Para entendermos este nosso tempo que, sem sombra de dúvida, é um tempo de profundas mudanças, temos de tentar entender a raiz, ou seja, a origem dessa mudanças.
Indo ao fundo da questão, acabaremos por perceber que a mudança radical, aquela que está a gerar todas as outras, diz respeito ao sistema económico, base das estruturas sociais.
Na verdade, a mudança que se tem vindo a concretizar, consiste basicamente na transição de uma economia centrada nos sectores produtores de bens para uma economia controlada pelo sector financeiro.
Ora, enquanto a economia centrada na produção de bens tem de considerar como fundamental o factor humano porque, ao mesmo tempo que é gerador de bens, é fundamental para assegurar a aquisição e consumo desses mesmos bens. Do jogo equilibrado entre estes dois momentos da actividade económica, resulta para alguns o lucro e para todos o conforto e bem-estar que resulta do acesso aos bens produzidos.
Se o sistema económico ficou dominado pelo sector financeiro, haverá tendência para o desequilíbrio porque deixa de se considerar como fundamental o factor humano, porque se constitui como dominante a acumulação de riqueza recorrendo a todos os processos que melhor e mais rapidamente favoreçam essa acumulação.
Repare-se como certos pressupostos começam a predominar nos mais diversos discursos: necessidade de reduzir os salários; encolher as despesas do Estado; retirar ao Estado as funções de segurança social, reduzindo-o a um instrumento de controlo da Lei e da Ordem Pública.
Numa sociedade assim, a concentração excessiva da riqueza tenderá a acentuar os desequilíbrios, tendendo para a rotura da própria sociedade. Todos sabemos que, em extremo, essa ruptura é gerada pela revolta, força geradora de todas as revoluções.
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