segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

AUSTERIDADE?

O direito ao trabalho remunerado, a segurança social que inclua um sistema de saúde e um sistema de pensões e de reformas, bem como o acesso à educação universal e gratuita pelo menos até aos dezoito anos, são as condições fundamentais a garantir numa sociedade moderna e equilibrada para que haja alguma igualdade de oportunidades. 
Digo igualdade de oportunidades porque a igualdade real exigiria muito mais, pois não se pode garantir igualdade dando o mesmo a todos, mas dando mais àqueles que mais precisam, uma vez que, os que já têm bastante poderão não precisar de receber tanto, ou nem sequer necessitarão de qualquer ajuda. Para estes, a sociedade precisa apenas de garantir-lhes a segurança de pessoas e bens.
Em contrapartida, quando em situações de crise, se impõem sacrifícios iguais a todos, estão-se a criar condições de profunda injustiça, porque os que menos têm serão os que ficarão mais afectados pelas exigências que lhes são impostas. 
Aquilo que para uns pode ser entendido como austeridade, poderá ser para outros um autêntico austericídio.
Tirar um pouco a quem tem bastante, poderá causar algum desconforto. Mas, despojar ainda mais quem dispões de muito pouco, poderá provocar a destruição dos meios que lhe garantiriam as mínimas condições de sobrevivência. 
Ora, o que está a acontecer entre nós, começa a ser tão preocupante quanto isto: Em certas situações, já não se pode considerar que se estão a criar condições austeras de sobrevivência, porque, mais do que isso, se estão a retirar as condições para se poder sobreviver.
Portanto, já não devemos falar de austeridade mas de austericídio, ou seja, de aniquilação pelo despojamento total que anula a possibilidade da própria vida. Se houver gente a morrer, por causa de falta de emprego ou de assistência, é de austericídio que devemos falar.
 

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