quarta-feira, 27 de abril de 2011

Necessidade urgente de novas soluções


Filomena Mónica, sempre atenta aos problemas sociais e às grandes questões do nosso tempo, escreveu:

No ambiente de cinismo em que vivemos, parece ingénuo afirmar que vale a pena lutar por uma sociedade mais justa. O amoralismo dos anos 90 congelou o pensamento de esquerda, tornando-o incapaz de criticar a direita. E, no entanto, a denúncia não é difícil. Os governantes que acreditam religiosamente no mercado, que afirmam que os pobres apenas existem porque não querem trabalhar, que exaltam a ganância como valor supremo estão a minar a coesão das sociedades.

Apetece voltar de novo a Adam Smith, que a direita sempre arvorou como patrono tutelar do seu pensamento, qundo afirmava que:
"Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma “mão invisível” a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade."

Era sua convicção fundamental que, como resultado da actuação dessa "mão invisível" (a livre concorrência), o preço das mercadorias deveria descer e os salários deveriam subir. Há 200 anos seria difícil prever que uma "mão invisível" muito mais poderosa iria mutilar e inutilizar a acção da primeira: a força brutal adquirida pelo capitalismo financeiro, altamente concentrado, que destruiu a possibilidade de uma acção social reguladora, estrangulando os Estados. 
Se os Estados desistirem da sua função de regulação social enfrentado com coragem e convicção  os grandes grupos financeiros, a sociedade colocar-se-à à beira de situações de conflituais muito gravosas.
Ao fim e ao cabo nada que não tenha já acontecido, e por mais de uma vez, em tempos não muito recuados...

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