Saí de Campo Maior já com o evento JARDIM DE PAPEL a ser desmontado. Portanto, é já com alguma distância no tempo que agora dou conta das minhas observações e reflexões sobre o acontecimento.
Primeiramente quero sublinhar que, de todas as tentativas de criar um evento local de base e com objectivos verdadeiramente populares, esta foi. sem sombra de dúvida, a mais conseguida.
Ao elaborar este texto, não podia ignorar o privilégio que tive de discutir isto com um amigo mais velho e mais sabedor destas questões e que, de forma clara e objectiva me chamou a atenção para vários aspectos que esta realização implica. Passo a referir alguns desses aspectos que retive da sua análise e interpretação:
1. Todas as tentativas anteriores tinham sido um desastre porque nem se enraizavam em qualquer tradição, nem estavam estruturadas para que pudessem ter sucesso;
2. Este evento, comemorando e homenageando a maior de todas as tradições da cultura campomaiorense -As Festas do Povo - estava à partida a garantir o sucesso;
3. A realização do evento no local em que foi realizado, convocou os campomaiorenses para colaborarem e conviverem num espaço estrategicamente localizado, deixando de haver qualquer sugestão de privilegiar a uma zona em desfavorecimento das outras: A Avenida ou Jardim, constitui um espaço neutro, ponto de encontro entre a vila velha e a vila nova.
4. Nesta tentativa, conseguiu-se dar vida à defunta e triste Feira de Agosto que de feira já não tinha nada e que como mercadilho era uma desgraça;
5. Com a morte confirmada da antiga feira, Campo Maior precisa de uma festa anual que traga até cá os que estão fora e, se possível, os próprios visitantes atraídos por este evento tão ligado à mais famosa das nossas realizações culturais.
De uma conversa que foi bastante longa, refiro apenas o que consegui reter de memória, sabendo que estou as omitir outros aspectos igualmente importantes.
Mas foram o ponto de onde parti para reflectir sobre esta questão que não quis deixar de partilhar através deste texto.
Claro que é preciso que os responsáveis, para além de terem ficado justamente embevecidos com os resultados, tirem daqui as ilações que possam dar força a uma ideia que, ficou provado, tem razão de ser.
Mas as ideias e os projectos são como as plantas: têm de ser cuidados tratados, estruturados e programados para que possam crescer e desenvolver-se. Tudo o que este ano possa ter sido feito na base do improviso e de desenrascanso, deve dar lugar à preparação ponderada e atempadamente preparada para que possam ser atingidos novos escalões de qualidade. Uma das coisas a repensar seria o nome Jardim de papel?
Seria pena que uma tão boa ideia se perdesse por inépcia, por descuido ou por desleixo. Seria uma grande derrota para os campomaiorenses e para Campo Maior.
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