Existe no PSD e no PS uma
mentalidade de cerco, que se acentuou com a subida ao poder de políticos
profissionais, sem influência e prestígio na sociedade. A sua permeabilidade
com a opinião pública é escassa, porque o que conta é o que acontece dentro e os
poderes de dentro. São pessoas unidas pelo seu papel nas estruturas do partido,
onde se encontram todas as possibilidades e todos os riscos. Nem sequer muitas
vezes existe a pulsão de “ganhar”, mas essencialmente de conservar. Se por
acaso um desastre eleitoral coloca em causa o pool de empregos e lugares de
forma drástica, como por exemplo ocorreu em Vila Nova de Gaia – Porto, – e
muitas pessoas são simultaneamente dirigentes partidários e empregados pelas
autarquias do PSD, ou com elas fazendo negócios altamente rentáveis em termos
de “serviços” como consultadoria jurídica, encomendas a empresas criadas para
este mercado específico no âmbito da “comunicação” ou do marketing, – então
soam os sinais de alarme e parte-se para a guerra civil.
“Encolhendo” os lugares
disponíveis, vale tudo. Foi o que aconteceu com a pressa de encontrar
“traidores” nas listas autárquicas que se acelerou pela necessidade de colocar
fora do partido, antes de eleições internas, todos aqueles que podiam
personificar uma oposição vinda de dentro aos interesses instalados. A
especulação recente sobre uma hipotética candidatura de Rui Rio ajuda ao
acantonamento, até porque, como António Costa no PS, Rio não tem qualquer
chance no PSD dos dias de hoje, se pretendesse repetir aquilo que Passos Coelho
fez contra Manuela Ferreira Leite: a constituição de uma fracção organizada,
muito bem financiada (aí é que é interessante saber se há “barões”…) e usando
de todos os recursos, mesmo a manipulação das eleições internas, como se veio a
saber em recentes revelações de um dos obreiros dessa tomada do poder. Como se
vêem ao espelho é isto que temem, por que pensam que os "outros" irão
fazer como "eles".
Nenhuma mudança no PSD é hoje
possível de dentro, de tal maneira o aparelho partidário está controlado
ferreamente, e, mesmo de fora, com o apoio de um forte movimento de opinião em
que o eleitorado social-democrata tem um papel decisivo, não estou certo que
tenha sucesso sem grandes convulsões. Nem Rio, nem Costa, nem ninguém de bom
senso e que saiba como está a nossa democracia, quer herdar uma partidocracia
que muda de fidelidades apenas em nome da partilha de lugares e de benesses de
um cavalo morto, para outro mais vivo, logo com mais sucesso eleitoral.
Ambos sabem que em democracia os
partidos são fundamentais, mas as partidocracias são uma perversão. A chave
está pois de fora, de fora para dentro, ou, quando isso se revelar impossível,
seguir o caminho que Rui Moreira fez nas eleições autárquicas, onde foi eleito
com nem mais nem menos do que grande parte do eleitorado do PSD no Porto. A
chave está em encontrar forma de fazer emergir esse eleitorado, seja para o
partido formal, seja para o partido informal”. Só aí, os dois únicos homens,
Rio e Costa, que acumulam o raríssimo prestígio da acção política prática, nas
duas maiores câmaras do país, com o voto dos portugueses, podem lá chegar. Eles
são também a última oportunidade do sistema político partidário português
sobreviver. É uma grande responsabilidade.
José Pacheco Pereira
http://abrupto.blogspot.pt/2013/12/baroes-quando-vejo-alguem-falar-em_1910.html
Boa-tarde, é a primeira vez que entro neste blog, nem sabia da sua existência, nem sei quem foi o seu criador, mas acho uma excelente ideia. O único senão, é que pelo nome deveriam ser debatidos e comentados temas e assuntos da zona da Fonte das Negras. A cultura geral e os debates e opiniões gerais são lucrativas e cultivadoras, mas gostava que os temas sobre esta zona, arredores e vila de Campo Maior fossem debatidas e realçadas.
ResponderEliminarTemos o tema dos ciganos que sempre nos rodearam e irão continuar a rodear, mas neste caso e num concelho tão grande colocava ao critério dos “internautas” o PORQUÊ das terras vendida ou para venda á Camara Municipal serem do sogro do presidente Ricardo Pinheiro?
PORQUÊ as terras do Garrancho estavam á venda nos sites de internet e ASSIM que terminaram as eleições DESAPARECERAM da net?