segunda-feira, 25 de março de 2013

VONTADE DE TER E DESEJO DE SER

Na sua atitude, cada um de nós pode ser considerado pela atitude essencial que mantém perante a vida: Uns orientam as suas existências por uma busca constante do prazer; outros centram-se mais no desejo, ou seja, na aspiração de ser ou de atingir um modo aperfeiçoado de ser. 
Nas antiga Sabedoria greco-romana, os primeiros eram designados por hedonistas; os segundos  eram referidos como estóicos.
Enquanto na atitude hedonista existe uma constante busca de satisfação através do prazer, no estoicismo há uma construção por centração no desejo que se projecta para objectivos que estão para além da imediata satisfação.
No hedonista as metas são de curto prazo, pois mal um impulso, no qual se congregaram as forças, a energia e a vontade, encontra satisfação, logo começa a surgir a busca de um novo momento ou forma de prazer. Assim, o prazer é uma sequência incessante de factos, sentimentos ou sensações.
No estoicismo a atitude centra-se em objectivos que são fixados em função, não de um clímax, mas de um estado ou atitude permanente de quem vai fazendo um caminho sem excesso de pressa, sem ansiedade e sem paixão. Não se trata de uma busca mas da aceitação de uma opção de vida que, se necessário passa pela própria renúncia ao prazer em busca da quietação, de uma forma de estar e de ser, orientada por princípios estáveis, permanentes e universais. 
Em contrapartida, a busca do prazer é sempre uma afirmação essencialmente individual, mesmo quando pressupõe a interacção com outros. Enquanto o hedonista opta por alcançar o ter, a opção do estóico é a da assunção do dever como via para atingir a serenidade, a segurança e a consciência de um bem maior do que a transitoriedade em que consiste a aquisição do prazer. 
Enquanto o prazer solicita a constante repetição, o desejo de aperfeiçoamento  consiste numa constante atitude de auto-criação.
Tal como os indivíduos, também as civilizações, as sociedades e as nações passam por fases mais hedonistas ou mais estóicas. Ninguém terá dúvidas de considerar que estamos a atravessar tempos do mais exacerbado hedonismo. Muitos consideram que tal corresponde aos períodos críticos que prenunciam à fase cíclica da sua decadência.

segunda-feira, 18 de março de 2013

DESILUSÃO?




Há verdades que, nem são simpáticas, nem fáceis de entender. Mas, porque são importantes, necessitam de ser ditas e reditas até que haja cada vez mais gente capaz de as entenderem e de as tomarem em consideração. Uma dessas verdades ajudará a compreender porque é que tantos se dizem, actualmente, desiludidos da democracia.
Ora bem: vejamos de que gente se trata começando por analisar o entendimento que esses desiludidos têm do que seja democracia. Será que alguma vez a entenderam como o sistema social e político que se baseia em princípios como a Liberdade de opção e de expressão, a Igualdade perante a lei e de acesso a todos os estatutos e oportunidades de promoção e a Solidariedade que deve unir todos, quando se trata de garantir os direitos de cada um?
Ou será que muitos desses que hoje proclamam a sua desilusão com a democracia a entenderam apenas como a oportunidade que lhes foi dada de acederem a situações de vantagem, de fortuna e de bem-estar com o mínimo de esforço e com o máximo de proveito?
Se a nossa memória não for falseadora ou curta, qualquer um de nós pode facilmente lembrar tantos que, agitando bandeiras e proclamando fingidas convicções, tentaram obter o máximo de vantagens, proclamando direitos e desprezando deveres.
De facto, a democracia como sistema político, é de todos o mais perfeito a nível dos princípios e o mais frágil e falível no que respeita às acções de defesa que desenvolve e às acções de ataque que permite. 
O mal da democracia é ser por demais permissiva e pecar por tão pouco vigiar, julgar e castigar os que dela se servem, gerando com os seus abusos as razões e condições que colocam em risco a própria democracia. 
 Claro que, na actual conjuntura, muitos encontrarão razões para grande frustração. Afinal apostaram muito nesta gente que, atingido o poder, deitou fora declarações e promessas e que, com a sua enorme incompetência e cega obstinação, estabeleceu a desgraça generalizada a que estamos a assistir. 
Porém, bem vistas as coisas, não se tratará de estarem desiludidos com a democracia. Na verdade, estarão mas é carentes de oportunidades desejadas e não concretizadas. Estarão mesmo numa situação de quase ressaca por se verem destituídos das benesses e mordomias a que estão habituados.
Descontentes estão, com plena razão, os que se encontram desempregados, os que se vêem privados de parte dos seus rendimentos, os condenados a salários, pensões e reformas de miséria. Mas estes não estão desiludidos da democracia. Estão irados e revoltados por não serem respeitados os princípios e deveres que devem orientar os que foram democraticamente eleitos pelo povo para que governassem em defesa dos seus direitos e com salvaguarda dos seus interesses e necessidades fundamentais.

segunda-feira, 11 de março de 2013

domingo, 3 de março de 2013

                                     Cravos no Terreiro do Paço, em Lisboa
 LISBOA: MANIFESTAÇÃO DE 2 DE MARÇO


Antes (com O GRITO) referi o desespero individual levado ao extremo. Hoje poupo nas palavras porque, mais do que elas, vale a imagem que ilustra o desespero colectivo à beira do limite.

Deixo-a aqui para comentar que a eterna estupidez da ganância, não lhe permite entender que, para lá de certos limites, a força do número, pode ser superior à prepotência do poder instituído.