Em termos muito gerais as palavras “Cacique” e “Caciquismo” designam uma
forma de organização ou uma atitude
de quem manda, que assenta na influência dos caciques, sistema de governo
baseado nas relações de dependência que se criam ao redor do poder dos caciques.
Na origem, tratava-se do nome dado ao
chefe nas tribos primitivas, da América do Sul, na época dos Descobrimentos. O
termo foi divulgado pelos espanhóis e pelos portugueses.
Na sua origem, tratava-se de um poder de
chefia que assentava no poder de um chefe que geralmente constituiria o seu
direito de autoridade e de decisão, ou porque o impusera pela força ou porque
lhe fora atribuído devido à sua capacidade de liderança ou à sua sabedoria.
Estranhamente o termo vulgarizou-se a
partir da implantação do liberalismo para designar os que, em plenos regimes democráticos,
constituíam regimes polarizados no poder de um único homem que dominava através
duma rede bem estruturada dos seus agentes que, o apoiavam, garantiam a sua eleição
e serviam de suporte às suas decisões autoritárias.
No fundo o caciquismo conquista o poder
através dos processos eleitorais que manipula, para depois impor as decisões
que melhor servem o seu interesse ou a sua vontade. Por isso, o cacique tende a
controlar os próprios órgãos as quais devia caber, legitima e livremente,
tomar as decisões, dando sempre a ideia de que tudo se processa com normalidade
Na verdade não existe um modelo estereotipado
de caciquismo. A convicção de que a arma do cacique é a sua prepotência, é
pouco menos que grosseira e, na maior parte dos casos, está muito fora da
realidade.
Os caciques estão tanto mais implantados
quanto mais astutos são nos processos de conquistar e conservar o poder. Os
mais astutos nem ocupam os cargos. Deixam essa tarefa para os seus “capatazes”,
enquanto ficam de fora a controlar e a manipular a situação.
Há caciques que baseiam a sua estratégia
no empenhamento que colocam nas questões sociais que utilizam para aumentar as
suas redes de dependentes.
Claro que há também os prepotentes, os
sectários e os manipuladores capazes de tudo prometerem sem qualquer intenção
de cumprir. Rodeados de cúmplices e apaniguados que tudo vigiam, conseguem por
vezes manter o poder por períodos mais ou menos prolongados o que depende muito
do grau de desenvolvimento das populações.
Mas, então? Não há líderes verdadeiramente
democráticos em quem possamos confiar? Claro que que há! Mas é preciso estar
muito atento, de inteligência viva e aberta porque há mas, infelizmente, não
são muitos. Além disso, estes líderes democráticos têm
como hábito esclarecer e os outros preocupam-se apenas numa estratégia mais
fácil que consiste em convencer.
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