A razão principal pela qual tem
havido sucessivas revisões dos valores do défice aceites pela troika é que o
governo não tem conseguido cumprir as metas que negociou já após o memorando
inicial. Não foi porque não tentasse, - tentou tudo, - não foi porque quisesse
abrir uma janela para o "crescimento", como a propaganda insinua. Foi
porque não o conseguiu, pelo irrealismo da sua política, que teve como efeito
destruir a economia que havia, para depois "surpreender-se" pelo
desemprego e a recessão, e os seus custos orçamentais. As sucessivas
"explicações" dadas para a sistemática revisão da meta do défice,
todas têm em comum esconder este dado essencial do falhanço próprio,
transformando em mérito o que foi um erro, e impedir que se façam muitas
perguntas incómodas sobre o presente e o futuro, ante e pós-troika.
José Pacheco Pereira no blog
Abrupto, postagem de 27.5.13
Comentário
Se os próprios comentadores da área do PSD denunciam a incompetência
deste “desgoverno”, que razões teremos para hesitar em mudar esta confrangedora
situação que nos arrasta para o abismo?
Será que nos conformamos na desesperança e na passiva aceitação da
nossa desgraça?
Por isso, apetece-me transcrever um excerto de poema em que o Comendador Marques Correia, parafraseando Miguel Torga, escreveu nas "Cartas Abertas", no Expresso de 18 de Maio:
Era uma vez, lá em Portugal, um primeiro ministro.
Feio bicho, de resto:
Um cara de burro sem cabresto
E de carneiro mal morto os olhinhos
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta dos velhinhos
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
o malvado,
Só por ter o poder de quem é primeiro-ministro,
Por não ter coração,
e ser de pensamentos mesquinhos
Mandou cortar nas reformas dos velhinhos...
Depois de tudo a que estamos a assistir, só apetece brincar coma este casos tão mesquinhos.
Era uma vez, lá em Portugal, um primeiro ministro.
Feio bicho, de resto:
Um cara de burro sem cabresto
E de carneiro mal morto os olhinhos
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta dos velhinhos
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
o malvado,
Só por ter o poder de quem é primeiro-ministro,
Por não ter coração,
e ser de pensamentos mesquinhos
Mandou cortar nas reformas dos velhinhos...
Depois de tudo a que estamos a assistir, só apetece brincar coma este casos tão mesquinhos.
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