Agora que já vão passados bastantes dias sobre o congresso do maior partido português na oposição, podemos talvez, sem sectarismo, nem dramatizações, mas com serenidade, reflectir sobre o que nele se passou.
Desde há muito é visível que no PS, tal como os outros grandes partidos portugueses, uma massa de militantes que, tal como os crentes de muita fé e pouco discernimento, não têm nem capacidade, nem ideias, nem ideologia, apoiando seja o que for desde que seja o partido a propor, convive com as minorias dos que pensam, estruturam, programam e decidem. Estes são a alma, que dá vida. Aqueles apenas os figurantes que assistem no cenário onde se desenrolam as acções. Esta é a verdadeira contradição dos chamados partidos de massas e a principal razão das fragilidades das democracias.
Em síntese, assistimos neste congresso do PS, ao confronto entre duas facções: uma liderada por António José Seguro; outra por Francisco Assis.
Deixemos de parte a ideia simplista de considerar que o que os dividia era a intenção de Seguro romper com o "socratismo", enquanto Assis se posicionava como seu apoiante e continuador.
O que esteve em jogo neste congresso foi algo que se consubstanciou nas ideias-força que ambos apresentaram: Seguro apresentou-se como decidido e intransigente defensor do Estado Social; Assis como um entusiasta da modernidade no pensamento e na acção para resolver os problemas da sociedade actual. Portanto, um afirmou-se na defesa de um modelo, outro na necessidade de modernizar esse modelo. Os militantes deram o seu apoio maioritário ao primeiro, na proporção de uma maioria de 75%.
No fim, democraticamente, todos se contentaram em nome da necessária unidade. Mas, para além do folclore que todos os congressos implicam, haverá gente no PS capaz de pensar que o que mais importa não é optar entre a ânsia de modernização de um e as preocupações sociais de outro. Porque o que que importa é pensar, com a lucidez da modernidade, na forma de realizar um Estado Social adaptado à complexidade do mundo actual, antes que o egoísmo cego e a insensibilidade social do capitalismo direitista e neoliberal, arraste o mundo para uma catástrofe.
Esperemos que a declaração de disponibilidade total com que Assis premiou o discurso de Seguro e o apertado abraço com que este agradeceu, tenham tido exactamente este significado. Só assim fará sentido afirmar que se pretende manter a pluralidade das opiniões na unidade da acção.
Nota: Não sou militante do PS. Sou apenas um convicto apoiante de uma democracia empenhada na resolução dos problemas sociais e um opositor combatente de todos os oportunismo políticos e de todas as tiranias. De certo modo, o mesmo que escrevi sobre o PS, gostaria de o poder escrever sobre o PSD, por exemplo. Mas, neste momento, sei que não devo, nem quero, logo, não posso.
Já agora, deixem-me apenas manifestar a minha estranheza pelas hesitações e silêncios do actual governo e do Sr. P.R. perante os dislates daquele louco clown que desgoverna na Madeira.
Já agora, deixem-me apenas manifestar a minha estranheza pelas hesitações e silêncios do actual governo e do Sr. P.R. perante os dislates daquele louco clown que desgoverna na Madeira.
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