Em geral, não tenho qualquer dúvida
em reconhecer que os chamados ditados populares encerram uma sabedoria que se
foi sistematizando ao longo de muitos anos, recolhendo a confirmação de
sucessivas gerações.
Ora, o ditado de que O CRIME NÃO COMPENSA, pressupondo que haverá sempre castigo
para o mal que foi cometido, encontra em mim grande desconfiança e rejeição.
Por isso, quando me coloco a
pergunta feita no título deste texto, o que consigo responder, com a melhor boa
vontade possível, será: Isso depende.
Mas, depende de quê? Em Portugal,
nesta época que estamos a viver depende de tanto factores que se torna muito
difícil enumerá-los. Podemos apenas apontar alguns por mais frequentes e mais
evidentes.
Comecemos por distinguir entre o pequeno crime e o grande crime. Porque se é verdade que ao nível do pequeno encontramos
por vezes reacções policiais, judiciais e penais que nos chegam a parecer
excessivas, quando passamos para o grande crime a complacência e a leveza do
castigo torna-se proporcional ao poder económico, político e social de quem os
pratica. Porque, o mesmo crime praticado por um desgraçado tende a sempre a ser
julgado e castigado com um rigor muito maior do que se usaria para julgar e
punir um poderoso. Sendo certo que, em grande parte dos casos, tenderá para a
complacência da Lei e para a impunidade da Justiça.
A complacência e impunidade chegam
mesmo ao ponto de se exibir pública e despudoradamente que se praticou o crime
e a intenção de se persistir em continuar a praticá-lo. Acham que exagero? Pois
bem! Estamos em plena pré-campanha eleitoral. Todos sabemos da corrupção que grassa
a todos os níveis da administração do Estado. Desafio-vos a prestarem atenção
aos que, embora sejam clara e comprovadamente conhecidos por actos de
corrupção, se vão alegre e impunemente recandidatar a cargos de gestão na
administração local.
É escandalosa a maneira como
alguém que lesou comunidades inteiras pela promoção de obras ruinosas para o
bem público se volte a candidatar anunciando como promessa que irão promover
mais obras do mesmo cariz. E isto com a complacência e a cumplicidade dos que
neles vão votar e com a segurança de que irão mais uma vez escapar à
fiscalização, responsabilização e castigo que as autoridades e os tribunais lhes
deviam aplicar.
Enfim… ainda que não nos conformemos,
podemo-nos lamentar, dizendo:
O TEMPORA! O MORIS, que podemos verter para português dizendo QUE
TEMPOS ESTES EM QUE NÓS VIVEMOS!
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