Chegou há dias nos jornais a
notícia de que o Ministério da Educação e Ciência tinha feito publicar, no dia
5 do presente mês, no Diário da República
o despacho para a “organização do novo ano escolar” e que ia, no dia seguinte,
fazer chegar à Assembleia da República o novo Estatuto do Aluno e Ética Escolar.
Não conhecendo ainda, em pormenor
os seus conteúdos, agrada-me que estejam a ser tratados, quase em simultâneo,
dois assuntos tão intimamente ligados que poderíamos dizer que se trata das duas
faces duma mesma moeda a que poderíamos chamar “educação”, a qual, teria uma
face a que chamaríamos “aprendizagem” e a outra “disciplina”.
De facto quase todos nós sabemos
que, onde uma falta, a outra não progride. Todos nós sabemos que, nas escolas,
as duas estão tão ligadas como a face e a palma da mão. Faz bem o governo em
partir do princípio de que não poderá remediar uma se não cuidar das “maleitas”
de que sofre a outra.
Numa escola onde a qualidade das
aprendizagens é fraca, rapidamente se instalam os comportamentos desregrados que
impedem o desenvolvimento normal da acção educativa. Numa escola dominada pela
indisciplina, nem os esforços dos mais dedicados conseguem impor um ensino de qualidade.
E, como em “casa em que não há
pão, todos ralham e ninguém tem razão”, aí temos os professores a atribuir o
insucesso, aos comportamentos dos alunos e das famílias que os não educam e as
famílias a acusar os professores porque não cumprem as sua obrigações.
Estamos assim perante uma situação
que parece dilemática, mas que, se calhar não o é. Ou não deveria ser porque, de
facto, acontece por culpa de todos os que nela estão implicados e que não se
empenham o suficiente para a resolver.
Este é um daqueles problemas que
não se podem consentir porque todos sofrem as consequências que ele origina:
- Para os professores o mau funcionamento das
escolas torna difícil, por vezes insuportável, o desempenho das suas obrigações;
- Para as famílias, se podem e se
nisso se empenham, têm de investir muito para dar aos filhos aquilo que a
escola lhes está a negar, gastando tempo e dinheiro em apoios para que não
caiam no insucesso total. Se não dispõe de meios estão condenadas a verem os
seus filhos irem enfrentar a vida sem terem a necessária preparação.
- Para a sociedade em geral, é o descalabro porque
as escolas que não funcionam bem são as que mais acabam por custar, porque não
preparam devidamente as novas gerações, provocando graves problemas de segurança
social.
Assim sendo, cabe aos Estados e
aos que governam que dediquem uma particular atenção aos problemas da educação.
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