que não fazem senão agravar os nossos problemas? 
Como aceitar que se gaste em festas e festarolas aquilo que, a breve prazo, nos poderá vir a faltar para a saúde, a educação e apoio aos mais necessitados?
Como ficar tranquilo perante este bambúrrio de irresponsabilidades que nos fazem ganhar cada vez menos, ter cada vez menos empregos e estar cada menos certos de podermos ter uma vida estável no presente e com a esperança de segurança na velhice?
Há responsáveis municipais que, em vez de organizarem serviços de apoio aos mais necessitados, se dão ao luxo de organizar autênticos banquetes para gente que não tem necessidade nenhuma de ser apoiada. A caça ao voto pode justificar muita coisa. Mas, ao mesmo tempo, revela a falta de sentido do dever no que respeita ao gasto do dinheiro de todos nós para resolver os problemas das comunidades. É preciso não esquecer que as grandes necessidades levam a problemas sérios como a marginalidade e o crime e tudo isso contribui para a insegurança de todos.
É tempo de estarmos atentos enquanto ainda há tempo para se tomarem as decisões mais acertadas.

sábado, 18 de setembro de 2010

Diversão e cultura

Aqui estão duas coisas que deviam ser bem distintas e sobre as quais se faz tanta confusão. Aliás, a confusão é tanta que as câmaras municipais costumam meter no mesmo saco as actividades de diversão e as realizações culturais. Claro que daqui resultam grandes prejuízos porque, por vezes, a diversão toma o lugar da cultura e isso empobrece muito a acção cultural que compete às câmaras desenvolver.
A diversão feita de forma inteligente, sensata e controlada, serve para descontrair, para aliviar tensões e para retemperar forças desgastadas pelo esforço e pelo cansaço que exigem determinadas profissões e o dia a dia da vida das pessoas.  O pior é quando a diversão, usada de forma insensata e desregrada, se torna apenas uma maneira de alcançar outras finalidades. Aí torna-se apenas manipulação. E todos sabem a que ponto as coisas chegam em alturas de eleições. 
Por vezes o exagero com que se promovem certas diversões leva as coisas para o campo da parvoíce e fomenta a imbecilidade em vez de contribuir para o enriquecimento das pessoas.
Já a cultura, entendida de forma honesta e ponderada, deve ser um meio para o desenvolvimento intelectual da população. Embora, muitos a utilizem de modo a que deixa de poder ser considerada como verdadeira cultura. Há casos em que descamba para atitudes de tal presunção e ostentação, que afasta mais as pessoas do que as atrai. Ora, a cultura que não implica algum divertimento e contentamento aos que participam em actos culturais, não cumpre a sua missão.
Provavelmente, uma maneira de tornar mais clara e útil a acção cultural das câmaras municipais, seria que estas, em vez de, como acontece tantas vezes, se meterem a organizar os eventos de diversão e de cultura, apoiassem as iniciativas promovidas por sociedades e associações ou grupos locais.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Porque será?

Porque será que sempre que se critica o funcionamento de qualquer serviço público, logo vêm os senhores e as senhoras funcionários reclamar porque estão a ser atacados e a atacar privilégios que eles têm como sagrados direitos?
Porque será que os funcionários públicos se julgam iguais em direitos  mas se recusam, em definitivo, a serem igualados em deveres aos do sector privado?
Porque será que os funcionários públicos acham natural que os do sector privado tenham de cumprir horários e tarefas previamente estabelecidas e defendem, para si próprios, o direito a atrasos, pausas injustificadas e outras regalias e incumprimento de tarefas que afectam e prejudicam o funcionamento dos serviços?
Porque será que havendo funcionários públicos excepcionais no cumprimento das suas obrigações, nunca assistimos ao reconhecimento do seu mérito? 
Porque será que nunca ou raramente se vêem as chefias agir disciplinarmente contra os que não cumprem, fechando os olhos a todos os atropelos e tropelias?
Porque será que todos aceitam que os funcionários do sector privado sejam constantemente avaliados e se faça uma avaliação "de faz de conta" quando se trata do sector público?

Será por tudo isto que este país funciona tão mal?
Será porque na administração pública  - central e local -, cuidam mais de inventar lugares para funcionários do que pôr funcionários a desempenhar funções de modo a que os serviços funcionem bem?

domingo, 12 de setembro de 2010

Fim de estação

Aproxima-se o fim do Verão. Não foi muito extenso, mas foi muito duro este Verão que não teve uma Primavera amena a fazer a adaptação à mudança do frio e da chuva para estes grandes calores que de repente se abateram sobre nós impiedosamente. Aqui pelo Alentejo suportamos o sufoco destas altas temperaturas. Lá para o Norte terão maiores razões de queixa: aqueles intermináveis incêndios que destroem tudo na sua passagem, determinam situações muito dramáticas para aquela gente que vive isolada em aldeias que parecem condenadas a desaparecerem. Para elas é apenas uma questão de tempo. 
Por aqui, além do calor, as coisas foram decorrendo calmas. A tensão em que se vivia há um ano parece ter abrandado. Não que se sintam grandes melhoras ou que haja grandes mudanças ou grandes obras para elogiar. Mas, de qualquer modo, a situação é agora menos tensa. Ainda bem porque estava a ser difícil suportar a escalada de atitudes umas vezes estúpidas outras inúteis, sem que se percebesse em que é que tudo aquilo iria parar. Por enquanto, tudo está a correr com alguma acalmia. Esperemos que a seguir venha um tempo de novas coisas, soluções para velhos problemas e o lançamento de projectos que tragam alguma esperança. Há um tempo para semear e um tempo para colher. Começa a ser tempo de lançar sementes à terra para que a colheita possa ser abundante e certa.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ironizar não é achincalhar

Aqui vai a minha modesta homenagem ao comentário que o "Dr. Estranho Amor" produziu no blogue De Campo Maior. 
Este magnífico texto ilustra de forma brilhante a diferença que vai entre uma ironia e uma bojarda. Os ditos irónicos usam a inteligência para comentar. Usam o sublinhado para chamar a atenção para certos aspectos. Os ditos irónicos divertem, traçam a caricatura e realçam tiques. 
As bojardas são grosseiras, são lançadas como quem pretende apenas ofender. A bojarda é um insulto que ofende. A bojarda tende a ferir e não a corrigir.
Um texto como aquele que agora se refere, não é ofensivo. Não pretende magoar. Pretende antes chamar a atenção para o defeito, para o exagero, para a falta de cuidado no que se faz e no que se diz. No fundo, pretende intervir de forma crítica e benevolente procurando que as coisas sejam feitas com mais cuidado para que funcionem melhor.
Ainda bem que há gente como este "Dr. Estranho Amor" aqui, em Campo Maior. 
Já que o blog Campo Maior na Internet está a ponderar abrir um concurso para eleger os melhores blogues de Campo Maior, desde já proponho que este comentário seja proposto como candidato à categoria de "melhor comentário". Eu voto nele.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Questões da educação


Costuma-se dizer que "de médicos e de loucos, todos temos um pouco". Pois é! Mas, no que respeita à educação o caso agrava-se pois todos nos consideramos tão altamente informados, tão especializados no assunto, que nem sequer hesitamos: cada opinião é uma sentença. Se calhar, isto deve-se ao facto de haver tanta ignorância, mesmo entre os que são profissionais da educação. A minha passagem por lá foi curta. Mas o suficiente para ver o que por lá se passava.
Na verdade, se nos pomos a pensar, chegamos à conclusão que nesta tristeza em que vivemos, a educação tem sido o factor muito importante, sendo uma das mais fortes razões para o nosso tremendo atraso.
Vamos fazer um pequeno esforço para nos entendermos:
- São capazes de me explicar porque razão foram os países mais desenvolvidos os que há mais tempo eliminaram  reprovação em massa dos alunos?


- E porque  é nos países mais atrasados que se mantêm mais os exames e outras provas de selecção que ditam a reprovação e é nesses países que são mais elevados os níveis de reprovação?


- Terá isto a ver com o partir-se da ideia de que o que é bom é ensinar a todos da mesma maneira e exigir a todos que aprendam ido mesmo modo, como se todos fossem igualmente inteligentes e tivessem iguais condições de aprendizagem?
- Que justiça há em condenar alguns jovens à frustração por não atingirem as metas que à partida já  sabíamos que não tinham nem capacidade, nem condições nem competência para as atingir?
- Que diriam vocês se exigíssemos a uma pobre criança debilitada, sem qualquer preparação ou treino, que corresse contra outras que tinham sido cuidadas, treinadas e preparadas em muito melhores condições? Pois isto é o que acontece no dia-a-dia das nossas escolas. Por isso muitas estão condenadas ao insucesso. Por isso, em vez de discutirmos as condições de êxito,  devíamos preocuparmo-nos com as condições que lhes propomos para que possam obter o sucesso.
Por outro lado:
- Pode uma pequena povoação e uma pequena escola em que um só professor tem de leccionar, em simultâneo, várias níveis, propiciarem as mesmas oportunidades de desenvolvimento que as crianças teriam se incluídas em turmas maiores, em escolas com mais e melhores recursos e numa comunidade  capaz de propiciar mais e melhores condições?
Estas questões são apenas uma ínfima parte dos aspectos a apreciar para formularmos opinião sobre os problemas das escolas, da aprendizagem, do desenvolvimento dos jovens, da sua educação e da sua formação.
Aos que estão mais confusos sobre estas questões, aconselho que façam o que eu, que não sou um especialista, tenho feito: informem-se, leiam com atenção o que outros, mais entendidos, vão escrevendo, para poderem depois dar a vossa opinião.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ora bem: um comentário recente deixou-me a pensar. Pergunta-se aí: o que para mim estará bem em Campo Maior?
Primeiro que tudo, deixe-me dizer-lhe que me sinto pouco dotado para servir de elogiador de poderes estabelecidos sejam eles ocupados por quem for, ou seja qual for a maneira como estão a desempenhar a sua função.
Por outro lado, entendo como função cívica denunciar casos e situações, na esperança de que com isso esteja a contribuir para a melhoria do funcionamento das coisas públicas, no lugar onde vivo. Penso que assim, chamando a atenção para o que não vai bem, estarei a dar uma ajuda para que tudo melhore. Creio que não tenho sido agressivo, desleal, desonesto ou mal educado. Pelo contrário, o que tem acontecido é ter de aturar parvoíces e faltas de educação de gente que não entende que criticar não é ofender. Há até pessoas muito bem formadas que pensam que se deve desconfiar de quem sempre nos elogia e estar muito atento aqueles que bem nos criticam.
Espero com isto estar a responder à sua pergunta. Já agora, para satisfazer a sua curiosidade, sempre vou respondendo que considero que a piscina (de verão) está a funcionar em boas condições e que se verificou alguma melhoria nos espectáculos que têm sido apresentados nos fins de semana.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Surpresas de Verão

Há uns dias uns bons dias atrás, por razões sanitárias, vi-me numa bela manhã, em que até nem estava muito calor, dispensado do serviço. Sem saber muito em que ocupar o tempo, resolvi fazer uma coisa que há muito tinha projectado: visitar o museu do Largo do Barata. Qual não foi o meu espanto e dei com o museu fechado. Se não era segunda-feira, porque razão tal acontecia? 
Uma vizinha que por acaso passava, explicou-me que talvez fosse por os funcionários estarem de férias. Fiquei espantado porque me pareceu que não seria possível que um organismo como a Câmara Municipal gerisse tão mal o pessoal que, segundo consta, não é assim tão pouco, que deixasse que ,ao mesmo tempo  fossem todos para a beira-mar ou para outro sítio qualquer, tornando impossível a abertura do serviço. Ainda por cima, sendo esse um serviço que deve estar aberto numa época em que será mais natural haver visitas devido à presença de emigrantes ou de turistas.
Já que ali estava, em jeito de consolação, resolvi ir até à biblioteca que também nunca tinha visitado. Dei com o nariz na porta, sendo contudo horas da mesma estar aberta. Informaram-me que é costume a biblioteca fechar porque os funcionários vão tomar o seu café ali perto. Era uma questão de esperar e eles apareceriam. Francamente!... Surpreso e zangado, virei as costas, adiando as minhas visitas para outra altura em que os funcionários estivessem mais dispostos e disponíveis para manter os serviços a funcionar como devia ser de sua obrigação.


sábado, 28 de agosto de 2010

O que é a cultura?

Sei bem que, infelizmente, hoje o problema é geral. A todos os níveis, a política foi dando lugar a um oportunismo hipócrita em que a habilidade consiste em ir fazendo mais o que as pessoas querem, do que em propiciar-lhes aquilo de que elas verdadeiramente necessitam.
Se isto é verdade a nível dos países é, no entanto, muito mais evidente ao nível do poder local. Principalmente quando se trata de cultura. Se o povo quer entretenimento, os que ocupam os cargos políticos, esmifram-se delapidando os orçamentos para satisfazerem a gula popular por alarvidades, parvoíces e coisa de gosto tão imbecil quanto inútil. Já alguém que tinha grande interesse em elevar o nível cultural do povo disse, com muita clarividência que não é a arte que tem de descer ao nível do povo, é o povo que tem de subir ao nível da arte. Assim, com esta clareza, temos explicada a diferença entre propiciar cultura que serve para desenvolver e dar diversões pacóvias que servem apenas para estupidificar as pessoas.
Só por má fé ou por burrice se pode considerar que pensar assim é elitismo.
Já agora e a propósito: o homem que queria que o povo fosse elevado até à arte chamava-se Vladimir Ilich Ulianov, mas era muito mais conhecido pelo anexim de Lenine.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Esclarecendo

Com bastante ironia, um comentador apresentou um texto em que insistentemente repete "Faça as Festas, Sr. Presidente". Nesse mesmo texto, revela uma grande falta de paciência para os que ele acusa de estarem sempre a pressionar para que as Festas se façam. O seu alvo são os autores dos blogues que se têm referido ao tema das Festas.
Vamos lá esclarecer uma coisa: o autor deste blogue não considera que se tenham de fazer as Festas a qualquer preço. Elas devem ser feitas "quando o povo quer" e quando há condições monetárias para isso.
O que considera é que não podem os responsáveis da autarquia continuar a falar a toda a hora nas Festas e depois ficarem à espera que elas aconteçam por obra e graça do Espírito Santo. Das duas uma: ou falam e as fazem ou se calam de uma vez por todas.
Ficou clara a posição do autor deste blogue?
Convém esclarecer definitivamente que nada me move no sentido de exigir ou desejar que as Festas sejam feitas. Mais vale que elas não aconteçam, a serem feitas em condições tão deficientes que se venham a tornar uma grande desilusão e um grande falhanço. Uma das maneiras de matar definitivamente as Festas será precisamente a desastrada decisão de as fazer sem que haja as devidas condições para isso.

domingo, 22 de agosto de 2010

Festas do Povo

Não há dúvida de que o incitamento à realização das Festas do Povo, no próximo ano, foi o tema central da passada feira de Agosto. A sugestão de uma pequena rua ornamentada, o inquérito à população e a montagem, no fim do passeio, de uma zona de atendimento, com projeção de videos sobre as Festas, foram elementos de destaque.
Não há que censurar estas iniciativas. Antes pelo contrário. Mas, agora não podem os responsáveis pela Câmara entrar num jogo de "bate e foge" acerca deste assunto. Este incitamento foi entendido pela população como um compromisso e ninguém poderá aceitar que agora a Câmara se remeta a uma posição de esperar que as coisas aconteçam. Tem de desenvolver esforços, tomar a iniciativa para que as coisas venham mesmo a acontecer. E, com isso, não fará mais do que cumprir uma das suas obrigações. Tanto quanto pude ir sabendo, era a Câmara que, noutros tempos, tomava de facto a iniciativa de promover e apoiar a realização das Festas do Povo. 
Agora, penso eu, a Câmara deve ter atenção a que as coisas mudaram muito nos últimos tempos e, por isso, terá de pensar na melhor maneira de planear e realizar as Festas, de modo a adaptá-las às novas condições que se foram criando aqui, na vila de Campo Maior.