quarta-feira, 9 de outubro de 2013

CARTA ABERTA A RICARDO



Meu caro:

Desculpa lá, mas conhecemo-nos há bastante tempo e bastante bem e não me dá jeito nenhum tratar-te por Senhor Presidente, embora tenha muito orgulho em que tenhas conseguido lá chegar. Acho mesmo que o mereces e considero que tens feito um óptimo lugar.
A razão por que escrevo estas linhas é a seguinte:
Aquele placard electrónico que mandaram colocar no topo da Avenida está a levantar algumas dificuldades ao meu entendimento.
Em primeiro lugar, não consigo entender em que medida o investimento feito se justifica tomando em consideração o benefício que, de tal decisão, se pode retirar.
Depois, até aceitei inicialmente a decisão, porque o écran foi voltado para o interior do jardim e, pensei que assim permitia que as pessoas que iam por ele circulando ou que se sentavam nos bancos, podiam ir sendo informados sobre o que ia acontecendo ou estava para acontecer na vida da vila.
Quando mudaram a sua posição e voltaram o écran para o exterior, pensei que era uma decisão temporária para o período em que durasse o “Jardim de Papel”, pois as decorações lhe tiravam visibilidade. Mas, a medida que eu julgava temporária revelou-se definitiva e é aqui que o meu entendimento não alcança a razão para semelhante decisão ter sido tomada.
Se não vejamos:
O referido placard contém informações que interessam sobretudo aos residentes na vila.
Aquela entrada da vila que, sem dúvida, é a principal, constitui o ponto de acesso para quem chega e se desloca de automóvel, sendo poucos os que aí circulam como peões.
Se os automobilistas quisessem informar-se vendo as informações do placard, teriam de paralisar as suas viaturas em plena via de circulação, isto para não levantar o problema dos perigos que podiam resultar de tentarem, em movimento, fixar a sua atenção nas informações do écran.
Os próprios peões teriam também de se imobilizarem. de pé e durante bastante tempo, para poderem fazer a leitura de todos os conteúdos daquele equipamento.
Se considerarmos que parte considerável dos que entram na vila, nem sequer são residentes, que lhes interessa que tenha sido inaugurada a casa de Santa Beatriz e a casa Mortuária ou que se esteja a reconstruir a Casa do Governador, em Ouguela? E, penso eu, muito menos lhes interessará saber que espectáculos ou eventos se vão realizar nos próximos dias em Campo Maior.
Na verdade, grande parte dos conteúdos daquela fonte de divulgação de informações e notícias seria muito mais útil e aproveitável para quem passeasse no jardim ou se sentasse nos seus bancos. Mas, para isso, deveria o écran estar virado para o passeio central do mesmo jardim.
Bom, desculpa vir chatear-te com questão tão comezinha. Mas, como te ouvi recentemente dizer que gostarias que as pessoas deveriam sugerir e apontar formas para melhorar o funcionamento das coisas públicas, em vez de estarem sempre a criticar, resolvi dar este meu modesto contributo.

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