terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

UMA LIÇÃO DE VIDA



Não tenho interesse e, para dizer a verdade, não me agrada muito, apurar das razões que me levam a ter determinados gostos ou a apreciar certos comportamentos. Esses exercícios de auto-análise não me levam nunca a conclusões que me tragam algum proveito ou virtude.
Vem isto a propósito do gosto que sinto no convívio com algumas, sublinho algumas, pessoas de idade mais avançada. Gosto particularmente das conversas que mantenho com um amigo que eu considero uma das mais interessantes pessoas com quem tenho o privilégio de poder conviver.
Sendo certo que, em muitas das nossas conversas, eu puxo assunto para que fale sobre a sua experiência enquanto professor, num destes dias, trouxe-me um escrito dizendo:

            - Olhe, meu amigo, aqui tem o que eu considero ser a melhor receita para fabricar um boa aula.

            Tomam-se, em partes iguais, uma boa dose de saber, outra de humildade. Juntam-se muito bem até constituírem uma massa homogénea. Tempera-se generosamente com dedicação, empenho e alegria. Autoridade q.b.
Prepotência e imposição, são condimentos que não ficam bem a este género de alimento: azedam-lhe o paladar; tornam-no pouco apetecido.
            Deixe-se a massa assim temperada em repouso activo para que levede. Depois cozinhe-se em lume médio.
            Sirva-se em banquete de não menos de 15, nem mais de 30 convivas. É indispensável que a degustação decorra em bom ambiente e em baixela adequada. 
             Acompanhe-se com o vinho suave da generosidade.
            Tem este pitéu duas notáveis características: Gosta-se tanto mais dele quanto mais vezes se prova; Produz nos que o provam uma agradável sensação de proveito e de bem-estar.

Fiquei muito desconfiado: acho que, o meu sábio amigo, dando-me uma receita de aula quis dar-me uma lição de vida.

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