Lá se foi o entrudo e, para grande decepção de alguns, aí estamos de novo na constante rotina que é a vida de todos os dias. Uns fingiram alegria. Outros respiram de alívio por não apreciarem um tempo que, quer queiramos quer não, tem aspectos bastante desagradáveis.
De qualquer modo, aí voltamos à nossa vida e dela faz parte este sorumbático sentimento de crise que não podemos deixar de sentir. Foram muitos anos de desregramento e muito vai custar até que nos acomodemos a uma nova maneira de viver. Porque, não nos iludamos, as coisas não poderiam continuar como estavam.
E bem certo que a crise foi desencadeada por factores externos que, no fundo, se resumem na tremenda acção especulativa gerada pelo grande capital que deixou de ser reprodutivo para se tornar apenas desenfreadamente acumulativo. A economia deu lugar à mais desenfreada procura do lucro com o mínimo de risco possível. Não se investe. Aposta-se. E, aposta-se com batota, se tal for possível.
Muitas maneiras foram usadas para conseguir levar as pessoas a consumirem aquilo de que, efectivamente, pouco precisavam e, sobretudo, consumirem mais do que aquilo que podiam pagar. É um facto que mais tarde ou mais cedo isto conduzia à ruína dos que se deixavam encantar com os cantos de sereia que as instituições financeiras, com os bancos à cabeça, não paravam de debitar através de hábeis campanhas publicitárias.
Todos clamam agora que ganham pouco e é verdade que há muitos que estão sem ganhar ou a ganhar muito mal. Mas, verdade seja dita, que, alguns dos que não reduziram os seus rendimentos, não deixam de estar "à rasca" porque juros e amortizações lhes comem grande parte desses rendimentos. Ou seja, o "tenha agora e pague depois" arrastou muita gente para a situação aflitiva em que se encontram agora.
Temos, todo nós, de voltar a pensar seriamente nas voltas que devemos dar às nossas vidas. Porque, viver sem pensar nunca foi uma boa maneira de viver.
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