Desde há muito que tomei a opção de reservar apenas para mim os comentários que me vão enviando. Pouco me importam os que vociferam que se trata, segundo uns, de acto terrível de censura, segundo outros de uma grande cobardia.
Na verdade não foi por uma, nem por outra das razões acusadas que tomei a minha decisão. Trata-se para mim de uma razão que se situa a um outro nível, talvez mais comezinho, mas a que dou mais importância. Entendo eu que, quando tomamos a responsabilidade de publicitar mensagens, nos tornamos cúmplices dos conteúdos que elas emitem. E, francamente, quando um comentário alarve, boçal ou calunioso, implica o risco de atingir a dignidade de alguém, quando tem como objectivo lançar suspeição ou caluniar, eu tenho o dever de me impedir de servir de veículo a tais intenções.
Esclareçamos bem uma coisa: na maioria dos casos, as mensagens não são deste tipo; bem pelo contrário, costumam ser apenas apreciações, correcções ou contributos que sublinham ou complementam aquilo que escrevi. Mas, no meio de todas estas, basta o veneno de uma única barbaridade para desfazer todo o benefício que estas formas de comunicação tão livres e que tanto democratizam a troca de opiniões, podem propiciar.
Claro que isto implica que, por vezes, tenha de omitir mensagens que bem gostaria de divulgar. Mas, como entendo que os que me comentam já perceberam que é apenas comigo que estão a comunicar, as mensagens tornaram-se cada vez mais intimistas e até mais autênticas, por se saber, à partida que não serão publicadas. Em contrapartida, e com grande vantagem, as boçalidades e insultos quase desapareceram o que prova a sua intenção de usar o anonimato como forma de atingir. Eram agressões exibicionistas que pouco tinham a ver com comunicação. As que insistem, esbarram na barreira da minha intransigência em pactuar com "bacoradas". Se aqui chegam, aqui acabam, pois são de imediato apagadas.
Já me têm escrito que, com isto, terei menos leitores. Não é bem como pensam. Mas, mesmo que fosse, isso pouco me importava. Escrevo primordialmente pelo prazer que escrever me proporciona. Afinal, escrever estas pequenas e despretensiosas crónicas, é apenas uma forma disciplinada de pensar. E, já agora, porque não partilhá-las com os que estiverem dispostos a usar um pouco do seu tempo com a sua leitura?
Como esclarecimento devo confessar aquilo que alguns dos meus leitores já perceberam: algumas das coisas que tenho escrito foram-me sugeridas por mensagens que me enviaram. Aproveito também para agradecer alguns apoios e incitamentos. Além disso, se alguma vez for necessário ou de grande interesse, terei todo o prazer em divulgar qualquer comunicação que me enviem com indicação de que gostariam de a ver publicada.
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