O PAPA BOLCHEVISTA
Os blogues de “direita”,
“liberais”, “neo-liberais” e próximos do governo, que têm a vantagem de
escrever de forma nua e crua, muitas vezes imbecil e débil, aquilo que acham
que é melhor para justificarem tudo o que seja ataque aos mais fracos e defesa
do direito dos mais fortes no chamado “ajustamento”, têm agora um pequeno
problema: o Papa Francisco. Se não estivesse lá a assinatura do Papa, debaixo
de um título em latim, e os textos papais fossem publicados num blogue qualquer
tido de esquerda, choveriam os mais estridentes impropérios sobre o socialismo
despesista, o esquerdismo entranhado e doentio, o comunismo assolapado do seu
autor.
Não é que na Exortação
evangélica Evangelii Gaudium, o Papa descreveu o capitalismo como “uma
nova tirania” e, como Mário Soares, preveniu que a desigualdade e a
exclusão social "geram violência" no mundo e podem provocar
"uma explosão" (cito do Público)? E não é que falou do “trabalho
digno, educação e cuidados de saúde”, uma típica retórica esquerdista para
os nossos “liberais” de nome? E ainda por cima, para não haver ambiguidades,
culminou com esta frase difícil de engolir por eles: “Tal como o mandamento
‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje
também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia de exclusão e desigualdade. Esta
economia mata”. Como essa “economia” é a que defendem dia sim, dia sim, lá
terão que sussurrar que o Papa saiu bolchevista. E como o Papa foi escolhido
pela Espírito Santo, não será que Deus afinal é um esquerdista
anti-“ajustamento”?
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