quinta-feira, 31 de maio de 2012

DA NECESSIDADE E UTILIDADE DA CULTURA

A importância de uma comunidade não se mede pelo que realizou no passado, mas pela capacidade que, no presente, demonstra para se renovar e dar resposta às necessidades que tem e aos problemas e desafios que lhe são colocados. Só assim estará garantido o futuro e a sobrevivência dessa comunidade.
Por isso, as comunidades de cultura muito primitiva ou muito conservadora, tende para uma estagnação ou para um ritmo muito lento de evolução.
As comunidades primitivas tendem a garantir apenas as necessidades do dia a dia e têm muito pouca capacidade para prever novas situações ou para resolver os problemas encontrando novas soluções. 
As comunidades muito conservadoras, ficam limitadas a soluções que passam de geração para geração acabam por cristalizar sem conseguirem encontrar novas e melhores formas de viver.

Mas, há também casos em que por influência de certos factores, certas comunidades entram em processo de degeneração. É sabido que determinados agentes políticos desenvolvem processos de "incultura" que, a médio e longo prazo, degradam os comportamentos, fomentam os conflitos e desencadeiam a desagregação social.
Nas sociedades modernas esse é o fenómeno mais frequente e está a ser também um dos factores da crise crescente que afecta os povos, as nações e os Estados.
Quanto mais inculta é uma comunidade, mais permeável é a propostas de contra-cultura e mais influenciável é a oportunismo do que buscam o poder com objectivos pessoais não coincidentes com o interesse geral. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O QUE OS OUTROS DIZEM DE NÓS...

Robert Fishman é um sociólogo e polítólogo norte-americano, que lecciona na Universidade de Notre Dame e que, desde os anos 70, se tem dedicado a estudar a evolução na Península Ibérica, tendo-se especializado como analista dos problemas portugueses. Numa entrevista publicada pela revista "Visão" em 17 de Maio passado, disse falando de Portugal respondeu o seguinte à pergunta:
Como avalia os actuais níveis de desemprego?
Ter tantos desempregados é uma tragédia humana, com consequências que perdurarão no tempo. E é um beco sem saída. Um desemprego muito elevado limita a economia e pode levar a sérios problemas no sector bancário e financeiro. (...)
O outro problema é político e social. As pessoas reagem ás dificuldades económicas de diferentes maneiras, consoante o contexto. Claramente, as pessoas estão descontentes e existe a possibilidade de uma reacção política forte ... mas também podem surgir de outras formas ...

O esclarecido analista não explicitou mas,  uma dessas formas pode ser a dos comportamentos marginais que colocam em risco a segurança de pessoas e bens, uma vez que a extrema necessidade atira alguns para actos desesperados de violência que provocam a instabilidade das comunidades. Por seu lado, a instabilidade pode afectar o funcionamento normal da democracia e, sobre isto, declarou também que na Zona Euro, governos estão a ser impostos aos países por razões tecnocráticas, para cumprirem metas políticas que não foram escolhidas pelos eleitores mas pela Comissão Europeia. Os países europeus ainda são democracias, mas são democracias com poder diminuído. O número de assuntos sobre os quais os eleitos têm espaço para tomar decisões está a diminuir. 
 Mais adiante referiu que um país é mais democrático se o seu governo ouve não apenas os bancos e as grandes empresas mas também as pessoas que se manifestam. 

sábado, 19 de maio de 2012

AS PALAVRAS…


As palavras, mais do que as atitudes ou as expressões do rosto, revelam o verdadeiro carácter e o íntimo sentir das pessoas.

Quando um ministro da economia, pressionado pelos deputados, no Parlamento, acerca de um facto central da sua acção política, se refere ao “coiso” porque não lhe ocorreu a palavra “desemprego” que devia utilizar, ele revela na sua atrapalhação que está numa enorme tensão e revela uma enorme insegurança e desconforto com o tema que se traduz no nervosismo que o leva a titubear a primeira palavra que lhe vem à boca.

Mas, quando um primeiro-ministro declara que os desempregados devem deixar de se queixar e dramatizar porque o desemprego deve ser encarado como “oportunidade” para novos rumos para a sua vida, ele não revela nervosismo. Revela o que, no seu íntimo sentir, significa para si a política. Porque, se a política para si significasse a disponibilidade para se colocar ao serviço dos outros, ele teria sensibilidade e capacidade de compreender o que o “desemprego” significa para quem está na situação de “desempregado”.
Para quem tem como única garantia da sua segurança e conforto de vida, para si e para os que de si dependem, aquilo que recebe em troca da sua força ou capacidade de trabalho, o “desemprego” é o pior dos dramas.

Para um primeiro-ministro o “desemprego” deve ser muito mais do que um drama pessoal. Neste país há, neste momento, cerca de 770 mil desempregados e, bem vistas as coisas, se tomarmos em consideração os familiares que dependem dos que ficaram sem emprego, trata-se de um fenómeno que afecta, no mínimo, mais de 1 milhão e meio de portugueses.
Trata-se de um flagelo social capaz de tirar o sono a qualquer governante que tenha plena consciência social das consequências das suas acções e decisões. A menos que estejamos perante um político que, bem lá no fundo, pensa que isto da política não passa de um jogo, de um conjunto de habilidades, para ir dizendo algumas frases de ocasião, para mostrar que se tem muito espírito e muito jeito para a “coisa”.
Pois é… As palavras são quase sempre um espelho do que nos vai na alma…

sexta-feira, 18 de maio de 2012

PARA ONDE CAMINHAMOS?

  
A maneira como os bancos ganham dinheiro é tão simples que é repugnante
(John K. Galbraith)

Inicialmente, o dinheiro que se investia na compra de equipamentos - terrenos, instalações, matérias-primas, instrumentos, máquinas e força de trabalho - destinava-se a acelerar, melhorar e aumentar a produção de mercadorias e, assim se obter uma progressiva acumulação de capital.

Agora, estamos numa situação em que o dinheiro deixou de ser um recurso da economia para se tornar, ele próprio, na mais importante das mercadorias. O sistema financeiro sobrepôs-se ao sistema económico.
Ao mais alto nível, o dinheiro é investido em actividades especulativas e o sector produtivo passou para plano secundário. Não se investindo na produção de bens, nem na força de trabalho dos produtores, a riqueza em vez de circular e de se distribuir, concentra-se na posse de uma minoria, arrastando as maiorias para uma situação de generalizada pobreza.

Chegámos a uma situação em que quem determina as grandes questões já não os políticos, mas os que controlam as operações financeiras fazendo circular, de uma forma cada vez mais virtual, grandes quantidades de dinheiro a troco de juros elevadíssimos e dos quais, apenas uma pequena parte será investida no sector produtivo.

O alto jogo financeiro controla e esmaga a actividade económica, determina a qualidade de vida das populações e a vida política dos Estados.
Daí poderá resultar que chegaremos a uma tal situação em que já não bastará fazer reformas porque, provavelmente, para realizar a inevitável mudança, terá de se proceder a uma radical revolução.

sábado, 12 de maio de 2012

COMENTANDO ...II

A democracia é um sistema que garante que não seremos mais bem governados do que merecemos

Desta  forma de ironia, aparentemente ligeira, mas de um cinismo amargurado, Bernard Shaw diz, em poucas palavras muitas coisas de profundo significado:

- Diz que um povo inculto, destituído de cultura e de baixo nível de educação, tenderá sempre a escolher, não governantes que lhe garantam formas de decisão e projectos de governação sérios, bem estruturados, orientados por objectivos claros e muito adequados aos recursos e necessidades;

- Diz que, tanto assim é que quanto mais medíocres são os políticos mais eles apostam na demagogia para alcançarem o poder e menos se empenham na promoção cultural e cívica das populações;

- Diz porque é que, os maus governantes, substituem a formação pela diversão e o empreendimento de obras necessárias pela construção de obras de fachada;

-  Diz porque a esses políticos lhes é indiferente o bem-estar das populações porque, efectivamente, o seu objectivo maior é o de perpetuarem no poder;

- Diz porque é que são esses os governantes que aparecem mais ligados a decisões arbitrárias e a actos de corrupção.

domingo, 6 de maio de 2012

COMENTANDO... I

Li algures uma frase que dizia mais ou menos o seguinte:

Uma pessoa de princípios deve fazer mais do que lhe é exigido e muito menos do que lhe é permitido.

Acontece que eu penso que assim deva ser. Mas, confesso que não me atrevo a confessar isso diante da maior parte das pessoas com quem tenho de conviver. 
Tenho a certeza que alguns me iam considerar no mínimo um tipo mais do que esquisito. Talvez um palerma que, desde há muito, suspeitam que sou. 
Hoje poucos são os que pretendem ser  pessoas de princípios. Tende-se mais a pensar que o que interessa é irem-se desenrascando. O resto não passam de conversas para adormecer bois mansos.

Mas, eu prefiro entender que não. Preso-me demasiado e, por isso, entendo que só vivendo segundo princípios consigo olhar-me com respeito e consideração. 
Tenho para mim que interessa muito menos parecer, porque o mais importante é aquilo que, efectivamente, sabemos que somos. Podemos facilmente enganar os outros;  mas é muito difícil que nos consigamos enganar a nós mesmos quando se trata de avaliar o que verdadeiramente somos. 
Não é por vivermos num tempo em que impera a iniquidade, que vamos dissolvermos na mediocridade que nos rodeia. Como dizia o trovador: Que haja sempre alguém que resista! Que haja sempre alguém a dizer NÃO!