O terceiro Orçamento
Gaspar
O Governo meteu-se numa grande baralhada com a feitura do
Orçamento de 2014. Mas não beneficiemos o infractor, já que olhar para a
baralhada desvia a atenção do essencial. E o essencial é que este é o terceiro Orçamento
de Vítor Gaspar. Não só nos princípios fundamentais, como nos factos, pois nem
uma vírgula foi mudada da famosa "carta" enviada durante o seu
consulado, em Maio de 2013. Mas há diferenças, a principal das quais é o facto
de agora a austeridade ser envergonhada e não pomposamente declarada aos
microfones do Ministério das Finanças. A vergonha não esconde, todavia, a
realidade. E há mais. Agora, como na primeira vez, e ao contrário da segunda,
os aumentos de impostos, disfarçados de cortes, aplicam-se apenas a
pensionistas e funcionários públicos - e, dentro destes últimos, os de
rendimentos mais baixos. E por isso muitos poderão olhar para o lado. Mas,
lembremo-nos que um corte de 3 mil milhões de euros afecta a todos. Como
afectaram os dois Orçamentos que antecederam este, e cujos efeitos já só
não conhece quem não quer. É justo? Há alternativa? Respondamos a isso com as
nossas consciências. A única réstia de esperança é que este é, no máximo, o
penúltimo Orçamento Gaspar. A única, não: ainda há o Tribunal Constitucional.
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