Há umas décadas atrás, os bancos começaram a emprestar dinheiro aos construtores civis. Muitos mestres-de-obras, alguns que nem passavam de meros aprendizes de pedreiros, tornavam-se rapidamente prósperos empresários alardeando a sua súbita riqueza na espantosas e vistosas casas que construíam, bem à vista de todos e nas grandes e luzidias máquinas que exibiam pelas ruas e estradas deste país. Eram estes os homens de sucesso que muitos tratavam pela alcunha, nada agradável, de “patos bravos". Os prédios e as novas urbanizações nasceram como cogumelos, um pouco por todo o lado.
Mas o negócio só podia funcionar se houvesse quem comprasse as ditas habitações. Por isso, os bancos logo facilitaram o funcionamento do sistema oferecendo crédito barato aos que, para concretizarem o sonho de adquirirem casa própria, se endividavam comprometendo nisso parte dos seus rendimentos por uma grande parte das suas vidas.
Os bancos proliferaram e progrediram. Mas foi crescendo a chamada “bolha do imobiliário” que, qual bola de sabão, acabou por rebentar.
A certa altura, a torneira dos financiamentos a baixo custo começou a secar. Os juros cresceram. Os que tinham obtido créditos muito favoráveis, viam os seus rendimentos minguarem na razão directa do acréscimo dos seus compromissos. Os construtores ficavam com as casas por acabar ou por vender. A falência das empresas gerou os despedimentos em massa. A bola de neve começou a descer a encosta e não mais parou de aumentar.
Incapazes de cumprir as suas obrigações, as pessoas começaram a entregar as casas que não podiam pagar. Os bancos tornaram-se os maiores proprietários do parque imobiliário do país. Mas, como a sua função é a de “vender” dinheiro e não a de alugar casas, trataram de leiloar as que lhes eram entregues, a preços muito compensadores. Os que podiam comprá-las puderam fazer grandes negócios e trataram de arrendar as casas que tinham comprado a preços de saldo.
O ciclo fechava-se. Mas foram, como sempre, os mesmos a perder e os mesmos a lucrar.
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