sábado, 16 de junho de 2012

QUE REGRAS SÃO ESTAS?


Regressamos aos tempos em que o Estado e os seus governantes assumiam claramente que todas as suas acções deviam ir no sentido de manter as diferenças que entendiam dever estruturar a sociedade que eles não queriam, nem aceitavam que pudesse caminhar para a igualdade de oportunidades.
Aí temos as determinações do governo de Portugal para regulamentação da vida nas escolas a partir do começo do próximo ano lectivo.
Mais uma machadada implacável no “Estado Social”: A sua demolição é contínua persistente, e sistematicamente orientada.
Não há ninguém que, de boa-fé, possa negar que, se a escola não cuidar de compensar certas diferenças e desigualdades que existem na sociedade, a educação se torna num dos mais poderosos factores de reprodução e multiplicação das diferenças.
As crianças provenientes de famílias bem estruturadas e incluídas em grupos sociais com rendimentos seguros e consideráveis, encontram meios de sobreviver a escolas mal organizadas e a professores incompetentes. Aí estão as famílias para, com os seus cuidados e com os seus recursos, completarem ou corrigirem aquilo que a escola faz mal ou que nem chega a fazer.
Mas as crianças que estão no pólo oposto, em famílias desestruturadas, com grandes carências culturais, educativas e económicas? Que chances têm elas de encontrar na escola os meios para escaparem à miséria a que se encontram condenadas pelo azar que tiveram desde que nasceram?

A função compensatória de desigualdades que pertence à escola numa concepção de Estado Social, desaparece completamente nestas regras que agora se querem impor pois elas colocam atitudes de autoridade e de repressão onde a escola devia exercer uma acção de cuidado e de educação.


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