quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Que espírito de Natal?

A boa vontade que alguns assumem nesta quadra, contrasta com a fria indiferença que afivelam ao longo de todo o ano. Parece que só agora há pobres, há necessitados, há gente a viver nas ruas, há gente que precisa de ser vestida e alimentada. E ao longo de todo o ano? Não comem, não sentem frio, não necessitam de se abrigar?
Em certas atitudes caridosas há uma chocante hipocrisia que não deixa de suscitar grande revolta. Há ricos que, sendo incapazes de serem justos ao longo de todo o ano, são capazes de espaventosos actos de caridade nesta "santa época do Natal". Ora, como dizia Ghandi, "ver o que é injusto e não agir com justiça, é uma das maiores cobardias do mundo". Em certos casos, o Natal serve como uma espécie de mezinha espiritual que limpa todos os pecados que se fazem ao longo de todo o ano.
Mas não se conclua que há nestas palavras radicalismo. Há os que sendo ricos têm uma sensibilidade social que os leva a ter uma atitude solidária como empresários. São os que, por consciência social, são solidários durante todo o ano. Estes seguem aquele ensinamento muito antigo do sábio chinês., segundo o qual, para matar a fome de um homem, melhor que lhe dar um peixe é dotá-lo da capacidade de o poder pescar. Os  empresários que assim procedem são os que não precisam de mezinha para aliviar a consciência. 
De qualquer modo, mesmo para os hipócritas, é bom que seja Natal pelo menos uma vez por ano. Sempre alguém aproveita da necessidade que outros têm de fingir que se preocupam com o mal dos outros.
 

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