terça-feira, 28 de setembro de 2010

Língua portuguesa

Dizia Fernando Pessoa, a "minha Pátria é a língua portuguesa". A mim ensinaram-se desde pequenino que se deve amar e respeitar a Pátria. O que quer dizer que, se tivermos a mesmo opinião do nosso grande poeta, devemos amar e respeitar a língua portuguesa. Ora, o que mais se vê por aí são grandes atentados à nossa língua. Mas o que mais me incomoda é o exagero no uso de palavras de outras línguas, principalmente o inglês, quando em português existem palavras para designar as mesmas coisas. 
Vêem-se empresas e produtos que têm nomes em inglês, algumas com a justificação da globalização e de ser mais fácil entrarem nos mercados estrangeiros. Em parte até se aceita. Mas a nível oficial parece-me uma coisa muito estranha. Quem não se lembra da famosa campanha de promoção do "Allgarve", que foi motivo de risota e de chacota nacional por ter sido considerada uma ideia muito ridícula? Porque devia ser o Estado a dar o exemplo e a respeitar a língua portuguesa, sem concessões de qualquer ordem. A nível local, a moda de dar nomes em inglês a certos eventos também está aí. Esperemos que não venha para ficar.  Parece que há a intenção de mostrar que se faz diferente apenas porque se muda o nome. 
Na minha opinião isto revela, sobretudo, uma grande dose de parolice.
Bom, e assim sendo: "Adeus, adeus, até à próxima mensagem"!

sábado, 25 de setembro de 2010

Maneiras de estar na política

Aparecem por vezes, a nível local, indivíduos que, embora não tenham grande formação, são de tal modo empenhados em encontrar soluções para os problemas que acabam por fazer um tipo de administração bastante aceitável. Embora lhes falte capacidade para grandes voos, são capazes de ouvir conselhos e opiniões de gente melhor preparada e assim vão aprendendo com a prática. Sobra-lhes em bom senso e vontade de aprender aquilo que lhes falta em formação.
Mas, o que mais abunda na política autárquica são os casos que poderemos classificar como "manipuladores". Estes, à falta de preparação, junta a falta de carácter que os leva a assumirem uma total falta de sentido do dever. Agem por simples instinto de sobrevivência e são capazes de recorrer a todos os truques e habilidades para conquistarem e garantirem a posse do poder. Infelizmente são, na maior parte dos casos, indivíduos com uma grande capacidade de convencer, o que lhes dá uma grande margem de manobra para agirem em terras mais deprimidas e empobrecidas do ponto de vista cultural, que são ao mesmo tempo as que estão menos preparadas para fazerem as escolhas mais convenientes e mais acertadas.
Uma outra maneira de fazer política, que é infelizmente a mais rara, é a que é feita por verdadeiros gestores. Estes são indivíduos com boa formação, empenhados na execução de projectos bem pensados e bem geridos. Mesmo quando esses gestores não têm grande experiência, são contudo atentos e capazes de se adaptarem rapidamente à sua função. Tendem, contudo, a não permanecerem por muito tempo no mesmo cargo porque a sua competência acaba por lhes dar visibilidade e isso leva-os ao desempenho de novas e maiores responsabilidades, ao encontro de desafios cada vez maiores e motivadores.
Assim sendo, as terras que mais precisavam de gestores de qualidade são aquelas que estão condenadas a ser geridas pelos menos competentes.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Como sair desta situação?

Todos os dias somos bombardeados com notícias e com análises políticas e económicas que nos demonstram que o país, ao mesmo tempo que não consegue reequilibrar as suas contas, caminha cada vez mais para um agravamento das suas dívidas, o que nos coloca à beira da falência.
Entretanto, a maior parte dos responsáveis políticos, quer a nível central quer a nível local, fazem ouvidos moucos, assobiam para o lado, como se nada tivessem a ver com tal situação. Quer a nível do discurso, quer a nível das práticas, agem como se estivéssemos no melhor dos mundos possível.
Como acreditar na competência de gente que de forma tão leviana se comporta como se não houvesse o perigo de comprometermos as bases da nossa sobrevivência, empenhando o nosso futuro na realização de actividades de diversão que não fazem senão agravar os nossos problemas? 
Como aceitar que se gaste em festas e festarolas aquilo que, a breve prazo, nos poderá vir a faltar para a saúde, a educação e apoio aos mais necessitados?
Como ficar tranquilo perante este bambúrrio de irresponsabilidades que nos fazem ganhar cada vez menos, ter cada vez menos empregos e estar cada menos certos de podermos ter uma vida estável no presente e com a esperança de segurança na velhice?
Há responsáveis municipais que, em vez de organizarem serviços de apoio aos mais necessitados, se dão ao luxo de organizar autênticos banquetes para gente que não tem necessidade nenhuma de ser apoiada. A caça ao voto pode justificar muita coisa. Mas, ao mesmo tempo, revela a falta de sentido do dever no que respeita ao gasto do dinheiro de todos nós para resolver os problemas das comunidades. É preciso não esquecer que as grandes necessidades levam a problemas sérios como a marginalidade e o crime e tudo isso contribui para a insegurança de todos.
É tempo de estarmos atentos enquanto ainda há tempo para se tomarem as decisões mais acertadas.

sábado, 18 de setembro de 2010

Diversão e cultura

Aqui estão duas coisas que deviam ser bem distintas e sobre as quais se faz tanta confusão. Aliás, a confusão é tanta que as câmaras municipais costumam meter no mesmo saco as actividades de diversão e as realizações culturais. Claro que daqui resultam grandes prejuízos porque, por vezes, a diversão toma o lugar da cultura e isso empobrece muito a acção cultural que compete às câmaras desenvolver.
A diversão feita de forma inteligente, sensata e controlada, serve para descontrair, para aliviar tensões e para retemperar forças desgastadas pelo esforço e pelo cansaço que exigem determinadas profissões e o dia a dia da vida das pessoas.  O pior é quando a diversão, usada de forma insensata e desregrada, se torna apenas uma maneira de alcançar outras finalidades. Aí torna-se apenas manipulação. E todos sabem a que ponto as coisas chegam em alturas de eleições. 
Por vezes o exagero com que se promovem certas diversões leva as coisas para o campo da parvoíce e fomenta a imbecilidade em vez de contribuir para o enriquecimento das pessoas.
Já a cultura, entendida de forma honesta e ponderada, deve ser um meio para o desenvolvimento intelectual da população. Embora, muitos a utilizem de modo a que deixa de poder ser considerada como verdadeira cultura. Há casos em que descamba para atitudes de tal presunção e ostentação, que afasta mais as pessoas do que as atrai. Ora, a cultura que não implica algum divertimento e contentamento aos que participam em actos culturais, não cumpre a sua missão.
Provavelmente, uma maneira de tornar mais clara e útil a acção cultural das câmaras municipais, seria que estas, em vez de, como acontece tantas vezes, se meterem a organizar os eventos de diversão e de cultura, apoiassem as iniciativas promovidas por sociedades e associações ou grupos locais.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Porque será?

Porque será que sempre que se critica o funcionamento de qualquer serviço público, logo vêm os senhores e as senhoras funcionários reclamar porque estão a ser atacados e a atacar privilégios que eles têm como sagrados direitos?
Porque será que os funcionários públicos se julgam iguais em direitos  mas se recusam, em definitivo, a serem igualados em deveres aos do sector privado?
Porque será que os funcionários públicos acham natural que os do sector privado tenham de cumprir horários e tarefas previamente estabelecidas e defendem, para si próprios, o direito a atrasos, pausas injustificadas e outras regalias e incumprimento de tarefas que afectam e prejudicam o funcionamento dos serviços?
Porque será que havendo funcionários públicos excepcionais no cumprimento das suas obrigações, nunca assistimos ao reconhecimento do seu mérito? 
Porque será que nunca ou raramente se vêem as chefias agir disciplinarmente contra os que não cumprem, fechando os olhos a todos os atropelos e tropelias?
Porque será que todos aceitam que os funcionários do sector privado sejam constantemente avaliados e se faça uma avaliação "de faz de conta" quando se trata do sector público?

Será por tudo isto que este país funciona tão mal?
Será porque na administração pública  - central e local -, cuidam mais de inventar lugares para funcionários do que pôr funcionários a desempenhar funções de modo a que os serviços funcionem bem?

domingo, 12 de setembro de 2010

Fim de estação

Aproxima-se o fim do Verão. Não foi muito extenso, mas foi muito duro este Verão que não teve uma Primavera amena a fazer a adaptação à mudança do frio e da chuva para estes grandes calores que de repente se abateram sobre nós impiedosamente. Aqui pelo Alentejo suportamos o sufoco destas altas temperaturas. Lá para o Norte terão maiores razões de queixa: aqueles intermináveis incêndios que destroem tudo na sua passagem, determinam situações muito dramáticas para aquela gente que vive isolada em aldeias que parecem condenadas a desaparecerem. Para elas é apenas uma questão de tempo. 
Por aqui, além do calor, as coisas foram decorrendo calmas. A tensão em que se vivia há um ano parece ter abrandado. Não que se sintam grandes melhoras ou que haja grandes mudanças ou grandes obras para elogiar. Mas, de qualquer modo, a situação é agora menos tensa. Ainda bem porque estava a ser difícil suportar a escalada de atitudes umas vezes estúpidas outras inúteis, sem que se percebesse em que é que tudo aquilo iria parar. Por enquanto, tudo está a correr com alguma acalmia. Esperemos que a seguir venha um tempo de novas coisas, soluções para velhos problemas e o lançamento de projectos que tragam alguma esperança. Há um tempo para semear e um tempo para colher. Começa a ser tempo de lançar sementes à terra para que a colheita possa ser abundante e certa.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ironizar não é achincalhar

Aqui vai a minha modesta homenagem ao comentário que o "Dr. Estranho Amor" produziu no blogue De Campo Maior. 
Este magnífico texto ilustra de forma brilhante a diferença que vai entre uma ironia e uma bojarda. Os ditos irónicos usam a inteligência para comentar. Usam o sublinhado para chamar a atenção para certos aspectos. Os ditos irónicos divertem, traçam a caricatura e realçam tiques. 
As bojardas são grosseiras, são lançadas como quem pretende apenas ofender. A bojarda é um insulto que ofende. A bojarda tende a ferir e não a corrigir.
Um texto como aquele que agora se refere, não é ofensivo. Não pretende magoar. Pretende antes chamar a atenção para o defeito, para o exagero, para a falta de cuidado no que se faz e no que se diz. No fundo, pretende intervir de forma crítica e benevolente procurando que as coisas sejam feitas com mais cuidado para que funcionem melhor.
Ainda bem que há gente como este "Dr. Estranho Amor" aqui, em Campo Maior. 
Já que o blog Campo Maior na Internet está a ponderar abrir um concurso para eleger os melhores blogues de Campo Maior, desde já proponho que este comentário seja proposto como candidato à categoria de "melhor comentário". Eu voto nele.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Questões da educação


Costuma-se dizer que "de médicos e de loucos, todos temos um pouco". Pois é! Mas, no que respeita à educação o caso agrava-se pois todos nos consideramos tão altamente informados, tão especializados no assunto, que nem sequer hesitamos: cada opinião é uma sentença. Se calhar, isto deve-se ao facto de haver tanta ignorância, mesmo entre os que são profissionais da educação. A minha passagem por lá foi curta. Mas o suficiente para ver o que por lá se passava.
Na verdade, se nos pomos a pensar, chegamos à conclusão que nesta tristeza em que vivemos, a educação tem sido o factor muito importante, sendo uma das mais fortes razões para o nosso tremendo atraso.
Vamos fazer um pequeno esforço para nos entendermos:
- São capazes de me explicar porque razão foram os países mais desenvolvidos os que há mais tempo eliminaram  reprovação em massa dos alunos?


- E porque  é nos países mais atrasados que se mantêm mais os exames e outras provas de selecção que ditam a reprovação e é nesses países que são mais elevados os níveis de reprovação?


- Terá isto a ver com o partir-se da ideia de que o que é bom é ensinar a todos da mesma maneira e exigir a todos que aprendam ido mesmo modo, como se todos fossem igualmente inteligentes e tivessem iguais condições de aprendizagem?
- Que justiça há em condenar alguns jovens à frustração por não atingirem as metas que à partida já  sabíamos que não tinham nem capacidade, nem condições nem competência para as atingir?
- Que diriam vocês se exigíssemos a uma pobre criança debilitada, sem qualquer preparação ou treino, que corresse contra outras que tinham sido cuidadas, treinadas e preparadas em muito melhores condições? Pois isto é o que acontece no dia-a-dia das nossas escolas. Por isso muitas estão condenadas ao insucesso. Por isso, em vez de discutirmos as condições de êxito,  devíamos preocuparmo-nos com as condições que lhes propomos para que possam obter o sucesso.
Por outro lado:
- Pode uma pequena povoação e uma pequena escola em que um só professor tem de leccionar, em simultâneo, várias níveis, propiciarem as mesmas oportunidades de desenvolvimento que as crianças teriam se incluídas em turmas maiores, em escolas com mais e melhores recursos e numa comunidade  capaz de propiciar mais e melhores condições?
Estas questões são apenas uma ínfima parte dos aspectos a apreciar para formularmos opinião sobre os problemas das escolas, da aprendizagem, do desenvolvimento dos jovens, da sua educação e da sua formação.
Aos que estão mais confusos sobre estas questões, aconselho que façam o que eu, que não sou um especialista, tenho feito: informem-se, leiam com atenção o que outros, mais entendidos, vão escrevendo, para poderem depois dar a vossa opinião.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ora bem: um comentário recente deixou-me a pensar. Pergunta-se aí: o que para mim estará bem em Campo Maior?
Primeiro que tudo, deixe-me dizer-lhe que me sinto pouco dotado para servir de elogiador de poderes estabelecidos sejam eles ocupados por quem for, ou seja qual for a maneira como estão a desempenhar a sua função.
Por outro lado, entendo como função cívica denunciar casos e situações, na esperança de que com isso esteja a contribuir para a melhoria do funcionamento das coisas públicas, no lugar onde vivo. Penso que assim, chamando a atenção para o que não vai bem, estarei a dar uma ajuda para que tudo melhore. Creio que não tenho sido agressivo, desleal, desonesto ou mal educado. Pelo contrário, o que tem acontecido é ter de aturar parvoíces e faltas de educação de gente que não entende que criticar não é ofender. Há até pessoas muito bem formadas que pensam que se deve desconfiar de quem sempre nos elogia e estar muito atento aqueles que bem nos criticam.
Espero com isto estar a responder à sua pergunta. Já agora, para satisfazer a sua curiosidade, sempre vou respondendo que considero que a piscina (de verão) está a funcionar em boas condições e que se verificou alguma melhoria nos espectáculos que têm sido apresentados nos fins de semana.