Alguém que muito estimo, falava-me com desespero de uma criatura que, por se ter em grande consideração, devido ao sucesso alcançado através da bajulação com que distingue os poderosos, passa o tempo a tramar a vida a todos os que se atravessam no seu caminho, sobretudo aos que se recusam a prestar vassalagem à sua insaciável ambição de protagonismo.
Virgílio Ferreira formulou um dia esta acutilante e esclarecedora pergunta:
Como é que um tipo que é medíocre, há-de saber que é medíocre, se ele é medíocre?
Porém, acontece por vezes que os medíocres conseguem ter uma certa habilidade conspirativa, sabendo conduzir artimanhas convenientes aos seus interesses e maquinações. A falta de princípios morais e a debilidade da sua consciência ética torna-os capazes das maiores vilezas que surpreendem devido aos fracos dotes de inteligência de que são dotados. Eles, para si mesmos, tomam isto como sinal de esperteza.
Mas, na verdade, como não são capazes de prever as consequências dos actos que desencadeiam, são também incapazes de avaliar os efeitos que eles provocam e as reacções que desencadeiam.
Mas, porque mais do que sucesso, se trata apenas de conseguir obter algumas vantagens, os medíocres estão condenados a não alcançarem o sucesso, porque este não lhes é acessível devido à mediocridade da sua natureza.
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