Walter Scott, escritor inglês, criou a famosa figura do guerrilheiro, justiceiro e habilidoso archeiro, a que em Portugal chamamos Robin dos Bosques mas que o escritor inglês baptizou como Robin Hood (que significa Robin do Capuz, devido ao hábito que tinha de esconder o rosto e a sua identidade colocando sobre a cabeça um carapuço – hood – com que ocultava a cara).
Como muitas outras crianças e jovens, eu admirava aquela figura que enfrentava o tirânico xerife de Notthingam que, ao serviço de um rei usurpador, espoliava os pobres para favorecer os mais poderosos. Robin dos Bosques encarregava-se de combater os tiranos e repunha a justiça, apoderando-se dos bens dos poderosos que distribuía pelos pobres.
A história localizava-se na Inglaterra e na Idade Média. Mas todos nós entendíamos que aquela história era universal pois dizia respeito a todos os povos e a todos os tempos, pois sempre há os que usurpam, embora nem sempre haja um Robin que restabeleça atempadamente a necessária justiça.
Veio-me à memória esta história devido a uma metáfora utilizada pelo ex-presidente da República do Brasil, Lula da Silva, que esteve recentemente de visita a Portugal. Disse ele como receita segura para o sucesso económico:
Se deres um milhão a um rico, ele vai pô-lo numa conta “offshore” e, em seguida, desata a especular. Se o distribuíres por cem mil pobres, eles vão consumir e pôr a economia a funcionar.
Talvez haja muito a dizer desta proposta porque os dez euros que fossem distribuídos a cada pobre, torná-los-iam fracos consumidores. Mas há qualquer coisa de profunda intenção nesta metáfora e que me põe a pensar que há entre nós governantes que, na história do Robin dos Bosques, optaram por ficar do lado do xerife de Notthingam.
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