quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Da ciclicidade da vida

"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma decadência de espírito", escreveu Eça de Queiroz nas "Farpas", em 1872.

Lida assim, descontextualizada, a frase de Eça faz-nos pensar se a História não será um eterno retorno, de tal modo determinadas situações e assemelham. 
Bem vistas as coisas há uma certa verdade nessa aparente repetição. De facto, as sociedades humanas não se desenvolvem linearmente  e muito menos em círculos fechados, voltando constantemente ao ponto de partida. O mais apropriado será pensarmos que a evolução, sendo contínua, se desenvolve espiralmente. Ou seja, tudo começa por uma fase de crescimento até atingir um ponto máximo, a partir do qual começa a declinar até ao seu desaparecimento. Mas o que parece o fim, é também o recomeço de um novo ciclo. 
O problema é que os fins de ciclos são tremendamente trágicos e dolorosos para alguns dos que têm de os viver.
Em tudo o que faz, o homem deixa a marca fundamental das sua existência: nascer; crescer; declinar; morrer.
A esperança consiste em perceber que se cada um de nós está condenado a desaparecer, os que se nos seguem poderão ter um viver cada vez melhor. Ora, o grande problema é conseguir acreditar nisso quando se está a viver um fim de ciclo como aquele em que nos encontramos nos tempos que correm. 

domingo, 23 de outubro de 2011

Para onde nos estão a empurrar?

Não são os rebeldes que causam os problemas do mundo; os problemas é que fazem que haja rebeldes.
Carl Oglesby  (1935-2011) - escritor e activista político norte-americano.

Os vícios que se foram instalando no nosso sistema, no que respeita a relações laborais, só podem ser ignorados pelos que, tomados de sindicalite aguda, se mostram cegos e surdos a qualquer tipo de razões. Ora, há coisas que precisam de ser remediadas para resolver a situação de crise em que vivemos e, por isso terão de ser consideradas certas concessões para que possam ser resolvidas algumas questões.
Por outro lado, uma certa classe política procura sempre agir em conformidade com os interesses de grande parte dum patronato, que é ganancioso, mal preparado, de ideias obtusas e incapaz de prever os efeitos nocivos de certas atitudes extremas.
Nestas circunstâncias, cabe ao Estado ter a prudência de ponderar cuidadosamente, quando se trata de legislar sobre estas questões e o governo deve agir de forma a encontrar os equilíbrios possíveis para evitar que se gerem ou agravem os problemas sociais.
Ora bem: O que é que se está a passar no que respeita às propostas enunciadas por este governo?
Baseado num modelo económico que defende que a competitividade da economia se consegue através da desvalorização dos custos da força de trabalho, preconiza cortes salariais, facilita os despedimentos, favorecendo que eles possam acontecer bastando invocar a baixa produtividade dos trabalhadores.
Não será de prever que tanta liberalização  implicará o risco de que se instalem procedimentos demasiado agressivos e arbitrários entre empregadores e empregados? Proprietários, gestores e encarregados intermédios, agora libertos da exigência de justificar o despedimento com justa causa, ficarão dotados de um poder praticamente discricionário para despedir os trabalhadores.
Garantem eles, os que acreditam no remédio miraculoso de tal receita, que Portugal será, em poucos anos, um país mais dinâmico e mais próspero porque mais competitivo.
Mas, pergunto eu: Será que um país tão flagelado pelo elevado desemprego, pelas pesadas cargas fiscais que já suporta e pela desesperança que vai invadindo o ânimo de grande massa da população, não irá soçobrar perante um processo de cura tão radical? E se, em vez da esperada conformação passiva, de repente tudo isto provocar uma reacção de incontrolável revolta?
Os modelos económicos, ao cabo e ao resto, não passam disso mesmo: são pressupostos teóricos a priori que muitas vezes não resultam. E não resultam porque no meio estão pessoas com as suas necessidades, os seus sentimentos e os seus desesperos que os levam a tomar atitudes de difícil previsão.
As pessoas até serão capazes de aceitar sacrifícios se estes lhes forem bem explicados em função de certas condições:
- Primeiramente, que eles são urgentes, inevitáveis e absolutamente necessários;
- Em segundo lugar, que os objectivos a alcançar estão clara e seguramente definidos;
- Em terceiro lugar, que eles foram definidos tendo em vista o bem comum e não o exclusivo benefício de alguns.
Será que estas condições estão a ser tomadas em consideração e estão claramente garantidas?


terça-feira, 18 de outubro de 2011

De que lado estamos?

Walter Scott, escritor inglês, criou a famosa figura do guerrilheiro, justiceiro e habilidoso archeiro, a que em Portugal chamamos Robin dos Bosques mas que o escritor inglês baptizou como Robin Hood (que significa Robin do Capuz, devido ao hábito que tinha de esconder o rosto e a sua identidade colocando sobre a cabeça um carapuço – hood – com que ocultava a cara).
Como muitas outras crianças e jovens, eu admirava aquela figura que enfrentava o tirânico xerife de Notthingam que, ao serviço de um rei usurpador, espoliava os pobres para favorecer os mais poderosos. Robin dos Bosques encarregava-se de combater os tiranos e repunha a justiça, apoderando-se dos bens dos poderosos que distribuía pelos pobres.
A história localizava-se na Inglaterra e na Idade Média. Mas todos nós entendíamos que aquela história era universal pois dizia respeito a todos os povos e a todos os tempos, pois sempre há os que usurpam, embora nem sempre haja um Robin que restabeleça atempadamente a necessária justiça.
Veio-me à memória esta história devido a uma metáfora utilizada pelo ex-presidente da República do Brasil, Lula da Silva, que esteve recentemente de visita a Portugal. Disse ele como receita segura para o sucesso económico:
Se deres um milhão a um rico, ele vai pô-lo numa conta “offshore” e, em seguida, desata a especular. Se o distribuíres por cem mil pobres, eles vão consumir e pôr a economia a funcionar.
Talvez haja muito a dizer desta proposta porque os dez euros que fossem distribuídos a cada pobre, torná-los-iam fracos consumidores. Mas há qualquer coisa de profunda intenção nesta metáfora e que me põe a pensar que há entre nós governantes que, na história do Robin dos Bosques, optaram por ficar do lado do xerife de Notthingam.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Como vai ser?

A natureza parece apostada em iludir-nos com este falso Verão com que, já fora do seu tempo, nos vai contemplando. Costuma dizer-se que depois da tempestade vem a bonança. Mas o que agora sentimos verdadeiramente é que, depois desta adormecente bonança, uma grande tempestade ameaça desabar sobre as nossas cabeças.
Não se trata de uma previsão porque, infelizmente, se trata de uma segura certeza. De uma maneira ou de outra, já cada um de nós percebeu de que dias difíceis se aproximam. E não se trata de nada que tenha a ver com o clima. Trata-se do rumo que tomaram as coisas essenciais à vida de todos nós.
Os que vieram de fora, como os da troika, avisam-nos. Depois de bem nos assustarem, arvoraram-se em juízes e puseram-se à espera que nos comportemos bem, para que tudo possa ser remediado. Como se eles próprios não pertencessem ao grupo dos que, de modo tão irresponsável, nos foram empurrando para o buraco em que nos encontramos.
Os de cá, como se não tivessem também grande parte das culpas, vão-nos revelando os buracos financeiros que não param de aparecer. Para completar o cenário, aquele louco a quem o povo da Madeira encarregou de, durante tanto tempo, os desgovernar, não desiste da sua patética mania de exibir as suas tristes e loucas palhaçadas. Esperem para ver quanto nos vai custar…
No meio de tudo isto, onde iremos buscar a esperança? Como encontrar forças para enfrentar tudo o que o futuro próximo nos reserva?
Andámos muito distraídos e deixámos que a ambição louca de alguns nos arrastasse para o quase abismo em que vivemos. Por facilitismo deixámos a nossa vida  entregue a incompetentes, escolhendo idiotas e palhaços disfarçados de políticos que transformaram tudo isto numa triste palhaçada.

sábado, 8 de outubro de 2011

A revolução necessária?

É urgente, é necessário e útil que comecemos a dizer uns aos outros determinadas verdades. Embora, bem vistas as coisas, elas não sejam surpresa para ninguém. Mas, convém dizê-las para que, tomando consciência delas, despertemos para a necessidade de termos uma noção cada vez mais nítida de quem são os verdadeiros responsáveis pela situação em que nos encontramos.
Todos nós pressentimos que por detrás desta tremenda crise económica está, desde há muito tempo, uma grave crise de princípios e uma total ausência de valores. Vivemos rodeados de indivíduos tão destituídos de escrúpulos quanto o que se têm beneficiado por recorrerem a todos os expedientes para obterem o mais rapidamente que podem os maiores benefícios.
Ao mais alto nível, o da alta política que se pratica nos organismos internacionais e nos altos cargos do Estado, até chegarmos ao mais baixo nível do poder local, encontramos gente que pratica acções de autêntico banditismo com a maior das impunidades, rindo-se de nós, os estúpidos honestos que marcamos passo enquanto eles sobem na vida em ritmo de marcha acelerada.
Dir-se-á: mas gente desta houve sempre, em todos os tempos e em todos os lugares. Sim, é verdade. Mas, agora tornaram-se tão descarados, tão atrevidos e tão dominantes que ameaçam sufocar-nos por completo.
Repare-se como, ao nível mais alto, os Estados tem de pagar juros incríveis para acudir às mais urgentes necessidades das suas populações, conduzindo os países a níveis de endividamento que os levam a perder toda a liberdade de decisão, destituindo-os completamente da sua autonomia. E como, ao nível local, vemos indivíduos enriquecerem rapidamente, à custa de cumplicidades e compadrios que minam completamente o exercício da administração do bem público.
Por isso é que alguns políticos honestos começaram a clamar pela necessidade de uma nova revolução. Mas não por uma revolução que consista na luta armada. Antes por uma revolução das mentalidades que nos torne mais conscientes dos nossos direitos e mais responsáveis perante os nossos deveres.
Esta não é uma revolução de ideologias ou de partidos, mas a revolução  que cada um tem de fazer dentro de si mesmo para ganhar uma nova consciência e uma nova atitude perante esta vida sem horizonte e sem futuro para onde nos andam a arrastar.

Tudo tem o seu tempo e a sua razão de ser. Passou a época do derrube tradicional dos regimes. Hoje é tudo mais subterrâneo. O que não deixa de ser uma contradição curiosa: ao mesmo tempo em que a circulação corre a grande velocidade, há correntes submarinas de que não nos damos conta, nas quais tudo se decide. A transformação, qualquer que seja, é sempre lenta.
Jornal de Notícias, Porto, 27 de Março de 2004
In José Saramago nas Suas Palavras

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Politicamente pensando…

Agora que já vão passados bastantes dias sobre o congresso do maior partido português na oposição, podemos talvez, sem sectarismo, nem dramatizações, mas com serenidade, reflectir sobre o que nele se passou.
Desde há muito é visível que no PS, tal como os outros grandes partidos portugueses, uma massa de militantes que, tal como os crentes de muita fé e pouco discernimento, não têm nem capacidade, nem ideias, nem ideologia, apoiando seja o que for desde que seja o partido a propor, convive com as minorias dos que pensam, estruturam, programam e decidem. Estes são a alma, que dá vida. Aqueles apenas os figurantes que assistem no cenário onde se desenrolam as acções. Esta é a verdadeira contradição dos chamados partidos de massas e a principal razão das fragilidades das democracias.
Em síntese, assistimos neste congresso do PS, ao confronto entre duas facções: uma liderada por António José Seguro; outra por Francisco Assis.
Deixemos de parte a ideia simplista de considerar que o que os dividia era a intenção de Seguro romper com o "socratismo", enquanto Assis se posicionava como seu apoiante e continuador.
O que esteve em jogo neste congresso foi algo que se consubstanciou nas ideias-força que ambos apresentaram: Seguro apresentou-se como decidido e intransigente defensor do Estado Social; Assis como um entusiasta da modernidade no pensamento e na acção para resolver os problemas da sociedade actual. Portanto, um afirmou-se na defesa de um modelo, outro na necessidade de modernizar esse modelo. Os militantes deram o seu apoio maioritário ao primeiro, na proporção de uma maioria de 75%.
No fim, democraticamente, todos se contentaram em nome da necessária unidade. Mas, para além do folclore que todos os congressos implicam, haverá gente no PS capaz de pensar que o que mais importa não é optar entre a ânsia de modernização de um e as preocupações sociais de outro. Porque o que que importa é pensar, com a lucidez da modernidade, na forma de realizar um Estado Social adaptado à complexidade do mundo actual, antes que o egoísmo cego e a insensibilidade social do capitalismo direitista e neoliberal, arraste o mundo para uma catástrofe.
Esperemos que a declaração de disponibilidade total com que Assis premiou o discurso de Seguro e o apertado abraço com que este agradeceu, tenham tido exactamente este significado. Só assim fará sentido afirmar que se pretende manter a pluralidade das opiniões na unidade da acção.

Nota: Não sou militante do PS. Sou apenas um convicto apoiante de uma democracia empenhada na resolução dos problemas sociais e um opositor combatente de todos os oportunismo políticos e de todas as tiranias. De certo modo, o mesmo que escrevi sobre o PS, gostaria de o poder escrever sobre o PSD, por exemplo. Mas, neste momento, sei que não devo, nem quero, logo, não posso.
 Já agora, deixem-me apenas manifestar a minha estranheza pelas hesitações e silêncios do actual governo e do Sr. P.R. perante os dislates daquele louco clown  que desgoverna na Madeira.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Preto no branco


Não fui eu que escrevi, mas não me importaria de subscrever, palavra por palavra, ideia por ideia, o que a seguir transcrevo:

“A incomodidade de Crato face à excelência das instalações das novas escolas era evidente. Tão evidente quanto a de Passos Coelho na inauguração do ano escolar no distrito de Viseu. Muito mais do que o dinheiro necessário para assegurar a manutenção daquele tipo de escolas, percebe-se que o desconforto de um e de outro é acima de tudo ideológico: quem nada paga não deve ter direito a instalações tão boas. A excelência das instalações deve ficar reservada a quem tiver dinheiro para as frequentar, logo à iniciativa privada.
A tal liberdade de escolha de que o Ministro tanto falou só pode ser, como é óbvio, a liberdade de quem tem dinheiro. Quem tem dinheiro, escolherá o que é bom e pagará por isso. Quem não o tem, terá de contentar-se com o que lhe derem! Não será, por isso, exagerado vaticinar que a algumas das escolas públicas, nomeadamente as que estão dotadas de excelentes instalações, possa acontecer o que está acontecendo com outras actividades do Estado: serem entregues à iniciativa privada mediante um qualquer processo de privatização. Tudo dependerá das potencialidades do negócio…”
(In,  Post do blog Politeia de 21 de Setembro de 2011)

Já agora deixem-me só acrescentar que certos professores do ensino público, mereciam ser também eles privatizados para conhecerem as maravilhosas condições profissionais  que lhes estariam reservadas no ensino particular.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vamos lá pensar...

Torna-se cada vez mais evidente que algo não vai bem no pequeno reino da Escola Secundária de Campo Maior. Parece que, nos tempos que correm, estamos condenados a uma situação generalizada de crise que, quer a nível do país, quer a nível das pequenas instituições, vai tomando conta de tudo.
O mais grave é que a crise parece ser mais de mentalidade do que de recursos, de estruturas ou de conjuntura. Assim, as pessoas em vez de analisarem a situação de uma forma racional, apontando o dedo para os erros que se estão a cometer, para as hesitações em decidir de forma apropriada e para falta de ideias para encontrar solução para os problemas, preferem a solução mais fácil que é procurar responsabilizar para o que está a acontecer, não os que estão agora com a incumbência de governar, mas apontando o dedo apenas para os que estiveram antes.
O que se passa a nível nacional, passa-se também a nível dos pequenos casos, como é este da Escola Secundária de Campo Maior. Os que clamaram contra o que estava anteriormente em termos de gestão da escola, ganharam impondo a solução que mais seria do seu agrado. A anterior gestão ficou assim democraticamente julgada e sancionada. Aqui devia terminar um ciclo para que outro começasse, trazendo as soluções necessárias. Mas isso não está a acontecer. Clama-se que tudo vai de mal a pior. Em vez de se procurar entender porque é que as coisas não correm bem, adoptam a seguinte atitude: "a culpa é da utopia pedagógica da anterior directora". Mas, sejamos honestos e francos: o  que será pior do que uma utopia quando se trata de educação? Não será a falta total de projectos, perspectivas e ideais? Pior que a utopia será ou não a atopia? Não há educação sem rumo. Não há pedagogia sem ideal de formação. Será essa a questão verdadeiramente importante a debater no que respeita ao caso da Escola Secundária de Campo Maior?
É desesperante verificar a forma como o tão proclamado "eduquês" vai dando lugar a um "cratês" que não só não traz soluções, como se caracteriza por uma ausência total de ideias.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Antes que seja tarde...

Jobs for the boys tornou-se uma maledicência que reflecte a descrença que está a atingir os partidos políticos. Naturalmente que os mais atingidos são os que pertencem à área da governação.
Mas, esta expressão, a que foi dado um sentido tão pejorativo, aponta para uma questão a que não tem sido prestada a devida atenção. Os maiores partidos têm as suas organizações de juventude, coisa que, em princípio, terá de ser vista como natural e positiva. As juventudes partidárias devem ter a função incubadora de formar as sucessivas gerações de políticos que devem servir a governação do país. Ora, o que está a acontecer é que, em todas elas, a função formadora, que devia ser essencial, tem desaparecido para dar lugar a uma função meramente arregimentadora. Em vez de promoverem a formação dos seus jovens militantes, utilizam-nos como meros propagandistas, treinam-nos nos truques e manigâncias que se destinam a integrá-los nas manobras de assalto ao poder.Ou seja, treinam agitadores mas não formam políticos.
Na ânsia de alcançarem esse objectivo o mais depressa  possível, não lhes dão tempo para amadurecerem competências e para estruturarem o carácter, condições essenciais para os que se destinam a assumir responsabilidades políticas. 
Por isso, temos políticos cada vez mais jovens em cargos de grande importância. Será também por essa razão que os políticos têm cada vez menor qualidade? Não por serem jovens. Mas por serem jovens com pouca ou nenhuma formação. 
Quem sabe? Se os partidos cuidassem mais da formação das suas juventudes, os boys que iriam ocupar os jobs estariam tão bem preparados que a frase jobs for the boys, deixaria de ter uma conotação pejorativa  e passaria a ser entendida como um elogio...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Encarar a verdade

Há verdades que têm de ser ditas antes que seja tarde demais. Os partidos deviam integrar os que poderiam trazer para a política o seu saber, a sua competência e, sobretudo, a inteireza do seu carácter.
Mas, na realidade, passa-se exactamente o contrário: os partidos privilegiam os que se dedicam à política apenas com o fito de receberem o máximo de vantagens com o mínimo de esforço e sacrifício das suas pessoas. 
Nos partidos, os que teimam em pensar pelas suas cabeças, com isenção e com independência, são olhados com suspeição. Mas, os que se vergam a tudo apenas com o objectivo de mais rapidamente progredirem, são consentidos e promovidos em recompensa da sua submissão. Isto, porque o que na verdade acontece é que os medíocres que lá estão, tudo fazem para impedir que lá entrem aqueles que eles sabem que são dotados de maior capacidade e competência.
Não se sobe num partido assumindo frontalmente crenças, convicções e criticas. A simulação e o servilismo são os instrumentos que melhor garantem o sucesso na vida partidária. 
Se os partidos se fecham enquanto grupos organizados em volta dos seus caciques e dos interesses pessoais dos que os servem, não podem depois queixar-se de que as pessoas lhes voltem as costas e se desinteressem das suas "intrigalhas conspirativas".
Mas, se tudo isto já é grave ao nível do país, torna-se incrível se considerarmos o que se passa ao nível local. Aí, porque há sempre um cacique rival à espreita, aproveitando queixas e descontentamentos, a política resume-se em angariar clientelas e subserviências que garantam alcançar o poleiro embora não haja nem intenções, nem projectos para fazer mais e melhor do que estava a ser feito.

sábado, 10 de setembro de 2011

Haja coerência!

Os jornais, melhor dizendo, certos jornais, voltam a insistir lançando novas suspeitas sobre a licitude dos comportamentos de familiares de Sócrates.
Mas, esta gente julga-nos estúpidos ou quê? Ou será que estão tão desesperados que lançam mão de tudo sem qualquer critério? Trata-se de lançar uma cortina de fumo para esconder que têm a sua própria casa a pegar fogo?
Vamos lá ver se nos entendemos: que raio tem o cidadão José Sócrates a ver com o que fazem os seus primos, tios ou outros parentes? Pode ele impedi-los de fazer o que lhes dá na gana?
Já agora mais uma questão: de todas as “bocas” que contra ele foram lançadas, quantas foram efectivamente comprovadas?
Na verdade, o que está a acontecer é que muitos dos que entraram pelo caminho da calúnia, uns por inocente tolice, outros por mal estudado oportunismo, estão a chegar à conclusão de que se, antes, mal estavam de relha, pior estão agora de arado.
Alguns ficaram tão entalados que perderam de repente a bizarria com que atacavam tudo e todos a propósito fosse do que fosse. Repare-se no caso do sindicalista Nogueira, o paladino dos professores mártires privilegiados da ferocidade do anterior governo, agora de “orelha tão murcha”.
E que estarão os professores que gastaram tanto tempo e tanta saliva nos seus protestos e contestações e que agora estão, uns no desemprego e outros a deitar contas à vida por não terem mais segura a sua situação?
Isto para não falar em certos partidos que acusavam o anterior governo de ter uma política neoliberal e que, contas feitas, tanto se desgastaram para obter como único retorno o terem facilitado a chegada ao poder do governo mais à direita e mais anti-social que tivemos desde o 25 de Abril.
Por onde andam agora os protestantes? Onde estão as suas bandeiras de luta? Porque estão calados os entusiasmados slogans de contestação?
Lembram-se dos gritos contra Sócrates o mentiroso? Ao que parece a palavra, de tanto uso ficou gasta, pois agora já não chamam mentiroso a quem tornou banal o hábito de desdizer hoje o que afirmou ontem e que faz hoje no governo o contrário do que jurara que iria fazer, quando se comprometia nos seus discursos e entrevistas, durante as eleições.
Tenham santa paciência… Haja coerência, porque tanta trapaça e tanto descaramento nos estão a arrastar para um caminho que não nos conduz para nada de bom.

domingo, 4 de setembro de 2011

E esta?

por FERNANDA CÂNCIO, in, DN, 2 de Setembro de 2011

"Estas medidas põem o país a pão-e-água. Não se põe um país a pão-e-água por precaução."
"Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."
"Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias."
"O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa."
"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos."
"Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos."
"Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos."
"Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado."
"Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal."
"Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa."
"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."
"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
"A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento."
"A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos."
"Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate."
"Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"
Conta de Twitter de Passos Coelho (@pedropassoscoelho), iniciada a 6 de Março de 2010. O último twite transcrito é de 5 de Junho de 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De volta

Feita a "enramação" cá estamos de novo, agora a usufruir do trabalho feito. Vem-me á cabeça a frase do outro: "Está bonita a Festa, Pá!"
No meu entender houve uma melhoria de qualidade. O que está a incomodar alguns, ou seja, a grande quantidade de postos e stands de venda, parece ser uma prova e uma garantia da vitalidade destas festas. Por outro lado, a multidão que continua a afluir demonstra que o prestígio das Festas do Povo se mantém em alta. Por todos os motivos devemos reconhecer o elevado nível de sucesso. Os receios de que houvesse um recuo era justificável devido ao estado generalizado de crise, aliado à longa interrupção de sete anos. Mas, felizmente para Campo Maior, não há razão para criticas ou reparos. Segunda consta, mesmo do ponto de vista do financiamento as coisas parecem estar compostas. Ainda bem. Qualquer descalabro poderia ter ter ditado o fim das Festas do Povo. A mim, particularmente, agrada-me o facto de não terem sido "estrategicamente" feitas segundo o calendário mais conveniente do ponto de vista "eleitoraleiro", como de há muito vinha acontecendo. Mas isso são contas de outro rosário...
Por agora temo apenas que a chuva que começou na madrugada anterior, persista e nos estrague a festa de todo. Mas contra isso não há remédio.

domingo, 14 de agosto de 2011

"Lambidos" e "Lambitas"

As pessoas, mesmo as que se julgam melhor dotadas de inteligência, bom senso e discernimento, têm tendência para atacar os defeitos dos que são humilhados, escarnecidos e dominados, do que para terem a coragem para denunciarem as prepotências dos bens instalados, dos que, afinal, estão bem posicionados para imporem subserviências e submissões àqueles que estão na sua dependência.
Parece tão fácil, tão inteligente, tão engraçado, castigar os chamados “lambe-cus” ou “graxistas” que, sabe-se lá porque desesperos ou necessidades, são obrigados a engolir brios e dignidades a fim de garantirem um mínimo de condições aos que estão à sua guarda e sob a sua responsabilidade.
Mas, numa análise mais justa, será que haveria tantos “lambe-cus” se não houvesse tantos que adoram ter o “cu-lambido”?
Se os prepotentes considerassem o valor das pessoas pela sua competência e pela integridade do seu carácter, talvez estivessem menos rodeados de colaboradores que, sendo medíocres e trapaceiros, por mais jeito que tenham para lamber o dito cujo, jamais poderão ser profissionais competentes e merecedores de confiança, porque isso só existe em mulheres e homens dotados de bom carácter.
Todos os prepotentes que, por má sorte caíram em desgraça, aprenderam à sua custa e da maneira mais amarga, o que vale a “fidelidade” dos “lambitas”. De um momento para o outro passam de “lambidos” a cuspidos e desprezados.

E agora, se me permitem, vou mais uns dias até ao sol do Sul. Sim, que um homem não é de ferro!...
Para mais, se não queres ser "lambita" tens que ser mais em tudo do que os demais. Que, isto de querer manter a "espinha" direita, implica fazer mais e melhor do que aquilo que são obrigados a fazer os que andam com ela curvada. Não sei me entendem...
De qualquer modo cá estarei para a "enramação". Só morto é que iria faltar numa altura dessas. Quanto aos que não podem ir...Olhem, aguentem! Porque isto de viver sempre em Campo Maior, também cansa. Ai não que não cansa! ...
Adeus!!!!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011