São números conhecidos porque muito publicados que, enquanto cerca de 70% dos suecos confiam na capacidade e eficiência do seu governo e dos seus deputados, em Portugal apenas 22% afirmam confiar naqueles que foram eleitos para gerirem os interesses públicos ao mais alto nível da governação.
Não há como iludir a questão: Em Portugal, os políticos, de uma forma geral, são entendidos como pessoas que se candidatam aos cargos da administração pública, não com a intenção de servir mas com o objectivo de aproveitarem o exercício dos mesmos para se servirem do modo que for mais vantajoso e conveniente para o seu próprio interesse.
Aqui temos reflectida uma questão que costuma ser apreciada com alguma leviandade mas que que exige ser considerada com maior ponderação.
A má qualidade dos nossos políticos reflecte afinal a fraca qualidade de cidadania que temos enquanto povo. Porque, se são os piores que conseguem a eleição, quem os elege somos nós que não usamos os critérios mais adequados para fazermos uma boa escolha. Mesmo que pensemos que não há muito por onde escolher, sempre podemos optar pela abstenção, forma civicamente válida de demonstrar a nossa rejeição pelos candidatos que são apresentados á nossa escolha pela votação.
Por outro lado, consideremos a questão de outro ângulo: Porque será que os políticos mais preparados e melhor intencionados para bem servirem a coisa pública, se estão a afastar do exercício da política? Não será porque tendencialmente são escolhidos os políticos de menos qualidade? Não estará tudo relacinado com a impreparação política e com o baixo nível cultural do nosso povo?
E que dizer dos partidos? Que raio de associações são estas que mais parecem agências para angariar cargos e promover carreiras?
Para onde caminhamos nesta marcha sem destino, sem projectos e sem princípios orientadores do nosso destino colectivo?
São demasiadas questões , estas que se colocam quando pensamos no lamentável panorama político em que vivemos. Mas são perguntas necessárias. São as que podem e devem ser feitas antes que venham por aí os tais "salvadores da pátria" que tornarão impossível que tais questões sejam colocadas.
Ou será que actualmente já nem é preciso recorrer aos tais "salvadores" porque nos sabem tão desistentes e tão acomodados que nem precisam de se preocupar com questões que consideram de somenos importância?
Em que consiste de facto hoje o "jogo político"?
Que raio de sistema é este que parece ser feito para garantir o interesse de muito poucos através do esmagamento de todos os outros?
Será que já nem estamos interessados em exercer o nosso direito à indignação?
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