segunda-feira, 18 de abril de 2011

Chega de nos flagelarmos

Em 29 de Abril 2009, uma comissão de inquérito do Senado americano ouvia as agências de rating. Um senador quis saber como era possível elas terem dado a nota máxima (AAA) a produtos ligados ao crédito subprime quando já o mercado imobiliário colapsava. Isto é, como classificavam de excelente o que era lixo? Raymond McDaniel, o presidente da Moody's, disse que sua agência só dera opiniões, just opinions. E o presidente da Standard & Poor's, Deven Sharma, respondeu o mesmo: "Expressávamos a nossa opinião." Quer dizer, a aldrabice que ocasionou a maior crise económica desde 1929 foi apresentada como um simples e equivocado "lindo dia!" dito quando chove a potes lá fora... Esta semana, saiu o relatório do Senado e lá se diz que a Moody's e a Standard & Poor's foram "o gatilho que espoletou a crise financeira." E diz também que a aldrabice não era ingénua pois dera às agências de rating isto: "Aumentaram a sua facturação e aumentaram a compensação paga aos seus executivos." Foram estes opinadores que decretaram a falência de Portugal e lançaram o País numa autoflagelação danada. Esta semana, Passos Coelho encontrou um turista finlandês num restaurante. E, para ilustrar a situação em que estamos, contou aos jornalistas que o turista lhe lançou: "Espero não ser obrigado a pagar-lhe o jantar..." Fiquei espantado por nenhum jornalista ter perguntado a Passos: "E o senhor para onde mandou o finlandês?"

por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias de 17 de Abril de 2011

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