Oeiras:
roubo mas faço
Sob este título, Daniel Oliveira,
publicou um texto de que se transcreve a primeira parte:
Em frente a um estabelecimento prisional, centenas de carros buzinam
enquanto os seus condutores gritam o nome de um dos presidiários. Trata-se de
um político local preso por corrupção. O seu delfim ganhou as eleições e o
povo, feliz, quer dividir aquele momento com o seu herói encarcerado. Esta
vitória foi dele. Ninguém nega que ele roubou. Roubou mas fez. Esta cena não se
passa numa qualquer pequena cidade perdida no Brasil dos coronéis. Não se passa
no México do narcotráfico ou numa nova ditadura nascida da ex-URSS. Passou-se
em Oeiras, o concelho com maior percentagem de licenciados de Portugal, um país
democrático e supostamente desenvolvido da União Europeia.
Noutras terras, o texto que se escrevesse a este propósito teria de
mudar o título para:
Roubaram e nada
fizeram
E nesse texto teria de se lamentar o facto de,
apesar de terem roubado e de nada de louvável terem feito, não terem sofrido
qualquer castigo, podendo os autores de tais acções pavonear-se livremente como
se de cidadãos impolutos, sérios e respeitáveis se tratasse.
E, não sei que mais incomoda: se ver um corrupto ser
vitoriado, mas preso pelos crimes que praticou e pelos quais foi julgado e condenado,
se ver os crimes ficarem sem castigo.
É que, no primeiro caso, apesar do descaramento dos
que aplaudem quem os roubou e que, apesar disso, podem ainda dizer que fez coisas
louváveis, noutros casos, houve crime mas não houve justiça. E, nem sequer o
crime pode ser atenuado por algo de bom e de importante que tenha sido
realizado por aqueles que cometeram esses crimes.
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