sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O CRIME COMPENSA?



Em geral, não tenho qualquer dúvida em reconhecer que os chamados ditados populares encerram uma sabedoria que se foi sistematizando ao longo de muitos anos, recolhendo a confirmação de sucessivas gerações.
Ora, o ditado de que O CRIME NÃO COMPENSA, pressupondo que haverá sempre castigo para o mal que foi cometido, encontra em mim grande desconfiança e rejeição.

Por isso, quando me coloco a pergunta feita no título deste texto, o que consigo responder, com a melhor boa vontade possível, será: Isso depende.
Mas, depende de quê? Em Portugal, nesta época que estamos a viver depende de tanto factores que se torna muito difícil enumerá-los. Podemos apenas apontar alguns por mais frequentes e mais evidentes.  
Comecemos por distinguir entre o pequeno crime e o grande crime. Porque se é verdade que ao nível do pequeno encontramos por vezes reacções policiais, judiciais e penais que nos chegam a parecer excessivas, quando passamos para o grande crime a complacência e a leveza do castigo torna-se proporcional ao poder económico, político e social de quem os pratica. Porque, o mesmo crime praticado por um desgraçado tende a sempre a ser julgado e castigado com um rigor muito maior do que se usaria para julgar e punir um poderoso. Sendo certo que, em grande parte dos casos, tenderá para a complacência da Lei e para a impunidade da Justiça.

A complacência e impunidade chegam mesmo ao ponto de se exibir pública e despudoradamente que se praticou o crime e a intenção de se persistir em continuar a praticá-lo. Acham que exagero? Pois bem! Estamos em plena pré-campanha eleitoral. Todos sabemos da corrupção que grassa a todos os níveis da administração do Estado. Desafio-vos a prestarem atenção aos que, embora sejam clara e comprovadamente conhecidos por actos de corrupção, se vão alegre e impunemente recandidatar a cargos de gestão na administração local.
É escandalosa a maneira como alguém que lesou comunidades inteiras pela promoção de obras ruinosas para o bem público se volte a candidatar anunciando como promessa que irão promover mais obras do mesmo cariz. E isto com a complacência e a cumplicidade dos que neles vão votar e com a segurança de que irão mais uma vez escapar à fiscalização, responsabilização e castigo que as autoridades e os tribunais lhes deviam aplicar.
Enfim… ainda que não nos conformemos, podemo-nos lamentar, dizendo:
O TEMPORA! O MORIS, que podemos verter para português dizendo QUE TEMPOS ESTES EM QUE NÓS VIVEMOS!


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