Não deixa de ser preocupante pensar nos efeitos que esta crise pode trazer para o Alto Alentejo. É que, aqui, verdadeiramente, já tinha começado há muito tempo. As povoações têm definhado, perdido muita população e, sobretudo, têm mostrado uma enorme falta de recursos e de capacidade para resolverem os seus problemas. Claro que há excepções. Mas, em geral, a situação é preocupante.
Pensando no caso concreto de Campo Maior, vem-me à memória aquilo que tenho lido e ouvido sobre a situação que se vivia em Portugal antes do 25 de Abril de 1974. Parece ser evidente que a falta de preocupação que havia com os problemas sociais e culturais, e teria sido desastroso se não se desse o caso de existir no país uma instituição como a Gulbenkian que alguns consideravam ser o verdadeiro ministério da cultura e das questões sociais.
Vem isto a propósito das notícias que chegam da vizinha cidade de Elvas, onde o voluntarismo de um presidente de câmara dedicado à sua função, procura soluções para suavizar os efeitos da crise, apostando em investimentos em obras públicas, procurando soluções para evitar o agravamento do peso das obrigações fiscais para os habitantes e apoiando as associações que existem no concelho. Aí está um bom exemplo de acção política.
Campo Maior tem uma situação muito própria que me fez lembrar do papel desempenhado noutros tempos pela Gulbenkian. Aqui, a acção dum tecido empresarial, gera riqueza e postos de trabalho que tornam muito menos preocupante a situação. Por isso, a solução não terá de ser a de agir no sentido de combater o desemprego. Mas, em contrapartida, há antecedentes que exigem uma redobrada atenção agora que a crise está instalada. O problema dos gastos excessivos e injustificáveis que se tornou hábito na gestão municipal ao longo de décadas, tem de ser combatido. Há que avaliar bem o interesse e a necessidade de cada investimento. O tempo não vai para actividades de diversão quando há que garantir condições mínimas de subsistência para uma parte significativa da população. Basta de manias de grandezas que, criando compromissos financeiros absurdos, comprometem o futuro desta comunidade.
Os tempos que aí vêm exigem inteligência, empenhamento e seriedade na gestão dos dinheiros públicos.
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