“Trabalhar a linguagem, transformá-la, usá-la como instrumento de
poder, sempre foi marca de qualquer poder. Este Governo, sustentado por uma
máquina de comunicação composta por centenas de assessores e apoiado por
agências de comunicação especialistas em manipulação da opinião pública, tem
sido perito neste campo, talvez aquele em que a sua competência menos pode ser
beliscada. Parecem imparáveis, porque perderam toda a vergonha e limitam-se a
continuar, a manter-se no poder, é essa a sua única preocupação - com o
objectivo de implementação de um programa ideológico de empobrecimento e de
aprofundamento das desigualdades sociais. A linguagem pavimenta o caminho para
as próximas eleições, e tudo será dito, e o seu contrário, para a reconquista
do poder e a manutenção do status quo. Servir o
povo, o ideal da democracia, é apenas um pormenor da História. Uma chatice.”
(Sérgio Lavos, in Arrastão)
A propaganda é o instrumento
privilegiado dos políticos, porque ela lhes permite desenvolverem as suas estratégias
da forma que melhor lhes garanta a consecução dos objectivos que pretendem
atingir.
Claro que as deficiências
culturais da população criam o ambiente favorável para que prospere a
manipulação. A ausência de sentido crítico e a indiferença generalizada
potenciam a proliferação de uma aceitação de propostas que vão exactamente no
sentido contrário aos interesses daqueles que consente ou apoiam os absurdos
projectos que lhes vão sendo apresentados como se fossem formidáveis soluções.
Tudo isto dá uma arrepiante
actualidade á afirmação de Eça de Queiroz em O Conde de Abranches:
Este governo não cairá, porque não é um edifício.
Sairá com benzina, porque é uma nódoa.
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