Filomena Mónica, sempre atenta aos problemas sociais e às grandes questões do nosso tempo, escreveu:
No ambiente de cinismo em que vivemos, parece ingénuo afirmar que vale a pena lutar por uma sociedade mais justa. O amoralismo dos anos 90 congelou o pensamento de esquerda, tornando-o incapaz de criticar a direita. E, no entanto, a denúncia não é difícil. Os governantes que acreditam religiosamente no mercado, que afirmam que os pobres apenas existem porque não querem trabalhar, que exaltam a ganância como valor supremo estão a minar a coesão das sociedades.
Apetece voltar de novo a Adam Smith, que a direita sempre arvorou como patrono tutelar do seu pensamento, qundo afirmava que:
Era sua convicção fundamental que, como resultado da actuação dessa "mão invisível" (a livre concorrência), o preço das mercadorias deveria descer e os salários deveriam subir. Há 200 anos seria difícil prever que uma "mão invisível" muito mais poderosa iria mutilar e inutilizar a acção da primeira: a força brutal adquirida pelo capitalismo financeiro, altamente concentrado, que destruiu a possibilidade de uma acção social reguladora, estrangulando os Estados.
Se os Estados desistirem da sua função de regulação social enfrentado com coragem e convicção os grandes grupos financeiros, a sociedade colocar-se-à à beira de situações de conflituais muito gravosas.
Ao fim e ao cabo nada que não tenha já acontecido, e por mais de uma vez, em tempos não muito recuados...
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