Regressamos aos tempos em que o Estado
e os seus governantes assumiam claramente que todas as suas acções deviam ir no
sentido de manter as diferenças que entendiam dever estruturar a sociedade que
eles não queriam, nem aceitavam que pudesse caminhar para a igualdade de oportunidades.
Aí temos as determinações do
governo de Portugal para regulamentação da vida nas escolas a partir do começo
do próximo ano lectivo.
Mais uma machadada implacável no “Estado
Social”: A sua demolição é contínua persistente, e sistematicamente orientada.
Não há ninguém que, de boa-fé,
possa negar que, se a escola não cuidar de compensar certas diferenças e
desigualdades que existem na sociedade, a educação se torna num dos mais
poderosos factores de reprodução e multiplicação das diferenças.
As crianças provenientes de
famílias bem estruturadas e incluídas em grupos sociais com rendimentos seguros
e consideráveis, encontram meios de sobreviver a escolas mal organizadas e a
professores incompetentes. Aí estão as famílias para, com os seus cuidados e com
os seus recursos, completarem ou corrigirem aquilo que a escola faz mal ou que nem
chega a fazer.
Mas as crianças que estão no pólo
oposto, em famílias desestruturadas, com grandes carências culturais,
educativas e económicas? Que chances
têm elas de encontrar na escola os meios para escaparem à miséria a que se
encontram condenadas pelo azar que tiveram desde que nasceram?
A função compensatória de
desigualdades que pertence à escola numa concepção de Estado Social, desaparece
completamente nestas regras que agora se querem impor pois elas colocam atitudes
de autoridade e de repressão onde a escola devia exercer uma acção de cuidado e
de educação.
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