Há verdades que têm de ser ditas antes que seja tarde demais. Os partidos deviam integrar os que poderiam trazer para a política o seu saber, a sua competência e, sobretudo, a inteireza do seu carácter.
Mas, na realidade, passa-se exactamente o contrário: os partidos privilegiam os que se dedicam à política apenas com o fito de receberem o máximo de vantagens com o mínimo de esforço e sacrifício das suas pessoas.
Nos partidos, os que teimam em pensar pelas suas cabeças, com isenção e com independência, são olhados com suspeição. Mas, os que se vergam a tudo apenas com o objectivo de mais rapidamente progredirem, são consentidos e promovidos em recompensa da sua submissão. Isto, porque o que na verdade acontece é que os medíocres que lá estão, tudo fazem para impedir que lá entrem aqueles que eles sabem que são dotados de maior capacidade e competência.
Não se sobe num partido assumindo frontalmente crenças, convicções e criticas. A simulação e o servilismo são os instrumentos que melhor garantem o sucesso na vida partidária.
Se os partidos se fecham enquanto grupos organizados em volta dos seus caciques e dos interesses pessoais dos que os servem, não podem depois queixar-se de que as pessoas lhes voltem as costas e se desinteressem das suas "intrigalhas conspirativas".
Mas, se tudo isto já é grave ao nível do país, torna-se incrível se considerarmos o que se passa ao nível local. Aí, porque há sempre um cacique rival à espreita, aproveitando queixas e descontentamentos, a política resume-se em angariar clientelas e subserviências que garantam alcançar o poleiro embora não haja nem intenções, nem projectos para fazer mais e melhor do que estava a ser feito.
Sem comentários:
Enviar um comentário