Falam-nos dos gregos como um povo de loucos que, apesar de estarem à beira do precipício, continuam a esbracejar, a repudiar as condições de vida humilhantes e inaceitáveis que lhes querem impor. Talvez haja no seu comportamento uma acentuada dose de risco. Mas, será que lhes deixaram margem de escolha que não fosse a humilhante e calada aceitação de uma forma infra-humana de sobreviver?
E tentam convencer-nos de que a eles cabe toda a culpa por estarem no ponto em que se encontram... Que foram mandriões, inconscientes e desgovernados... Que aceitaram irreflectidamente viver acima das suas possibilidades...
Muito bem! Aceitemos que foram tudo isso!
Mas que devemos dizer e pensar dos que lhes andaram durante tantos anos a vender as ilusões em que se foram enredando?
Foi sensato seduzi-los com créditos, baratos e aparentemente ilimitados, para férias, luxos e regalias de "use agora e pague depois"?
Ou tratava-se de uma "estratégia de aranha" para melhor apanhar e devorar a presa?
E esses senhores que agora falam com desprezo daqueles que seduziram, que se consideram tão astutos e competentes, não tiveram competência para perceber que, com a sua ganância desmedida, estavam a matar a "galinha dos ovos de ouro"?
De facto, nesta versão, a culpa é toda duma galinha que se deixou empanturrar até sufocar.
Os gregos antigos tinham uma história muito significativa sobre a ganância. Um rei chamado Crussos, pediu aos deuses que lhe conferissem o poder de transformar em ouro tudo o que tocasse. E os deuses assim fizeram.
Mas o louco Crussos morreu porque chegou ao ponto em que já nem se conseguia alimentar.
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